taichi acordou cedo sem razão alguma naquele dia. antes mesmo dos primeiros raios de sol cortarem o céu e iluminarem o horizonte, o garoto já estava fora da cama com roupas perfeitamente alinhadas e café da manhã tomado. determinou que o arroz e o tofu seriam suficientes para mantê-lo em pé, mas separou algumas moedas para o lanche, caso viesse a precisar.

saltando pela janela com uma cambalhota no ar, taichi pousou sobre o telhado do seu vizinho, os pés alcançando a caixa d’água. ali ele sentou de pernas cruzadas, entre os varais adornados com vários lençóis brancos, e assistiu à alvorada romper a paisagem, provocando filetes de luz entre a neblina densa de uzushiokagure como se as mãos de um artista pintassem o próprio céu.

taichi sentiu as correntes de ar passarem pelo seu rosto, acariciando seus cabelos, cantando em seus ouvidos. a solitude era um sentimento agradável, taichi pensou, e era difícil consegui-lo quando se morava no meio da aldeia, quando os cidadãos estão acordados e afoitos, sempre tão ocupados com a própria vida para terem tempo de olhar para cima e aplaudir o sol.

seu pensamento se fez matéria quando a dona da casa onde estava sentado apareceu na cobertura para recolher os tecidos. acenou para ele, o sorriso gentil no rosto, o qual taichi retribuiu. as perguntas casuais vieram para preencher; como tem passado? perdeu o sono de novo? tem visitado seu pai?

taichi respondeu todas as perguntas da melhor forma que pode, prezando pela educação como respeito a senhora, mas não demorou para se desvencilhar da conversa trivial. jogou-se pela lateral da casa para o breu de um beco estreito, e caiu em pé, flexionando os joelhos para amortecer o impacto, as palmas das mãos encontrando o chão como um gato. sua mobilidade estava melhor, ele percebeu – aquilo seria útil para a sua missão.

a missão!

taichi propositalmente mal havia se lembrado dela desde que acordara. ocupou a sua mente com pensamentos e emoções pertencentes ao presente, atento para cada detalhe do que via e fazia para que sua cabeça não se perdesse nas projeções do futuro. uma criança ansiosa ele era, por mais que tentasse não demonstrar.


seguindo a tática que havia estabelecido desde cedo, ele havia se ocupado com pequenas coisas para não perceber o tempo passar. atarefou-se com outras missões pequenas, como passear com cachorros e ajudar com a manutenção da vila, tomando cuidado para não fazer nada que desgastasse o seu corpo em demasia. precisaria de toda a sua força para a verdadeira responsabilidade que se seguiria.

seria a sua primeira missão com outra pessoa, situação que taichi ansiava e há muito se preparava. queria demonstrar o seu valor, conhecer outros ninjas, fazer amigos... mas ele também não sabia o que esperar. não tendo um contato prévio com o seu futuro parceiro, ele só poderia fazer suposições sobre quem seria akachi.

taichi ainda brincava de imaginar o rosto e a personalidade do outro genin quando se aproximava do local de encontro. o dia voltara a ficar silencioso como inferência do descanso da vila, e taichi se sentiu grato por isso. ao longe, pouco enxergava, mas tentou não se incomodar – não era fã da noite, mas tentaria dar o seu melhor ainda assim. ouviu passos, e virou-se para conhecer seu dono, um meio sorriso como cumprimento.

– oi! sou taichi.

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