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   ㅤAinda era manhã e Kiyomi acordava para mais um dia de missões. Hoje não estaria acompanhado de sua equipe, na verdade, nem se quer sabia o que eles estariam fazendo, mas tinha ciência que em breve iriam se encontrar.
   ㅤO jovem levantava da cama, escovava seus dentes, comia alguma refeição leve e trocava suas roupas, completando enfim seu ritual matinal, para poder dali cumprir uma das missões na qual tinha sido designado. De preferência, a mais simples.
   ㅤAgora com vestes apropriadas - uma camisa simples preta de manga curta com o brasão de Uzushiogakure nas costas (em memória dos antepassados do seu clã), shorts pretos e sandálias shinobis, além de sua bandana de Konohagakure rente a sua testa - o garoto corria, apressado como sempre, em direção à Academia Shinobi. Chegando lá, foi aconselhado a procurar o professor responsável por designá-lo em sua tarefa.
   ㅤ– Akira... Akira... Aki-... – ia o caminho todo repetindo, em meio ao ritmo acelerado de seus passos, a palavra que não poderia esquecer; o nome do professor que deveria falar para que passassem sua tarefa.
   ㅤO Uzumaki estava empolgado para a missão, afinal, nunca foi um bom aluno na graduação e sentia que agora poderia se redimir dos seus pecados e talvez, quem sabe, impedir algum aluno de acabar sendo desleixado como ele era.

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   ㅤChegando aos arredores do local Kiyomi já se deparava com aquela cena familiar. Havia crianças correndo, balanços ocupados, muita terra e sujeira... Ah, do jeitinho que o Uzumaki gostava. Passando-se alguns segundos que o genin encarava aquela cena e recordando-se no passado na academia, que tiveram seus altos e baixos, o ninja entrava no local.
   ㅤ– Ashura...? Não, não. Shura...? Acho que não... Qual era mesmo o nome? – tentava se lembrar enquanto andava lentamente, por um dos corredores do local, até o momento em que esbarrava com um homem alto, de cabelos escorridos e brancos e com barba também branca. O homem parecia ter certa idade, mas tinha boas condições físicas e Kiyomi reparava também que ele levava consigo uma bolsa de armas ninjas.
   ㅤ– Ah, desculpa, senhor! Não quis esbarrar – falava calmamente, passando convicção de que não havia sido intencional – Inclusive, estava procurando um tal de Kira-sensei, você conhece? – concluía, com dúvida se havia acertado o nome.
   ㅤ– Você está falando de Akira? Pois, se estiver, sou eu mesmo – olhava o garoto, reparando em sua bandana – Você deve ser o genin que encarregaram para me ajudar, correto? Pois bem, me siga – dizia, começando a andar em direção ao local destinado.
   ㅤAkira levava Kiyomi para sua sala, pedindo que entrasse e fechasse a porta. Kiyomi assim fazia. Lá, Akira indagava o que esperava do genin.

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   ㅤ– Pois bem, estamos tendo um problema com uma classe que alunos que está bastante desinteressada no ensinamento shinobi e meus superiores falaram que iam mandar alguém, como eu posso dizer... – Akira interrompia sua fala, olhando para o “nada”, parecendo estar procurando as palavras corretas para dizer aqui.
   ㅤ– Nossos superiores falaram que iam mandar alguém, bem... Algum genin que era estudante há pouco tempo e foi aprovado, mas que está superando as expectativas, me entende? – o professor ria um pouco – Enfim, achamos que você vai conseguir conversar com nosso público e queremos que você tenha um horário de aulas com eles hoje sobre suas experiências, certo? – dizia para o Uzumaki enquanto estendia a mão, esperando que ele a apertasse concordando com os detalhes da missão.
   ㅤKiyomi estava um tanto confuso. Aquilo era bom ou ruim? Ele foi escolhido pra uma missão por não ser um bom aluno, mas, por outro lado, estava ali por ter conseguido se superar a partir do seu empenho. “Ai, ai, vou ver o que posso fazer. Uma coisa eles têm razão: de aluno ruim eu entendo” pensava consigo mesmo.
   ㅤ– Está certo, professor! Pode ter certeza que não decepcionarei!! – falava Kiyomi, com uma voz determinada, pronto a redimir-se de seus pecados.
   ㅤE assim acontecia. Aguardando em uma sala de estar espera, onde os professores se reuniam, enquanto lia uns livros, o Uzumaki pensava no que iria abordar em sua aula, quando... – Kiyomi, está na sua hora – dizia uma mulher de cabelos longos e pretos, chamando-o para a sala.

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   ㅤKiyomi enfim chegava até a sala. Ainda não havia entrado, mas já tinha noção do que iria enfrentar. Do corretor lateral da sala mesmo já podia nitidamente distinguir todas as vozes das pessoas naquela sala. Havia alguns meninos, muitas meninas, pareciam ter grupos diferentes conversando paralelamente. A soma daquilo tudo era o mais completo caos.
   ㅤ“Preciso impressionar eles de alguma forma. Não vai ser simples conquistar esse público, deve ser o primeiro ano deles aprendendo sobre a arte shinobi e preciso causar algum impacto...” Ponderava o Uzumaki, tentando buscar alguma solução para a situação que iria liderar em pouco tempo. Talvez não fosse simples de ser aplicado, mas havia tido uma ideia. Era aquilo ou nada.
   ㅤRapidamente, levando a destra ao bolso de armas que tinha atrás na região da cintura e, simultaneamente, empurrando a porta de correr de sala - de modo que chamasse a atenção dos alunos - uma pequena bola de coloração roxa era levemente rolada pela sala, despertando ainda mais a curiosidade. “Certo, agora eles parecem estar fazendo silêncio.” Pensava o Uzumaki ainda enquanto executava seu plano, sendo procedido por leve “explosão” que levantava uma onda de fumaça naquele local fechado, debilitando a visão de todos por segundos. A porta que havia sido aberta era fechada e após a fumaça sair da sala, o garoto, não muito mais velho que os estudantes, aparecia em cima da mesa, sadicamente sorridente.

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   ㅤ – Então vocês querem ser ninjas futuramente, mas não conseguem se quer manter o silêncio? É isso mesmo? – dizia Kiyomi, com um tom levemente rude e ameaçador, tentando instigar a geração da sala.
   ㅤ Naquele momento, quase que sem tempo de reação algum, ouviria alguns sons de descontentamento na sala, como se parte dos estudantes já tivessem se sentindo desafios com o que ocorrerá.
   ㅤ – Pois meus parabéns! – sorria, contradizendo-se novamente, levando o polegar de destra ao peito e indagando – Há pouco era eu, no lugar de vocês, sentado nessas carteiras enquanto algum professor chato tentava me ensinar coisas que eu não achava prática... – olhava para os alunos, vendo seus rostos de interesse, como se estivesse conseguindo se comunicar e reter a atenção do seu público.
   ㅤ – ... E, veja, já quebrei um paradigma de vocês, não é mesmo? Afinal, creio que aprenderam bem mais no pouco momento que estou aqui falando do que enquanto estavam conversando – completava sua fala, suspirando.
   ㅤ – Me dói dizer, tanto quanto vai doer para vocês, mas tentem mostrar mais interesse na aula, estamos combinados? – indagava, levantando-se da mesa – E agora quero que vocês também se levantem para termos a primeira aula prática da turma, com alguns itens, como a bomba de fumaça que joguei agora a pouco, shurikens e kunais, certo? –
   ㅤ Assim, Kiyomi levava os alunos, inquietados por passarem horas de aulas sentados, para o campo de prática treinar seus arremessos e compartilhando algumas dicas que o ofício tinha que lhe obrigado a aprender.
   ㅤ Concluindo com êxito a missão e de maneira relativamente fácil, por, até então, não ter uma mentalidade muito distinta daqueles jovens, o Uzumaki se resguardava fora da academia apreciando o sentimento de dever cumprido.

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   ㅤ O dia ainda não havia finalizado, pelo contrário, estava longe de terminar. Apressado como nunca deixava de ser, antes mesmo que pudesse se despedir de cada um dos meninos, já se encontrava em outro rumo, apenas acenando distante e recebendo reciprocidade dos pequenos. Não estava tão desfocado, afinal, por essa vez, teria uma missão um pouco mais demorada, ou, ao menos que demandasse maior preparo. Reviver seus tempos de academia havia enchido seu peito, porém, agora trataria de voltar para a realidade.
   ㅤ Todas as missões cumpridas por Kiyomi até então foram dentro de Konohagakure e, o Uzumaki não tinha vergonha em dizer que seu gasto energético era, sendo generoso, moderado. A verdade é que se quer havia feito serviços externos e não havia cruzado o caminho de nenhum ninja até então - algo que haveria de mudar agora.
   ㅤ Estando decidido, o garoto conferia suas armas ninjas no estoque - havia gasto um item com os alunos, mas nada que fosse lhe atrapalhar - e ainda com suas vestes costumeiras partia naquela jornada. Estava tudo ok, conferia o pergaminho, lendo pela última vez os detalhes da missão e acompanhando o período da tarde ia em direção aos portões sempre fiscalizados da vila com o pergaminho referente a missão que partia para desempenhar.

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   ㅤ Entre as ruas de sua vila, seguindo em direção norte por passos vagarosos, o genin tranquilamente se aproximava aos portões de saída, sempre devidamente fiscalizados por jounins e chunins que intercalavam entre a proteção (nem sempre tão monótona) da vila e missões de conflitos externos/internos. Caso saísse sem uma permissão, automaticamente se tornaria um nukenin, fato que o garoto queria evitar, e, por isso, levava consigo aquele pergaminho, podendo apresentar como prova de que estava no cumprimento do dever e enfim sair da vila.
   ㅤ Imediatamente após os portões, o Uzumaki observava a floresta, um local um tanto obscuro e que oferecia diversos perigos, sobretudo para os shinobis de outras vilas. Não havia ido muitas vezes naquele local, se não contasse os treinos e situações recentes, como aquela era sua primeira missão em outro país, Kiyomi basicamente só tinha o conhecimento teórico para perambular por aí. Mas, naquele momento, teria que ser o suficiente.
   ㅤ O País do Arroz era um local um pouco distante. Só de pensar em tal fato o ninja já sentia um pouco de fadiga, mas o que poderia fazer? Havia pegado a missão. Dando um breve suspiro, o Uzumaki levava a mão ao encontro da bolsa de armas na altura de sua cintura, na parte de trás, tirando de lá uma kunai que iria carregar consigo. Assim sendo, se prostrava em correndo ainda em sentido norte, como fora orientado para chegar naquele local, sendo atento com as ameaças e perigos desconhecidos que poderiam rondar por aquela área.

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   ㅤ Após algumas horas de viagem era perceptível para o Uzumaki a mudança na flora do local, denunciando o distanciamento do seu ponto geográfico em relação à vila. Passando-se mais algumas horas, enfim avistava o local de longe. Não havia saído de sua vila, mas com certeza aquilo não se parecia com a visão que tinha do País do Arroz. O local não passava de um simples amontoado de faixas planas com rios nos arredores; as terras eram infestadas de plantações e o número de casas que se via era baixíssima, parecendo haver apenas o suficiente para as pessoas que faziam a guarda da região e/ou trabalhassem nos campos.
   ㅤ Seguindo a trilha criada entre as planícies, já dentro do país, o garoto chegava a uma vila. As casas eram poucas, pequenas e vazias. Parecia que ninguém habitava o local há muito tempo, restando apenas poucas habitações que dispunham de comidas, bebidas e diversões, todas destinadas aos viajantes; além, claro, de um número ínfimo de moradias. Lá, se dirigia para o centro de informação do poder militar, sobretudo composto de ninjas de outras aldeias, tais como Kiyomi.
   ㅤ No centro de informação, nada parecido ao de Konohagakure, o genin era recebido por outros ninjas que lhe destinavam para uma posição daquele local que teria que proteger, impedindo bandidos.

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   ㅤ Era uma parte calma a que estava, com uma casa por perto para servir de aposento e grandes terras de arado que estavam constantemente servindo para exportações. Dentro, havia café e biscoitos prontos. A missão estava, até então, mais tranquila do que as que tinha enfrentado em Konoha. Entretanto, os demais ninjas de patentes mais altas estavam nas zonas mais fronteiriças onde de fato o perigo rolava e os oponentes eram mais ameaçadores, além de não terem acesso a todo aquele luxo.
   ㅤ Kiyomi realmente acreditava que nada de ruim ocorreria, mas, seu senso ninja não permitia que relaxasse na missão. De fato, em partes, estaria certo, pelo menos enquanto o sol ainda lhe era visível.
   ㅤ Ao iniciar a noite era fácil alguém se esconder dentre aquelas plantações. O Uzumaki precisaria estar duplamente atento. Podia ser que de fato não chegasse a enfrentar alguém, mas o local poderia ser saqueado sem que o visse, falhando na missão de mesma forma.
   ㅤ Era frio e estava do lado de fora. Precisaria prestar atenção caso ouvisse algo. A kunai em suas mãos estava gelada, devido a condutividade térmica do metal, mas, ainda assim, se quer pensava em soltá-la.
   ㅤ Quando menos esperou ouvia um barulho entre a vegetação.

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   ㅤ Estava pronto para brigar e recuperar a mercadoria, se necessário. O garoto evitava ao máximo lutar, isso era um fato, mas eventos recentes fizeram com que ele tivesse certo receito de não enfrentar seu oponente dando seu melhor; seja para permanecer vivo ou para o bem de sua vila, uma vez que carregava o nome de Konohagakure e não poderia se dar o desprazer de falhar. Estava certo que não mataria alguém, ainda não havia chegado a tanto e nem era tão maduro para lidar com isso, mas iria o mais longe que podia.
   ㅤ Ao aproximar-se do local em que havia detectado o movimento, próximo da vegetação, quando já iria descobrir a área para encontrar o intruso foi recebido com uma saraivada de shurikens. Sua reação foi a mais rápida e, por isso, por pouco não foi alvejado. Não era tão aguardado, mas sim, tinha um inimigo ali. No mesmo instante em que recuou, dando apenas o tempo de reação, saltou do mesmo ponto em sentido ao inimigo, atravessando a zona verde. O inesperado ocorria, encontrava lá uma criança com algumas armas.
   ㅤ Quando o Uzumaki já estava próxima a menina puxou uma kunai tentando avançar, mas logo a arma do menino tratou de protege-lo, chocando contra a da invasora. Kiyomi não entendia bem, era apenas uma criança; por que e como ela estava submetida aquilo? Enquanto preso em seus pensamentos ouviria um barulho saindo da barriga da menina. Logo entendia, ela passava fome.
   ㅤ Quando chegou ao local percebera que havia algo estranho. Não era como sua vila. A maior parte do país era usada para o comércio, as zonas urbanas eram vazias e depravadas. Parecia que o Daimyō daquele lugar não havia medido esforços em abusar ao máximo de seu povo.
   ㅤ Kiyomi não podia agir diferente. Ofereceu o alimento que tinha naquele local, guardado para si, para a garota. Ela se alimentou por aquela noite e saiu, sem roubar nada. Era o máximo que podia ser feito, mas aquilo lhe partiu o coração.
   ㅤ Ao amanhecer, após ter ficado de tocaia a noite toda, sem mais perigos, volto a Konohagakure satisfeito por ter cumprido a missão com êxito.

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