ー Neurologistas parecem ter em suas mãos tanto os psiquiatras quanto os neurocirurgiões. Uma batalha intelectual em tanto. Interessante, sem dúvidas. ー Divagava sentado em um banco público de Kumogakure, respirando aquele ar rarefeito típico das regiões próximas das nuvens, como eram as construções e regiões habitáveis do vilarejo. Transeuntes vagavam pelas ruas da vila, numa estação úmida, com uma sensação climática frígida. Eu conseguia ver a distância algumas poucas crianças divertindo-se entre vários espirros, possivelmente gripadas por estarem mal agasalhadas. Entre meu dedo polegar e indicador, um livro apoiava-se, novamente uma obra sobre psicologia, temática que despertava meu interesse subconscientemente. Todavia, hoje eu não estava buscando desenvolver minhas habilidades cognitivas, ao menos tratando-se unicamente da minha própria saúde mental, eu buscava aumentar minhas habilidades físicas. Durante o Chūnin Shiken, o uso de qualquer técnica resultava em fadiga muscular, deixando-me arfante, incapaz de dar continuidade as lutas. Meus olhos mal eram capazes de acompanhar os ocorridos dos eventos, me restando apenas utilizar de todo meu limitado arsenal. Isso tudo me motivou a treinar meu corpo, ter uma integridade física capaz de aguentar todas as situações que os shinobis são obrigados a confrontar em suas vidas. Eu não pretendo morrer em campo de batalha, então minha melhor e talvez única opção é suar nesse solo arenoso das regiões montanhosas da aldeia da nuvem. Passando em uma loja de conveniência aberta naquele horário da tarde, eu compro uma garrafa d'água e parto para uma caminhada. Uma atividade simples como essa tem benefícios surpreendentes, tais como melhorar a circulação de sangue e aumentar a eficiência dos pulmões. Como cidadão de Kumogakure, somos naturalmente propícios a respirar mesmo em altitudes tão elevadas, então treinar minha resistência em um lugar como esse me traria recompensas em dobro. Em intervalos de tempo variados, eu paro em dos vários pontos da vila para um repouso de alguns breves minutos, bebo alguns goles e continuo a caminhada. Não tinha intenção de pressionar meu corpo além do limite, então tive preferência em selecionar um treinamento de baixa intensidade para adaptar. Eu não estava contando as horas passarem, apenas tentando focar unicamente no quão longe consigo ir. Dessa forma, posso afirmar ter chego em meu limite sem ser persuadido por um intervalor maior que o programado ou pela desistência. O passeio também serviu como um bom guia turístico. Eu não conhecia uma boa rota para a caminhada, então tive de atentar-me para onde eu estava indo, podendo me perder entre as ruas da aldeia caso contrário. A umidez atmosférica refrescava-me os lábios quando ressecados, e as brisas que batiam em meus cabelos secavam as gotas de suor que escorriam pela superfície da minha testa. Quando o céu começou a escurecer, sabia que aquele era o momento perfeito para ter um devido descanso, repousar após tanto exercício físico.

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ー Bom, melhor isso do que nada. Um bom ponto de partida. ー Digo ajeitando um pequeno objeto, um vaso de flor com algumas de plástico sobre uma estante logo acima da minha mesa de cabeceira. Eu havia feito uma organização única em minha casa, ao estilo esquizofrênico habitual de Yukikitsune Kaonashi, mas agora algo um tanto menos extravagante. Eram nove horas da manhã. Eu pude vislumbrar a aurora formar-se bem de perto, com os feixes de luz refletindo sobre a superfície de cerâmica de um jogo de xícaras de grés porcelânico. O jogo estava sobre uma mesa de centro bem no meio da sala de estar, e junto a ele, uma bula farmacêutica de alguns antipsicóticos que havia sido remetido a mim, com um bule servindo de peso de papel. Eu estava sentado com as pernas cruzadas na minha cama, com o edredom dobrado por minha cintura, meu shamisen em meu colo, uma lata de cerveja amassada e algumas folhas de partitura. Eu estava compondo uma melodia que até então não tinha conseguido dar partida, mas minhas ideias começaram a fluir de forma volátil. Deixando meu instrumento musical de lado, isso é, guardando-o cuidadosamente em uma bolsa acolchoada, eu me visto e saio de casa, já que estava sem camisa e o clima está hostil demais para sair desagasalhado. Eu estava buscando aliviar minha mente, deixa-la confortável para algumas várias horas num lugar que tinha reservado especialmente para esse dia. Eu buscava melhorar a velocidade com que produzia selos de mão, uma destreza manual crucial, principalmente para um compositor que mais do que qualquer um, necessita de uma prestidigitação acima da média. Minhas visitas constantes a biblioteca haviam feito eu conhecer a bibliotecária das manhãs, uma mulher simpática mas com um hálito tão exageradamente gélido que é como encostar as costas na parede do banheiro enquanto toma banho, fruto daquelas malditas gomas refrescantes. Ao entrar na biblioteca, sentando-me na mesa que solicitei previamente, começo a estudar o uso dos selos de mão. Em suma, são dobramento das mãos, tais como o origami, que permitem um controle mais acurado do fluxo de chakra em nosso sistema circulatório durante a execução de uma técnica. O básico já estava gravado em minha mente como a impressão de um símbolo em ferro quente, então, me poupei a um exercício de memorização. Com os selos em minha mente, comecei a realiza-los em sequência para coordenar o direcionamento de chakra entre meus tenketsus. De ponto em ponto, o balanço de chakra era como a cinesia de um barco em pleno mar agitado. Não tardou, o sol mantinha-se em minha cabeça, algo que estranhou-me a princípio, já que havia estimado possivelmente horas de treinamento, mas meus conhecimentos prévios bastaram para um melhor entendimento dessa arte. Colocando os livros nas prateleiras, me retiro do local ainda fazendo os selos manuais durante o trajeto até minha casa.

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— Tá, acho que isso está bom. — Esfregando a ponta do lápis sobre o papel, digo, com um feixe de luz que reluzia sobre a janela do meu quarto, que tocava a superfície da folha e brilhava o contorno preto do grafite. Na folha, diversas notações, uma composição musical recém terminada.  Haviam alguns restos de borracha em minhas roupas, principalmente por entre os fios do carpete, eu havia passado longas horas escrevendo. Eu sentia como se minhas costas estivessem sendo alfinetadas, eu preciso urgentemente corrigir minha postura. Levantando-me e arrumando minhas coisas, o que levou alguns segundos a mais devido a queda da pressão ao tocar meus pés no chão, eu me retiro do quarto, indo em direção a cozinha. Lá, eu preparo algumas refeições rápidas, com legumes em sua grande parte, além de uma garrafa d'água. Em seguida, visto-me de forma mais confortável, retirando meu respirador químico e deixando-o apoiado sobre minha mesa de cabeceira. Por fim, andejo até a porta, abrindo-a e respirando o ar rarefeito das províncias montanhosas de Kumogakure no Sato. Normalmente, não seria de minha preferência sair de casa para um exercício físico, entretanto, me via na obrigação de realizar um. Meus dias tornaram-se um tanto atarefados, em excesso se me permitir uma palavra ousada, logo, devo responder na mesma intensidade tratando-se de minhas próprias habilidades. Havia uma vagarosa garoa caindo do céu, com uma luminosidade singela típica do período da manhã. Do lado de fora, inicio treinos simples de alongamento e movimentos ágeis que facilmente drenavam meu fôlego, e em sequência, faço uma caminhada pelas ruas de Kumogakure. Meu objetivo era ampliar minha resistência física, aumentando meu fôlego e me permitindo executar uma maior quantidade de técnicas durante um combate, atributo este que durante muito tempo representou minha principal limitação, uma fraqueza que não desejava manter. Durante a caminhada, mantive um ritmo lento, mas culminar todos os exercícios de uma única vez fora o suficiente para deixar-me arfante e com suor escorrendo pelo meu corpo: — Merda... De... Corpo... Fraco... — Digo entre longas pausas para inspirar, o que deixou-me com pontadas de dor no lado direito do estômago, me obrigando a parar alguns minutos antes de continuar a caminhada. Minhas técnicas de exercícios físicos não são coordenadas ou táticas, são apenas impulsos, então tenho mais pena daqueles que me viam correndo pelas ruas do que de mim mesmo, um garoto pálido, de cabelos desarrumados e vestes extravagantes, correndo como se minhas pernas estivessem deslocadas e meu corpo fosse um pêndulo. De fato, não foi o melhor dos meus momentos, mas ao menos estava tendo resultados, com o fortalecimento de meus pulmões. Ao término, o que levou ao menos uma hora completa, retorno para minha caso para higienizar meu corpo suado e lavar minhas roupas, tendo um merecido descanso após esse momento.

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