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A LUZ DAS TREVAS
Arco 02
Ano 25 DG
Inverno
Meses se passaram desde a missão de investigação ao Castelo da Lua, no País do Vento, que culminou na Batalha da Lua Minguante. Soramaru, o cientista responsável pelos experimentos, morreu em combate, assim como outros ninjas do lado da aliança. Após a missão ser bem-sucedida, mas carregando tantas mortes, Karma, o líder da missão, ficou responsável por relatar às nações o máximo de informações sobre a organização por trás dos crimes agora que estava com o selo enfraquecido e com isso ele revelou o verdadeiro nome dela: Bōryokudan. Ainda não tendo como fornecer mais detalhes, pois o selo se manteve, e precisando de mais pistas antes de investir novamente em uma missão, Karma saiu em missão em nome das Quatro Nações para encontrar o paradeiro dos demais membros da organização — e sua primeira desconfiança recaiu sobre Kumo.

O mundo, no entanto, mudou nestes últimos meses. Os Filhos das Nuvens concluíram a missão de extermínio aos antigos ninjas da vila e implementaram um novo sistema político em Kumo ao se proclamarem o Shōgun sobre as ordens não de um pai, mas do Tennō; e assim ela se manteve mais fechada do que nunca. Em Konoha a situação ficou complicada após a morte de Chokorabu ao que parece estar levando a vila ao estado de uma guerra civil envolvendo dois clãs como pivôs. Suna tem visto uma movimentação popular contra a atual liderança da vila após o fracasso em trazer a glória prometida ao país. Já em Kiri a troca de Mizukage e a morte de ninjas importantes desestabilizaram a política interna e externa da vila. E em Iwa cada dia mais a Resistência vai se tornando popular entre os civis que estão cansados demais da fraqueza do poderio militar ninja. Quem está se aproveitando destes pequenos caos parece ser as famílias do submundo, cada vez mais presentes e usando o exílio de inúmeros criminosos para Kayabuki como forma de recrutar um exército cada vez maior.

E distante dos olhares mundanos o líder da Bōryokudan, Gyangu-sama, se incomoda com os passos de Karma.
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SHION
SHION#7417
Shion é o fundador do RPG Akatsuki, tendo ingressado no projeto em 2010. Em 2015, ele se afastou da administração para focar em marketing e finanças, mas retornou em 2019 para reassumir a liderança da equipe, com foco na gestão de staff, criação de eventos e marketing. Em 2023, Shion encerrou sua participação nos arcos, mas continua trabalhando no desenvolvimento de sistemas e no marketing do RPG. Sua frase inspiradora é "Meu objetivo não é agradar os outros, mas fazer o meu trabalho bem feito", refletindo sua abordagem profissional e comprometimento em manter a qualidade do projeto.
Angell
ANGELL#3815
Angell é jogadora de RPG narrativo desde 2011. Conheceu e se juntou à comunidade do Akatsuki em fevereiro de 2019, e se tornou parte da administração em outubro do mesmo ano. Hoje, é responsável por desenvolver, balancear, adequar e revisar as regras do sistema, equilibrando-as entre a série e o fórum, além de auxiliar na manutenção das demais áreas deste. Fora do Akatsuki, apaixonada por leitura e escrita, apesar de amante da música, é bacharela e licenciada em Letras.
Indra
INDRA#6662
Oblivion é jogador do NRPGA desde 2019, mas é jogador de RPG a mais de dez anos. Começou como narrador em 2019, passando um período fora e voltando em 2020, onde subiu para Moderador, cargo que permaneceu por mais de um ano, ficando responsável principalmente pela Modificação de Inventários, até se tornar Administrador. Fora do RPG, gosta de futebol, escrever histórias e atualmente busca terminar sua faculdade de Contabilidade.
Wolf
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Wolf é jogador do NRPGA desde fevereiro de 2020, tendo encontrado o fórum por meio de amigos, afastando-se em dezembro do mesmo ano, mas retornando em janeiro de 2022. É jogador de RPG desde 2012, embora seu primeiro fórum tenha sido o Akatsuki. Atua como moderador desde a passagem anterior, se dedicando as funções até se tornar administrador em outubro de 2022. Fora do RPG cursa a faculdade de Direito, quase em sua conclusão, bem como tem grande interesse por futebol, sendo um flamenguista doente.
Mako
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Mako é membro do Naruto RPG Akatsuki desde meados de 2012. Seu interesse por um ambiente de diversão e melhorias ao sistema o levou a ser membro da Staff pouco tempo depois. É o responsável pela criação do sistema em vigor desde 2016, tendo trabalhado na manutenção dele até 2021, quando precisou de uma breve pausa por questões pessoais. Dois anos depois, Mako volta ao Naruto RPG Akatsuki como Game Master, retornando a posição de Desenvolvedor de Sistema. E ainda mantém uma carreira como escritor de ficção e editor de livros fora do RPG, além de ser bacharel em psicologia. Seu maior objetivo como GM é criar um ambiente saudável e um jogo cada vez mais divertido para o público.
Akeido
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Havilliard
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[CENA] O FALCÃO NO DESERTO Eru143
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O FALCÃO NO DESERTO
PARTE PRIMEIRA


[CENA] O FALCÃO NO DESERTO Kuchi5


ㅤㅤSobre o dorso de Garuda, Kaguya Eru singrava os céus do Deserto do Vento.

ㅤㅤEstava a um quilômetro das areias, e daquela altura nada podia ver, senão a imensidão ressequida e desolada que não parecia ter fim. A noite anterior havia sido conturbada, com sonhos febris desconexos e suores noturnos. Em um deles, viu Genji Senju, seu suposto pai. Estavam no topo de uma montanha, a mesma de sempre, mas o céu que a ambientava não tinha estrelas. O pai tentava-lhe com promessas de mudanças, de um futuro diferente, juntos, mas Eru não as ouvia nitidamente, e ele se afastava, mais e mais, até sua silhueta ser engolfada por completo, assim como a voz. Não conseguiu ter um descanso sossegado após isso, e voava às costas de seu falcão, exausto, com uma leve dor de cabeça.

ㅤㅤAs asas do pássaro gigante mais ficavam estáticas do que oscilantes, e ele planava majestoso na maior parte do tempo. A despeito de seu cansaço, Eru não podia ignorar a sensação de taciturnidade e liberdade que tinha quando cortava a imensidão azul daquela forma. Sempre desejara voar, desde à infância. Sonhava com aves raras e grifos, e seus pés longe do chão. Agora finalmente tinha isso a seu dispor. Poderia ficar aqui por horas... longe daquelas pessoas, longe de tudo. Nem mesmo o sol reluzente e escaldante do País do Vento podia frustrar seu bem estar.

ㅤㅤInclinou a cabeça para baixo, intentando alguma visão menos turva e distante do deserto, mas seus olhos eram insuficientes. Diferente dos de Garuda... Tinha certeza que sua montaria tudo via lá embaixo, o menor dos seres humanos não escaparia de suas pupilas aguçadas. Será que...? Não... Era audácia demais, até para ele. Não conhecia nenhum método que minimamente se aproximasse do resultado desejado, e se eu... Forçou os dois olhos, tentando atravessar a cortina branca e tênue que uma nuvem produziu a poucos metros sob ele. Conseguiu, mas nada que sua visão comum não tinha enxergado antes. Piscou duas vezes e tornou a tentar, o falcão içou o corpo com leveza, afastando-se um pouco mais da terra firme. Quer dificultar minha tarefa.


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[CENA] O FALCÃO NO DESERTO Eru143
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O FALCÃO NO DESERTO
PARTE SEGUNDA


ㅤㅤMais uma contração visual, e teve a impressão de ter visto com mais clareza do que da última vez. Só areia e um deserto vazio, sempre pragmático, mas não cessou as tentativas. Se pretendo batalhar montado, é bom que ao menos possa enxergar os inimigos. Garuda continuou à adejar, silencioso. Ao longe conseguia ver a silhueta da cidadela, e a grande catedral jashinista em seu topo. Estava próximo.

ㅤㅤAgarrava-se a plumagem do falcão com cuidado, ainda não tinha total manejo da criatura, contudo era uma questão de tempo até que tivesse, ele sabia. Avançaram mais alguns quilômetros, e a sombra de Sarón foi tornando-se mais evidente. Deu ordem para que Garuda avançasse mais célere, e o animal respondeu, apanhando impulso num drapejar de asas.

ㅤㅤAterrissou no pátio a frente da catedral jashinista às doze horas e dez minutos, sob os olhares assustados de uma meia dúzia de Soldados da Fé. O animal alado era imponente e grandioso, com cerca de três metros de altura e uma envergadura de quase sete, e Eru ainda não havia se atentado aquilo devidamente, pelo menos não até aquele momento. É enorme... Garuda parecia ignora-lo. Depois da inquietação dos guardas, o garoto dos ossos foi reconhecido.

ㅤㅤ– Onde está Hakkasha? – indagou, desmontando à ave num salto ao solo.
ㅤㅤ– Dentro da catedral. Gostaria que o chamasse? – um deles o respondeu.
ㅤㅤ– Não, eu mesmo vou. – saltou das costas do falcão e o desfez.


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O FALCÃO NO DESERTO
PARTE TERCEIRA


ㅤㅤAdentrou pelo portão corrediço da igreja de jashin, atravessando o enorme corredor com o estofo vermelho carmesim sob seus pés. Observou brevemente a estrutura, e não viu-a tão deteriorada como imaginou que veria, ainda que o tapete lhe parecesse empoeirado. Chegou ao grande salão, silencioso, e avistou Hakkasha de imediato, conferenciando com alguns outros. Mercadores, ele logo sugestionou ao ver suas vestes, mas não tão somente, também haviam fiéis e mercenários. O sacerdote assentava-se na grande cadeira, no centro do lugar, e seus ouvintes de pé à sua frente. Ao ver Eru, levantou-se.

ㅤㅤ– Jovem predestinado – ergueu voz em lisonjeio. Todos se viraram para vê-lo. – Não esperava que fosse chegar tão cedo. Venha, aproxime-se. – Com passos calmos, Kaguya Eru foi até ele, com uma feição que ficava entre o indiferente e o ansioso. Os demais abriram-lhe passagem, mas não era necessário, fora apenas uma demonstração de respeito. E por que esse respeito todo? Indagou-se.
ㅤㅤ– O encargo foi mais trabalhoso do que difícil. – respondeu categórico, referindo-se à missão que tinha efetuado enquanto Hydra, mas de forma velada. Hakkasha logo frustraria tudo aquilo, arremessando a ele um cartaz amassado.
ㅤㅤ– Esse senhor me trouxe isso. – sinalizou a um dos mercadores – Desamasse, acho que não gostará, jovem Eru... – assim que esticou o papel deparou-se, para seu desgosto, com o próprio rosto, estampado para que o mundo o visse, ao lado de Altria e Hattori Shion. Olhou fixo a imagem, e resistiu à fúria, ponderando ser sabido, que consequências como àquela eram esperados para o trabalho que havia aceito. Eu soube os riscos quando decidi ir até o fim, e fui. Agora restava arcar com eles.
ㅤㅤ– Imagino que minha cabeça agora valha o dobro do que valia antes. – era trágico. – O que está fazendo por aqui? – mudou logo de assunto.
ㅤㅤ– Agora nada, já encerramos. Podem ir rapazes. Iriel, acompanhe-os até o lado de fora. – o sacerdote deu a ordem, sempre muito solene e polido. Iriel? Não o tinha reparado, mas lá estava, Iriel tinha um pouco mais de barba e os cabelos também haviam crescido, o véu oliva, que cobria a metade inferior de seu rosto, impossibilitou que Eru o reconhecesse de imediato. Assim que o jovem Soldado da Fé acompanhou os convidados de Hakkasha até a saída, os dois tiveram seu momento a sós.
ㅤㅤ– E então, conseguiu reuni-los? Estão prontos para partirmos? – foi direto ao ponto, mas Hakkasha não.
ㅤㅤ– Bom... Eu fiz uma peregrinação por toda a cidadela nos últimos dois dias, e a maior parte dos fiéis parece querer se manter aqui. Amam essa terra. – ele também amava, Eru sabia. Pedir para que Hakkasha deixasse Sarón era um sacrilégio, contudo, um absolutamente necessário.
ㅤㅤ– O País do Vento já não me serve mais como você bem sabe, a Cabala precisará de uma base maior e melhor posicionada. Estamos nos confins do mundo. – constatou. – Você pode permanecer aqui, Hakkasha, já lhe disse.
ㅤㅤ– E estou certo de que respondi da última vez. Irei com o senhor. – repetiu a resposta de outrora. – Só precisamos convence-los de que o lugar que iremos é melhor do que aqui.
ㅤㅤ– E será, mas não acho que é esse tipo de convencimento que eles necessitam. Racional demais... – atento-se à algo. – Eles precisam de um totem, afinal são religiosos... Você é o atual, eles o veem e o respeitam, você os alicerça nessa terra... – pausou reflexivo. Pensou, e pensou bem antes de continuar a falar. – Eu me farei essa figura, vou eu mesmo convence-los de que partir é a melhor escolha, e você irá me ajudar. – Hakkasha pareceu intrigado.
ㅤㅤ– Assumirá seu destino, jovem Eru... que decisão tremenda. – o sacerdote o estimava muito.

[CENA] O FALCÃO NO DESERTO Eru183

ㅤㅤ– Meu destino... – olhou acima e em volta, para o vazio do salão, mas seus olhos foram muito mais longínquos. Viu seus antepassados num relance, e a quimera noutro, ambos ansiando-os tanto. Tocou a estrela no pulso, e de alguma forma soube. Hum... – Os Soldados, vamos começar com eles. Vou treina-los.


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O FALCÃO NO DESERTO
PARTE QUARTA


ㅤㅤIriel retornou um pouco depois, acompanhado por outros dois iguais. Até onde Eru se lembrava, o jovem exercia a função de chefe dos Soldados da Fé, e ao que tudo indicava, continuava sendo. Tratou de explicar a ele suas ideias, com Hakkasha as endossando de fundo. Iriel não tinha porquê recusar, já havia presenciado as capacidades marciais do Kaguya em mais de uma oportunidade, e inclusive, sendo salvo por elas uma vez.

ㅤㅤ– Seria uma ajuda muito bem vinda, Eru. – acatou. – Nossa Ordem não tem sido a mesma desde o Arrebatamento...
ㅤㅤ– Sei bem, estive em Uzushiogakure há alguns dias, e vi as consequências lá, de perto. Essa catástrofe afetou todo o mundo. – Hakkasha a tudo ouvia em silêncio, haja visto que Kenshin proporcionara tudo aquilo, por intermédio de jashin, seu deus. – É por isso que estou me propondo a ajuda-los, mas temo que isso vá apenas mitigar nosso males, e não resolve-los.
ㅤㅤ– Como assim? – Iriel não entendeu. Antes que o garoto dos ossos pudesse retrucar, dirigiu-se à Hakkasha.
ㅤㅤ– Haviam mercadores aqui, certo, Hakkasha? O que conversaram?
ㅤㅤ– Sim, debatia com ele preços mais acessíveis dos grãos e da soja, e se podiam traze-los com mais frequência.
ㅤㅤ– E então?
ㅤㅤ– Um pequeno sucesso apenas, que caberia bem no que você disse; só mitiga nossos problemas, não os resolve. Pela nossa última contagem, Sarón tem sete mil e oitocentos fiéis, e os mantimentos que vem chegando só dão conta de oitenta porcento deles. Vinte porcento tem vivido de sobras, mendicando a frente da catedral, aglomerando-se em filas de restos de alimentos e carcaças de animais. A água também anda escassa e os preços estão absurdos. Um dos mercadores me garantiu algumas centenas de barris de água, mas é tudo muito aquém do que realmente precisamos, e não sei até onde a cidadela irá aguentar. – eram notícias alarmantes, que os obrigaria a enfrentar dilemas desconfortáveis.
ㅤㅤ– Iriel, se te propusesse deixar Sarón, para buscar um novo local, iria? – lançou a ele. O jovem Soldado da Fé ponderou.
ㅤㅤ– Sim... a contragosto, amo esse lugar. Aprendi boa parte do que sou aqui, nessa igreja, com meus irmãos lá fora, com Hakkasha-sama... mas faria esse sacrifício se isso significasse a sobrevivência dos meus.
ㅤㅤ– Boa parte deles, entretanto, não partilham de sua noção, meu caro Iriel. – Hakkasha o frustrou.
ㅤㅤ– É, como faremos para fazê-los mudar de ideia?
ㅤㅤ– Deixe isso comigo. – o Kaguya o respondeu. – Por agora, gostaria que preparasse um pátio ou um local, e que reunisse todos os Soldados que conseguir.


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O FALCÃO NO DESERTO
PARTE QUINTA


ㅤㅤAlgumas horas depois reuniu-se com Iriel e mais vinte e seis Soldados da Fé, num pátio fechado ao fundo da catedral. Retirou a parte superior de seu colete avermelhado e atou às mangas a cintura. Seu corpo estava em ótima forma, os músculos do braço eram delineados, nada exagerados, mas claramente trabalhados, tal como abdômen, com os gomos saltando por debaixo da camisa negra rente a pele.

ㅤㅤ– Vejo que usam lanças. – atentou-se as armas de bronze, esguias, acilindradas e de pontas finas.
ㅤㅤ– Sim, é nossa principal forma de combate. – Iriel completou.
ㅤㅤ– Não sou total adepto a elas, portanto usarei um arma de menor porte. Um sabre. – não tinha um em mãos, portanto teria que criar com seu shikotsumyaku, e foi o que fez. Projetou através do rádio uma estrutura, cilíndrica e esguia como as lanças de bronze dos Soldados, porém menor e esbranquiçada, mas ainda assim, acuminada. Empunhou o osso como a uma espada, sob os olhares curiosos dos Soldados.

[CENA] O FALCÃO NO DESERTO Naruto_c206_p08

ㅤㅤ– Quero que tentem me acertar. Podem vir todos de uma vez, sou acostumado a enfrentar multidões. – por mais presunçoso que soasse, não mentia, a maior parte de seus combates havia ocorrido em claras desvantagens numéricas. Sempre ele contra todos. O todo se entreolhou, desconfiados e hesitantes em enfrentar um oponente apenas, mas não iriel, sabia que Eru era um jovem capaz, já o havia visto em ação.
ㅤㅤ– Vamos lá, vocês o ouviram. Se não o acertarem eu mesmo acerto vocês ao fim do combate. – descontraiu os seus com um sorriso de canto.

ㅤㅤEle próprio investiu primeiro, com golpes perfurantes, objetivando acertar a ponta da lança no corpo de Eru. Por ter sido um golpe direto, o Kaguya não teve problemas em desviar, nem do primeiro nem dos seguintes. As diversas estocadas não conectavam-se a pele de Eru, não só por Iriel ser mais lento que ele, mas também por estar sendo previsível demais.

ㅤㅤ– Seja um pouco menos linear, Iriel. – sinalizou a movimentação deficitária do jovem. Precisou saltar dois metros para trás logo em seguida, quando um outro lanceiro intentou-lhe com a base de sua lança, e mais um desvio, dessa vez a trinta centímetros, quando uma das lanças caiu sobre si como uma estaca.
ㅤㅤ– Formação! – Iriel bradou, e houve uma uniformidade; os soldados fecharam um círculo, cobrindo-o por todos os lados, com as lanças apontadas para ele como espetos, mas Kaguya Eru não parecia incomodado com aquilo.
ㅤㅤ– Estão sendo previsíveis. – moveu o corpo para cima, oito metros acima deles, prendendo seus pés no cume do pátio. – Se vocês me fecham dessa maneiro, é óbvio que irei fugir para cima. Se não me surpreenderem, jamais me acertarão. – incomodou-os, a ponto de retrucarem:
ㅤㅤ– Mas você é um ninja, é claro que terá vantagem, somos apenas soldados comuns. – alfinetou. Quando pensou em responder, uma lança atravessou, de cima para baixo, traçando próximo a pele de seu rosto. Desviou por pouco.
ㅤㅤ– Parem de choramingar, somos vinte e seis e ele apenas um. – Iriel apanhou a lança do homem à esquerda. – Acertem-no! – e fez com que o teto do lugar se enchesse de lanças.


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O FALCÃO NO DESERTO
PARTE SEXTA


ㅤㅤMoveu-se para baixo, deixando para trás o teto espetado pelas dezenas de lanças, frustrando a tentativa de acerto dos soldados. As armas agarraram-se ao concreto e se recusaram a cair.

ㅤㅤ– Com que armas me atacarão agora? – indagou. – Pensem, nunca hajam de forma precipitada. – viu um cintilar de fúria brilhar nos olhos amendoados de Iriel, mas o líder dos Soldados não era estúpido suficiente para encarar Eru desarmado. Atendo-se a isso, o Kaguya rodopiou seu sabre calcificado na destra e o mirou na direção em que as lanças de bronze estavam agarradas. Jogou-o com força, para estremecer levemente a estrutura, e como resposta algumas armas voltaram às mãos de alguns Soldados. – Pronto, agora vocês estão armados e eu não. – por ter pouca experiência social, Kaguya Eru não conseguia perceber as diversas vezes que soava arrogante e presunçoso, havia treinado tanto seus sentidos para acompanhar os inimigos em batalha, que esquecera de aguça-los para ouvir a si mesmo.

ㅤㅤAgora com ódio, os homens de Iriel avançaram contra ele, mais furiosos, menos sorridentes, encarando tudo aquilo como um confronto real, e não mais um simples treinamento. Queriam vê-lo cair com sua arrogância, derruba-lo de seu pedestal. A isso rapidamente atentou-se; os ataques mais incisivos, as lanças mais imprevisíveis, e, claro, as feições menos contentes dos Soldados escancaram a hostilidade de agora. O que houve? Até Iriel parecia enraivecido, com sua lança a tentar, dezenas e dezenas de vezes acertar Eru, que sempre esquivava-se para o lado oposto, permitindo que o bronze balançasse suas madeixa mas nunca alcançasse sua pele.

ㅤㅤTodos os vinte e seis Soldados, passaram duas horas naquele treinamento exaustivo, sem sequer chegar minimamente próximos de encosta-lo. Estava completamente incólume. Quando decidiu encerrar, praticamente não tinha mais seus trajes, restando-lhe apenas a calça, com os homens à sua volta caídos, exauridos até o limite. Teve o primeiro vislumbre do contraste entre um shinobi e um civil. É absurdo, eles não tem a menor chance... Duvidou até mesmo se eles seriam capazes de acompanha-lo se vendasse os olhos. Provavelmente não...

[CENA] O FALCÃO NO DESERTO Eru260

ㅤㅤ– Amanhã continuamos. Mesmo local. – disse, apanhando as vestimentas que havia deixado no canto do pátio. Nenhum deles demonstrou amistosidade, menos ainda gratidão. Fiz algo errado? Ao menos a isso, percebeu. Não remediou ou agiu, deixou o âmbito e retornou a catedral.


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O FALCÃO NO DESERTO
PARTE SÉTIMA


ㅤㅤPor ter sido hospedado mais de uma vez ali, Hakkasha já havia deixado um dos aposentos do prédio à sua disposição, e ele logo tratou de usufruir dele. O sacerdote não estava lá quando chegou, mas havia comida; arroz, espinafre, batatas refogadas, abóbora, milho, pedaços de abacaxi e um líquido esbranquiçado, que julgou ser suco de limão. Mordiscou apenas o abacaxi e pôs-se a despir-se, antes de adentrar à banheira de mármore.

ㅤㅤA água estava fria, bem a seu gosto, e lá manteve-se debatendo, mas aguentando a frieza. Amortecia e relaxava os músculos cansados e a cabeça conturbada. Encostou à nuca na extremidade da banheira e fechou os olhos, tentando não se fixar na temperatura baixa da água, mas sim em seus planos futuros. Tocou à estrela no pulso e a sentiu responder, com um calor. O que quer de mim...? Indagou-se retórico, sabia que não tinha resposta para aquilo, e se tivesse, talvez não gostasse de ouvi-la. Não prolongou o banho mais do que o necessário para sua recuperação, vestiu-se, devorou tudo o que era comestível naquele quarto, e adormeceu, exausto. Eram meia noite e doze quando isso aconteceu.

ㅤㅤDespertou às nove da manhã, o corpo pesado em ressaca, a musculatura do braço dolorida pelo treino intenso e o estômago protestando, faminto. Novamente tinham lhe trazido alimentos; pão integral, aveia, figos pêssegos caramelizados e uma jarra de chá de hortelã. Onde Hakkasha conseguiu os pêssegos? Sabia que plantações de pêssegos não era comuns no País do Vento, o que queria dizer que provavelmente tinham sido importadas. Hum... Não deixou que isso o incomodasse.

[CENA] O FALCÃO NO DESERTO Eru259

ㅤㅤAprontou-se após o desjejum, penteou os cabelos, desamassou seu manto de lã cinza e afivelou as botas. Foi até a janela, e de lá conseguia ter toda a vista panorâmica de Sarón. O dia não combinava com a cidadela, era mais bela a noite.

ㅤㅤRealizou três selos de mãos, e trouxe Garuda de seu reino até o dele. Planejava treinar mais uma vez às costas de seu falcão, aprimorar seu voo e sua visão. O animal compelia as asas a frente da janela, atraindo a atenção de alguns fiéis, até que finalmente Eru o montasse.

ㅤㅤ– Vamos. – e a ave içou-se aos céus.

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O FALCÃO NO DESERTO
PARTE OITAVA


ㅤㅤO sol de Sunagakure, tocava sua pele com mais veemência à medida que Garuda ganhava altitude. Colocou os olhos a observar as pessoas que o viram, antes de efetivamente sumir por entre as nuvens. Elas demoraram mais a ficarem borradas. Sentia à mudança, seus olhos acostumaram-se um pouco mais, soube, e isso com um treino de apenas algumas horas. Se a persistência for duradoura, quem sabe quanto mais ela poderá evoluir...

ㅤㅤSuas pupilas encontravam as de Garuda vez ou outra, o falcão, como de praxe, era indiferente às suas reflexões e progressos, tinha à vida para voar e isso o bastava. Eru o invejava. Ambos alcançaram dois quilômetro e meio de altitude, e agora Sarón era um ponto, menor do que sua mão. Tentou mensura a velocidade que o falcão estava, e imaginou algo entre oitenta quilômetros por hora. É rápido, não tanto para o animal em si, mas para que se mantivesse fixo sobre ele. Pretendia utiliza-lo com mais frequência em seus combates e até mesmo como montaria, portanto que praticasse.

ㅤㅤQuis tentar algo. Pode ser arriscado, só saberia se tentasse. Pressionou os dedos contra as penas espeças da ave gigante, e de alguma forma o animal soube o que fazer. Num movimento inclinado para baixo, Garuda recolheu as asas e as fechou, tornando o diâmetro do corpo menor, mais aerodinâmico, e aproveitando-se da gravidade para ganhar velocidade Estavam caindo.

ㅤㅤDesceu, desceu e desceu, e Sarón voltou a se aproximar. Será que ele sabe o que está fazendo!? Temeu, estava alto demais para que pudesse pular num eventual erro de calculo, e o falcão continuou a descer, acumulando velocidade a cada metro mais próximo da cidadela. A catedral já estava a algumas centena de metros. Tentava se manter firme, mas a massa de vento chocando-se contra seu corpo dificultava. Se não estivesse tão preocupado em não cair, perceberia o quanto sua visão havia aumentado, conseguia enxergar com nitidez as torres mais altas da igreja, e até o interior delas.

[CENA] O FALCÃO NO DESERTO Eru176

ㅤㅤAntes que tentasse saltar, Garuda, a menos de cem metros da mais pontiaguda das torres da catedral, tornou a abrir suas asas, aplicando um rasante e planando sobre o cume da cidadela, com os fiéis lá embaixo abismados com sua envergadura. Foi então que Kaguya Eru enxergou, com os olhos melhores do nunca. É isso... posso ver.


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