[Solo-B] – Um novo hobby

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[Solo-B] – Um novo hobby
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Luna

Meishu Mizukage

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Cuá Cuá Cuá Cuá
"Que tal aquela?", ela questionou enquanto caminhava, o indicador em riste na direção de uma planta com frutinhas roxo-escuro na encosta. "...pela milionésima vez, mulher..." a voz zangada e profunda ressoou em sua mente. "...por que nos sete infernos eu saberia?..." ela manteve o passo, enquanto dava de ombros. Sua expressão alegre estava inabalável. "Você vive se gabando por estar vivo desde que o mundo inteiro era só mato, achei que conhecesse tudo que se havia para conhecer", disse, denotando a provocação na frase. Shukaku bufou, o orgulho facilmente ferido. "...aquela ali é uma beladona, extremamente venenosa..." respondeu por fim. "Oh-ho, então ele sabe!", ela sorriu, e alargou ainda mais este ao sentir as emanações de ódio vindo da Besta. "Parece ter muito dela por aqui", continuou, serena. "...o ambiente é propício, e todo esse clima lúgubre deve favorecer o crescimento..." respondeu, ainda emburrado. Verdade ou não, ela optou pelo silêncio, refletindo sobre aquelas informações. À essa altura já sabia que diversas plantas carregam consigo toxinas, das mais leves até as mortais; curiosamente, uma maneira fácil de identificar qual era qual era justamente pela beleza das flores: quanto mais atraentes e chamativas, maiores as chances de matar uma pessoa com apenas um toque descuidado.
A natureza era linda, ela notava.
Linda e implacável.

Dedilhou os dedos da destra por sobre o antebraço esquerdo, um gesto automático enquanto a mente se concentrava. Mais alguns metros e então algo chamou sua atenção. Se abaixou, ficando sobre os joelhos, recolhendo, com extremo cuidado, algumas ervas de coloração branca que cresciam ao redor de uma rocha de granito coberto por musgo. Cicuta, logo reconheceu, um sorriso a enfeitar o canto de seus lábios. Guardou em sua bolsa e bateu com as palmas umas nas outras, espanando a sujeira. "...ainda é difícil imaginar você fazendo esse tipo de trabalho..." a voz do tanuki soou novamente, agora mais calma. Ela quedou a cabeça por sobre o ombro esquerdo, sentindo o pescoço estrala no processo. Se alguém tivesse sugerido, algumas semanas atrás, que Ogosho Mei estaria com as mãos enfiadas na terra e se divertindo, essa pessoal seria chamada de louca. Ainda assim, ali estava ela. Feliz.

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Descrição: Uma cabaça simples, de tamanho médio, que normalmente fica amarrada na lateral do corpo do portador. Possui gravado o kanji para "Escuridão" (冥) e "Nuvem" e (雲) um de cada lado. Consegue comportar até 3000Un de areia.
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Luna

Meishu Mizukage

Dom 11 Set - 14:01

Cuá Cuá Cuá Cuá
Uma rocha plaina, encontrada por acaso entre as várias que haviam espalhadas pelo Monte, e movida pelas mãos da Renegada fora trazida e equilibrada sobre outras duas menores, formando uma mesa. A superfície não era tão nivelada quanto ela poderia ter desejado; mas, considerando sua nova e atual situação, Ogosho sabia que não estava em posição de exigir muito conforto – o que não a impedia de torcer o rosto. Havia se mimado muito ao longo dos anos, notava agora.

Várias ervas estavam espalhadas por sobre a pedra, de toda sorte de cores e odores, colhidas aqui e lá por todo o Monte. Usando uma kunai ela separava as folhas e as picotava, enquanto com outra esmagava para extrair a seiva para análise. Três noites se passaram sem que mulher sentisse sono, graças a empolgação que preenchia sua mente – e, é claro, a sua condição física especial sobre-humana proporcionada por ser uma hospedeira de uma bijuu. Ao seu lado esquerdo jazia uma pilha de pequenos roedores mortos, desde ratos a coelhos de pelo cinzento, capturados pelos arredores e usados como cobaia. Os Corvos pareciam felizes em auxilia-la nessa parte do trabalho; ela sempre soube da reputação ruim daquelas aves, mas não deixou de se surpreender ao constatar que pareciam se divertir com os animaizinhos guinchando e morrendo, espumando enquanto o veneno lavava a vida de seus corpos. Ela própria não sentia nada. Após tantos anos como kunoichi, uma vida inteira destinada apenas ao assassinato de seus iguais, talvez tenha se tornado insensível ao sofrimento em doses tão baixas, como a vida de um simples animalzinho de campo.

E isso, mais uma vez, fazia sua mente divagar em sua mais nova e recorrente pergunta. Relembrando da maneira como conduziu seus últimos vinte anos em uma carreira que nunca foi seu sonho ou lhe trouxe qualquer sombra de felicidade, Mei se questionava: "Eu aproveitei minha vida, ou apenas desperdicei meus dias?"

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Meishu Mizukage

Dom 11 Set - 16:20

Cuá Cuá Cuá Cuá
O crocitar anunciava a chegada do "correio"; sem remover os olhos da mistura sobre a mesa, sua destra se elevou ao alto, por cima da cabeça, e com um movimento ágil da mão agarrou o pequeno animal que fora largado pelo corvo. Seus dedos se fecharam ao redor do roedor, afundando nos pelos e sentindo o calor que emanava do pequeno corpo, enquanto este guinchava e se debatia em desespero. Finalmente direcionando seu olhar a ele, o suspendendo pelo rabo à frente do rosto, Mei analisou seu tamanho, peso e condição física, unicamente para se certificar que estava em boas condições para o experimento. Repentinamente ela franziu o cenho, como se atingida por um súbito pensamento. "Você não se incomoda?", o questionamento foi lançado para a Besta em seu interior. "...com o quê?..." devolveu a pergunta, soando confusa. "Você não é um tipo de roedor também? Quero dizer, parece um guaxinim com sobrepeso", disse, no mesmo tom de quem fala sobre o tempo. O ratinho em seus dedos guinchou ainda mais ao sentir o ódio da bijuu fluindo para o exterior. "..EU NÃO TENHO SOBREPESO, EU TENHO OSSOS LARGOS, JÁ FALEI ISSO!..." gritou em sua mente, a fazendo levar a mão livre até a têmpora. "Ai, ai, ai, não faça isso. E assim, você nem tem ossos, é feito totalmente de chakra", ela continuou, recebendo uma nova torrente de insultos da parte dele. Por fim sorriu, demonstrando estar satisfeita pela reação alcançada. "Só estou brincando, eu sei que não se importa com ninguém", disse. Ele bufou, escolhendo ficar em silêncio. Voltando ao trabalho Mei prendeu o pequeno animal entre a mesa e sua palma aberta, deixando apenas a cabeça de fora. Com a canhota recolheu, na lâmina da kunai, a pasta que havia criado com a mistura de diferentes ervas, escolhidas cuidadosamente por seus efeitos já testados, e a forçou peça boca do rato. Ele continuou a se debater, lutando por mais cinco, dez minutos inteiros, enquanto ela apenas o segurava, observando-o, uma calma fria no olhar. Então, parou Um último guincho antes que seu coraçãozinho deixasse de bater, espuma saísse pela boca, e por fim estava morto.

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Meishu Mizukage

Dom 11 Set - 19:52

Cuá Cuá Cuá Cuá
Os dias avançavam; a cada nova noite Mei ia se deitar com mente fervilhando com os novos conhecimentos do dia. Seu corpo sentia falta do quarto em Kumogakure, da imensa cama e do travesseiro de penas. Os músculos doíam pelas noites de desconforto sobre o rocha fria, as juntas estrelavam sempre que se movia pela manhã, e o frio que descia pelo pico do monte fazia sua pele alva se arrepiar. Entrementes, estava feliz – uma afirmação que por anos não teria sido capaz de fazer com a sinceridade de agora. Sentia-se livre, em paz consigo mesma. Não apenas isso, seu mais novo "hobby", ela descobriu, mantinha sua mente ocupada e focada; o trabalho, a sensação de avanço progressivo, traziam efeitos terapêuticos em seu psicológico. Tal como já havia refletido por diversas vezes, a carreira no Mundo Shinobi nunca foi de seu agrado e nunca lhe trouxe nada além de dores e perdas. Por uma brincadeira do destino Ogosho havia se tornado forte – muito mais forte do que jamais havia sonhado –, de modo que, tendo se decorrido vários anos, sentia que não poderia fazer mais nada na vida além de manter seu lugar na interminável carnificina entre as Grades Nações. Agora, era diferente. Mesmo que estivesse, incialmente, usando suas novas descobertas para trazer a morte na forma de venenos e outras composições menos letais, a descoberta de que poderia ser outra coisa que não tão somente uma arma de destruição em massa nas mãos de um Senhor Feudal lhe trazia uma sensação de alívio. Talvez, afinal, houvesse outro rumo que ela poderia seguir em sua vida. Um que fosse escolha sua.

Essa sua ideia ganhou forças ao descobrir que as ervas, mesmo aquelas poucos que encontrava por aquele lugar sombrio, não eram apenas ferramentas para se arrancar a vida; sua compreensão ainda era baixa, sentia que precisaria de melhores estudos, talvez uma estrutura melhor, onde pudesse se desenvolver com maiores horizontes, mas ela já havia feito algumas descobertas interessantes. Dentre elas, a de que as mesmas plantas usadas para matar também poderiam serem usadas para curar. A mesma flor cuja seiva havia ceifado diversos roedores, caso misturada com os ingredientes corretos, era capaz de anular o próprio veneno. Morte e Vida, uma diarquia que imperava sobre a natureza. Com um pirulito açucarado nos lábios, um dos últimos de seu estoque, olhou para suas mãos, por diversas vezes ao longo da vida havia repetido esse ato, e em todas, sem exceção, enxergava apenas o vermelho escarlate. Ver que agora estavam manchadas por cores que iam do verde-musgo ao amarelo canário, uma miríade carnavalesca das mais diversas fontes, fez com que um sorriso brotasse no canto de sua boca.

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Ter 13 Set - 20:23

Cuá Cuá Cuá Cuá
Enrolou os pergaminhos e os guardou na bolsa, junto a todas as outras anotações que havia feito. Olhou para a pilha de animais mortos, há muito em decomposição, e franziu o nariz pelo mal cheiro. Haviam mais de cem, disso ela tinha certeza, entre ratos do campo, coelhos e animais de sangue frio, como lagartos e algumas espécies de cobras. Todos capturados pelos corvos, que tão atenciosamente responderam às necessidades da Caçadora de Imortais. Seus sacrifícios não foram em vão; Mei seguiu com seus estudos sem dar atenção as idas e vindas do tempo. Dias rapidamente se tornavam semanas, e semanas ameaçavam se tornarem meses. A cada dia sentia o saber crescendo. A cada nova informação os horizontes de expandiam para novas possibilidades, e ela era capaz de sentir aquela cosquinha no cérebro, aquela sensação boa e reconfortante de se estar aprendendo algo novo. Sua mente se desenvolvia tão rápido as informações chegavam a ela. O genocídio de pequenos roedores poderia ser perdoado, mediante o potencial ilimitado que estava alcançando.

Ogosho explorou todas as ervas do Monte dos Mortos, seus efeitos e combinações – destarte que não havia mais como continuar progredindo sem que deixasse a morada lendária de suas invocações. Aprendeu que uma mesma flor carregava um número quase infinito de efeitos alquímicos, precisando apenas de mãos que que soubessem manuseá-la; e ela aprendeu na prática, sem ajuda de livros ou pergaminhos empoeirados, sem o conforto e facilidade de uma biblioteca. Por isso, talvez, a sensação fosse ainda mais doce em seu âmago; o corpo gritava em protesto contra as noites mal dormidas, o estômago doía por estar se alimentando apenas daquilo que conseguia colher, mas cada uma dessas sensações vinha junto da certeza de que sua nova conquista era mérito exclusivo seu. Ela provou – talvez, para si mesma – que não precisava estar filiada a uma grande aldeia, ou na sombra de um Herói, para alcançar seus objetivos.
Ali, não era mais Mei, a Jinchuuriki do Ichibi. Não era mais Mei, a Yokai, ou Mei, a Caçadora de Imortais.
Era apenas Mei, a Herbalista.

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