[Capítulo - Solo] O andarilho e o criminoso

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[Capítulo - Solo] O andarilho e o criminoso
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Zeitgeist

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26/10/2019, 20:48

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Plot: Lawliet não nega seu instinto curioso mesmo como líder; inclusive, é quando mais tem que se fazer bom uso desta característica. Buscando conhecer arredores de Otogakure o novo "César" acaba por encontrar Luy, um andarilho cego que vaga pelos países com sua flauta. De Luy o shinobi escuta sobre como o nômade se locomove através da percepção de outrem pelo som que emana de sua música, utilizando-se de conhecimentos ancestrais sobre energia espiritual. As coisas na mente de Hawk fazem sentido, se bem aplicado o conhecimento daquele encontro poderia lhe render bons frutos.

Diante a paisagem fornecida pela base de observação e monitoramento militar do Goei, L era capaz de observar grande parte da extensão da nova Nação do Som. Até onde seus olhos distantes podiam observar, o homem de cabelos longos e negros parecia refletir algo que lhe afundava na realidade. Seus olhos se fecharam por um instante, ao sentir a brisa amena bater contra seu rosto; uma sensação de instantes, que fora interrompida pelo abrir de seus olhos. Decidiu por ali um fim a sua inércia naquelas terras. Deu um passo a frente, deslizando com destreza sobre a rocha que elevava o ponto da base de militar e ao tocar o solo, iniciou o caminhar em uma direção qualquer. Fermentava em sua mente a fugaz necessidade de estar presente em cada canto e o primeiro passo rumo a isso era o conhecimento.

[...]

Hawk então seguiu por entre os campos abertos da Nação do Som, estendendo seu passeio as terras longínquas que ainda não havia tocado os olhos. Em passos calmos e curtos, afogava seus olhos nas cores das telas dos campos do País do Arroz, vislumbrando sua beleza. Tudo que lhe podia fazer era tal qual a observação daquele novo lar e, consequentemente, isso traria algum fruto. Seus ouvidos afiados escutavam os ruídos e sons que cintilavam na melodia daquela noite. A lua capaz de iluminar toda extensão de sua visão, agraciava à ele a luz, através de sua presença. Enquanto que distante, ouviu por um som de melodia diferente começar a adentrar a atmosfera. Seus olhos captaram uma silhueta vindo do horizonte. A flauta nas mãos do homem que caminhava em sua direção, vibrava notas em concordância com seus dedos que dançavam sobre sua estrutura. Eles caminhavam de encontro um ao outro, a cerca de vinte metros que antes o distanciava.

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27/10/2019, 18:14

O aproximar dos homens fora ilustrado pela sonoridade da flauta tocada pelo homem, tal como os passos que se encurtaram pareciam se adequar ao ritmo que era transmitido. L percebeu ao se aproximar que o homem não o olhava; pelo contrário, seu olhos eram brancos como a própria neve. O Líder da Nação do Som parou em sua frente e, por um instante, a musica se prolongou mais um pouco, até cessar totalmente. — Bela musica. — Disse, L, agora sob a neblina que pairava criada pelo silencio esfumaçado da desconfiança. — Agradeço. — Respondeu o homem. Seu olhar era vago, assim como o de L por vezes era. — Me diga, quem é você? — Por fim acabou por perguntar, mesmo que demonstrasse certa calma em suas palavras. O homem cuja flauta era segurada pela destra, sorriu, ainda olhando para o chão. — Sou apenas um andarilho, chamo-me Luy. — Fora sua resposta, mas preludio para sua pergunta posterior. — E você? — L o fitou por alguns segundos, mantendo o silencio. — Líder da Nação do Som. — Falou, então, ainda de maneira tranquila. Luy manteve-se sério e fez um aceno positivo com a cabeça. — Creio que um homem cego não cause problemas a sua Nação. — Suas palavras demonstravam certo ar de ironia, apesar dele falar sério. L deu um passo a frente, mas nada que fosse uma afronta. — Não me parece ter problemas com a própria cegueira. — Havia visto o homem se movimentar normalmente entre a estrada, sem problema algum para mover-se em sua direção e até mesmo perceber sua presença. Luy sorriu mais uma vez. — Parece que fui descoberto. —

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28/10/2019, 18:16

As palavras do andarilho transmitiam certo teor de tristeza em seu coração, apesar do carisma que tentava, ao mesmo tempo, transmitir. Talvez não fosse somente a cegueira que lhe trouxesse tal emoção, mas a solidão de caminhar sozinho. L podia sentir certa empatia, mesmo que essa palavra à fundo nunca tenha sido explorada pelo mesmo. A tranquilidade com que tratava seus assuntos era o modo como mantinha a besta enjaulada em sua mente, e este era o único jeito que ele havia conseguido controlar a si mesmo; a calma. — É, de fato, algo interessante. — Respondeu, L, de maneira tranquila, como se não se importasse com a presença do homem naquele território. Um leve sorriso despertou no canto esquerdo de sua boca, assim como uma questão que fora disparada de imediato. — E como isso é possível? — Questionou, de modo amigável.

O homem sorriu, apesar de não transparecer quaisquer felicidade genuína em seu semblante. Sua face se ergueu em direção ao céu escuro da noite, sendo iluminada pela lua cheia. — As energias ressoam umas com as outras, assim como todas as coisas. No fundo, acaba sendo simples. — A resposta lhe fora poética, apesar de prática e de explanação simples. L respirou fundo, fechando seus olhos como reação a um entendimento prévio de suas palavras. Alguma coincidência naquele encontro podia ser percebida.

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28/10/2019, 22:20

O que era um encontro projetado pelas desventuras do destino, guardava por trás das cortinas segredos que não podiam ser explicados pelos próprios deuses. Não com palavras. O próprio vislumbre daquele homem que não possuía olhos capazes de enxergar, podiam ser ainda maiores que os daqueles que tinham este sentido. Algo que L estava a procura. Porventura, havia encontrado ali, nos campos distantes de Otogakure.

Assim como Lawliet, Luy possuía ouvidos afiados para os pequenos ruídos que o cercavam. Sua pequena distancia do corpo de L fora suficiente para ouvir seu suspiro, afagado pelo sorriso que o fazia parecer uma espécie de bufar; apesar de ser facilmente distinto do bufar raivoso. Luy voltou sua cabeça em direção ao som e, por um momento, pareceu olhar nos olhos de Lawliet. — O que? — Perguntou, sorrindo de volta, ainda que um pouco sem-graça. Lawliet olhou para os céus, assim como Luy havia feito anteriormente, entretanto, a escuridão que L podia ver era diferente da de Luy, a escuridão genuína e a escuridão salpicada de luzes. — O som? — Perguntou, sem rodeios. Pôde perceber a maneira que o homem se portava diante do silencio e, quando que, por um momento, havia se localizado através do simples suspiro de L.

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29/10/2019, 11:32

Luy reagiu com certa surpresa, diante da percepção um tanto quanto afiada de Lawliet. O homem acenou positivamente com a cabeça e sorriu levemente enquanto explanava um pouco sobre aquilo. — É uma técnica antiga, passada pelos meus ancestrais. Algumas pessoas conseguem fazer isso instintivamente, enquanto outras, bem, necessitam de um percursor. O meu é a musica. — Dessa vez ele sorriu de maneira sincera. Lawliet percebeu então que tinha algo interessante na figura daquele homem, algo que lhe despertava certa curiosidade, apesar dessa ser uma característica marcante do próprio Líder da Nação do Som. — Entendo. Porventura, Luy, você acaba de adentrar os territórios da Nação do Som. Me chamo Lawliet. — Finalmente apresentou-se formalmente. Luy colocou a mão sobre o peito fazendo uma reverencia breve. — É uma honra conhece-lo, Lawliet, Líder da Nação do Som. — Em seguida, sinos ele moveu deu um fraco peteleco em pequenos sinos pendurados em seu cinto. — Infelizmente, só estou de passagem por aqui. Se me permite... — Disse ele, caminhando na mesma direção de outrora, dessa vez, desviou de Lawliet com facilidade, como se de fato enxergasse-o. Lawliet acenou positivamente com a cabeça, abrindo espaço para sua passagem, enquanto observava seus passos. — Foi igualmente uma honra conhece-lo, Luy. Diga meu nome caso quaisquer homem o impeça de seguir viagem, creio que assim não terá problemas até os limites do País do Arroz. — Disse de maneira tranquila. Em pouco tempo de conversa pode perceber a natureza pacifica do homem, que mesmo que não demonstrasse, lhe parecia alguém habilidoso. Luy ergueu a destra com a flauta sinalizando um aceno. — Agradeço. — Após alguns passos a flauta voltou a sua boca, onde uma melodia se iniciou novamente. Lawliet manteve-se parado, o observando por algum tempo, enquanto ouvia por alto o som que soava por entre os campos da sua nação.

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29/10/2019, 20:11

O encontro que havia acabado de ocorrer criara ideias na mente de Lawliet. Ideias essas que eram capazes de lhe ajudar a evoluir na habilidade que tentava desenvolver. Ele ouviu a musica se distanciar lentamente e como se o ruído continuasse lhe afligindo, tentou segui-la. Não com os passos, mas com a própria percepção. Sentiu como se sua alma se desprendesse do corpo e por um instante se absteve de concentrar-se somente no ruído da flauta que Luy tocava um tanto que distante, mas que ainda podia ressoar em seus ouvidos. Percebeu então que sentia algo incomum. Uma espécie de sensação abrangente que fluía ao redor de si mesmo. Com o afastar de Luy, sentiu que ainda percebia o seu chakra, como uma chama que queimava no peito do andarilho. Ao redor do mesmo, podia sentir o som se propagando. Foi ali que percebeu que a musica do homem também infundia seu chakra.

[...]

Não só o encontro do criminoso e do andarilho havia sido inesperado, como também o encontro de suas energias pairando pelo ar. Lawliet não havia percebido, mas a alma de Luy era sua própria musica. Ou melhor, a luz que brilhava em seus olhos. Tudo que pode fazer para retribuir fora observar de longe e, por fim, aprender a observar com novos olhos. Entretanto soube naquele instante que havia algo em falta. O turbilhão que o levou, também o trouxe, como se lhe entregasse apenas uma gota da experiência que poderia aprender a desfrutar. Tomou pra si aquilo como incentivo, voltando a caminhar.

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30/10/2019, 00:06

O que por exercício de uma certa concentração lhe pareceu explodir em percepção, mesmo que por poucos instantes, lhe deu vislumbre capaz de compensar-se diante a incompetência de outrora. Em melhores palavras, certa limitação. O que para Lawliet se vinculava a um principio básico de iniciação, apenas uma percepção inicial do que queria, nunca fora limitador para que se estagnasse em seus caminhos. Talvez, as obras do destino acabavam por trazer certa casualidade que o tirava de seu eixo e, por consequência, o mostravam um novo ponto de vista. Mesmo descrente de uma casualidade tal como o próprio destino escrito, a inconstância da própria vida nunca fora capaz de deixar qualquer homem atirar-se em repouso total; mesmo aqueles que buscavam isso. Talvez esse fosse o principio da calmaria que exalava os poros e a mente daquele homem que, apesar de feroz, era capaz de manter a calma diante das mais adversas situações.

[...]

O caminho percorrido por L havia o levado para uma área afastada de Otogakure, uma área onde as construções já não apareciam de maneira frequente. A maior parte que se estendia pela pequena estrada eram campos e pequenos açudes próximos aos casebres perdidos na imensidão da noite. Desviado dos próprios obstáculos, soube que ainda havia algo que lhe parecesse liquido, insolúvel em sua mente. Curioso a cerca daquilo, parou diante de um longo gramado, frente a uma casa que apresentava as luzes acesas. Seus olhos percorreram o local, sem esforço algum pode perceber detalhes que passariam despercebidos por homens desconcentrados. Pôde ver a tênue linha do horizonte cortar por trás da casa, sendo aprumada pelo vagar de vaga-lumes que cintilavam na mesma altura que a linha cortava seus olhos. Percebeu a grama molhada por gotas de orvalho dançarem desengonçadas com o vento que vinha do sul. Viu a lua reluzir num pequeno açude próximo, realçando o movimento das ondas que se criavam com o toque dos insetos que se alimentava. Ouviu os grilos e cigarras gritarem pela noite, afagando levemente o coaxar dos sapos próximos. Mas tudo estava ali, tão próximo.

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30/10/2019, 11:51

Aquele lugar era muito diferente das terras onde Lawliet havia vivido até então. O clima, a vegetação, relevo. Tudo mostrava era uma nova paisagem diante dos olhos daquele homem, que perante a liberdade que havia conquistado, agora buscava algo a mais. O que ali pareceu finca-lo como uma estaca no solo, no fundo, havia sido o lugar em si. Um lar, diga-se de passagem. Local aquele que nostalgicamente parecia sua terra natal, onde havia nascido, anterior a sua chegada em Kumogakure. Mesmo que não houvesse percebido aquilo de imediato, ou até mesmo ainda não houvesse percebido, uma certa influencia isso havia tido em suas decisões. Apesar da sua frieza, as emoções também faziam parte da sua natureza humana e isso era algo impossível de ele se separar totalmente.

[...]

Sentiu como se a proximidade com aquele local o colocasse em um ponto de vista diferente e por um momento, respirou fundo. Quando percebeu, estava novamente enturmado com a energia que pairava ao seu redor. De subido ouviu o som de uma porta se abrir logo atrás de si, porém não se virou, estava longe, apesar da nitidez do som. Sentiu então a energia de alguém saindo pela porta. Uma energia fraca, diga-se de passagem. Talvez alguém que sequer soubesse da existência dessa energia. Dentro da casa, sentiu uma segunda energia. Uma ainda menor. Provavelmente de uma criança. Olhou para trás, sobre seus ombros e viu um homem pegando lenha em seu deposito. Provavelmente um pai de família que mal sabia sobre a existência da chama que ardia em seu coração. Melhor que não soubesse. Lawliet sabia o fardo que era carregar aquela chama no peito. Uma terceira chama cintilou, um pouco mais forte que a segunda; provavelmente era a mãe da criança. Sentiu então sua percepção começar a se alastrar lentamente e devagar começar a relevar pequenas energias que se escondiam nas casas ao redor. Moradores. Homens, mulheres e crianças. Vidas comuns; mas ainda sim, chamas cintilantes na escuridão.

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30/10/2019, 16:34

O percorrer da sensação dessa vez fora nítido e abrangente, sem esforço algum. Não houve necessidade de se concentrar. A atmosfera ao seu redor parecia lhe abraçar com um véu que acobertava seu corpo. Seus sentidos pareciam não acompanhar tal abrangência. Nem mesmo seus ouvidos afiados. Eram pequenas flamulas de fogo cintilando na imensidão do espaço. Cada uma em seu recinto, algumas se moviam, outras estavam paradas, mas ali, nenhuma delas estava conturbada. Lawliet sorriu levemente, como se sentisse a realização do feito. O vento frio bateu novamente sobre seu corpo, sacudindo as longas mechas de seu cabelos negros. Sentiu que era hora de ir. Estava longe das bases militares. Longe o suficiente para não sentir suas energias. Talvez não chegasse tão longe quanto esperava, mas ainda sim, longe o suficiente.

[...]

Caminhou então de volta ao Goei, onde tomaria partido sobre as novas situações internas da Nação do Som. Tinha planos em mente e a efetividade dos mesmos era de suma importância pra iniciação de uma nova era naquele país. A nova melodia estava quase pronta. Bastava agora iniciar os passos finais para o novo começo. Lawliet precisaria então assumir suas responsabilidades, dessa vez, de modo total e imparcial. Era apenas o começo.

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30/10/2019, 19:43

Estava a longos metros do Goei. Apesar disso, podia sentir as energias que ali fazias o monitoramento das principais rotas. Eram três chamas, uma delas já conhecida anteriormente, a de Roku. Lawliet se aproximava. Apesar da evolução alcançada, não apresentava euforia, felicidade, ou quaisquer tipo de emoção em sua face, ou mesmo em seu amago profundo. Tinha coisas importantes a resolver e a seriedade de seus tratados trariam o rumo das vidas ali presentes. Tanto aquelas que sentira dentro de suas casas, como as que agora estavam na base de monitoramento militar.

[...]

Já amanhecia quando finalmente chegou ao Goei. Os homens já o esperavam, como de esperado. O único ali com habilidades sensoriais era Roku, entretanto, havia ordenado a troca de informações amplas pra quaisquer futilidade que ocorresse ao redor. Os passos de Lawliet eram mais ágeis que normalmente, não eram apressados, apesar disso, eram mais firmes, longos, decididos; como se algo tivesse de ser resolvido ali naquele instante. Passou direto pelos homens, sem olha-los nos olhos, indo em direção a ponte. — Senhores. — Gritou. Ele realmente estava diferente. Sua voz era firme, assim como seus passo. — Sigam-me. — Complementou, seguindo pela ponte que interligava os dois lados da fenda que dividia o Goei.

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30/10/2019, 22:51

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