[Cap — Solo] Fora do Ninho.

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[Cap — Solo] Fora do Ninho.
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LCKA

Chūnin

28/5/2022, 13:31

Ao Leste do grande Vilarejo da Névoa Oculta, um pequeno barraco de madeira era o único local onde a criança conseguia se manter em paz, longe de todos, oculto nas sombras de alguns prédios abandonados, iluminado pelo intenso luar avermelhado que assombrava os céus. Por horas durante o surgimento da Lua Sangrenta, o garoto permaneceu quieto a observar a grandeza da rocha. A pouca luminosidade elétrica de seus arredores era abalada frequentemente pelas quedas de energia, pelos picos que faziam o avermelhado tomar conta das frestas na madeira, iluminando os únicos dois cômodos do barraco. Kirigakure ainda procurava uma maneira de entender como os registro do Genin foram apagados, como sua historia parecia ter nunca existido dentro dos arquivos do vilarejo. Kaido, se este era mesmo seu nome, havia se recusado ao orfanato do vilarejo e a cuidados especiais, preferindo permanecer longe das pessoas, em um local onde não iria conseguir ferir ninguém. Mas, mesmo que se esforçasse para se isolar, haviam aqueles que vigiavam a criança no oculto das sombras, sem que o garoto pudesse perceber. A nova lua trazia preocupações, e muitos se aproveitavam do terror para explorar suas ambições. O Quarto General de Kirigakure, e os vigias, separavam algumas informações do arquivos e formulavam uma nova missão a Kaido.

O bilhete atravessava a única janela do barraco em um formato de aviãozinho de papel. Nas asas do origami, o símbolo da Névoa estava estampado em tinta preta recém escrita. O garoto, sentado em um dos cantos de sua casa, coberto por um pano empoeirado e rasgado, se arrastou lentamente para pegar o papel, lendo-o pelas poucas abertura de luz do local. Kaido possuía a bandana de Kirigakure em sua cintura, mesmo não entendo exatamente como havia ganho a mesma. Se ergueu, amassando o bilhete e indo até a porta de sua casa, flexionando os joelhos e saltando por cima de uma lixeira, da lixeira para o poste queimado, do poste para a sacada de um apartamento pobre, da sacada para o telhado de uma casa menor e desse telhado para a direção de seu objetivo.

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Chūnin

30/5/2022, 10:05

Kaido preferia os telhados, as sombras, onde seus passos eram ocultados pelos saltos acrobáticos que fazia. Dessa forma, oculto pelo manto surrado em poeira, evitava o contato direto com outras pessoas, e seguia para o seu objetivo. Aquele bilhete gerava um certa estranheza em seu peito, não sabia exatamente como havia se tornado um shinobi, como havia treinado aquelas habilidades, sequer entendia o significado de ser um ninja, mas ao receber um objetivo, algo ardia em seu peito. O brilho dos postes variava entre os picos de eletricidade, apagavam, acendiam, e a cada segundo Kaido estava ainda mais próximo da área onde o pequeno ladrão agia. Mesmo enfrentando as maiores dificuldades, nunca se rebaixou a este nível, mantinha seu senso de certo e errado beirando ao correto. Observou rapidamente os arredores e escolheu um poste mais alto para ficar, abaixando-se, apoiando ambas as mãos no concreto enquanto observava a movimentação no chão. Naquele beco, a névoa cobria boa parte da vista de cima, mas as silhuetas que passavam emitiam um som molhado das poças que se formavam nos pedregulhos da calçada. — Pare... pare! — Uma voz feminina, com o tom desesperado e assustado, chegava até o garoto, com poucos metros de distancia. Ele saltou mais uma vez, a espessura do beco era propicia para que saltasse entre uma parede e outra, ganhando agilidade em zigue-zague. — Quietinha garota ou eu vou te fazer em pedaços! — Ameaçou o vilão, com uma faca em suas mãos, pressionando a arma nas bochechas da garota, que chorava enquanto as mãos do homem buscavam o que ele queria. Kaido chegou a pouco tempo do pior acontecer, parando sobre uma sacada logo acima do homem. Era o momento de agir.

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Chūnin

1/6/2022, 08:39

Os olhos do Kaguya olhavam para seu alvo como um caçador observando sua presa. Cada movimento do homem era detectado pelo garoto, que lentamente levou ambas suas mãos para a cintura, caçando em sua bolsa de armas um par de laminas kunai. De forma alguma utilizaria os ossos de seu corpo para resolver a situação, ele negava até o fim a existência de tal habilidade, entendendo-a como uma maldição presente em seu corpo. Com a canhota, Kaido puxou um simples pano preto abaixo de seu pescoço, levantando-o até o nariz, tampando daquela parte para baixo, tornando sua identidade ainda mais difícil de ser descoberta. Deixou seu corpo cair com leveza do poste, a alguns metros do homem. — O que é isso?! Quem está ai? — Esbravejou, soltando a moça, que tampou seu rosto temendo que algo ainda pior fosse acontecer. A névoa embaçava a visão do genin, visualizando apenas uma silhueta se aproximando. Seus olhos piscavam intensamente, e a dor em sua cabeça aumentava, de repente, todo o beco começava a ser substituído em seu imaginário. As paredes úmidas dos prédios se tornavam brancas. O chão rachado e sujo se tornava liso. A silhueta ganhava jalecos e uma seringa. — Não não não não nao! — Colocou as duas mãos na cabeça, balançando o corpo, sentindo a dor que o mantinha preso naquele ponto. As memorias do Kaguya retornavam naquele momento, inundando sua visão com o terror dos cientistas e dos experimentos que faziam em seu corpo. A raiva começou a subir em seu interior, abrindo os olhos e notando a proximidade do vilao. — Hahaha, esta ficando louco moleque? Eu resolvo isso pra voc... — Os olhos de Kaido vibravam em raiva, em seu mais puro instinto assassino, despertado pelo desespero de estar enxergando, na sua frente, um dos homens responsáveis por amaldiçoa-lo. Sua kunai encontrou a garganta do outro interrompendo a fala, fazendo-o cambalear com ambas as mãos no corte, sangrando em abundancia e terminando com sua vida após minutos de agonia. Kaido tremia enquanto olhava para sua mão ensanguentada. O genin saltou prendendo-se as paredes do prédio a dez metros do chão, observando a garota deixar o local aos gritos.

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Chūnin

2/6/2022, 10:52

Alguns segundos depois, o jovem Kaguya recuperou seu folego. A mão manchada de sangue foi limpada nas próprias vestes enquanto observava os arredores, esperando que os gritos não tivesse chamado muita atenção. Mas chamaram, e passos foram ouvidos atingindo as poças de água, eram rápidos e pesados, e a quantidade indicava mais de uma pessoa. Dez segundos depois, dois homens surgiam, abaixando ao lado do corpo morto do homem. — É um dos nossos... ele estava encarregado de trazer mais algumas crianças. Vamos voltar antes que o chefe se irrite. Queime o arquivo. — O maior deles foi o único a falar, ordenando para o mais baixo que limpasse o local. Um intenso brilho alaranjado cobriu o ambiente, espalhando a névoa e aquecendo os arredores. O fogo se iniciava, e o combustível para mantê-lo aceso era o corpo sem vida. — Crianças? — Serrou os punhos no cabo da kunai. Kaido saltou chutando a parede do prédio, atingindo um segundo edifício, saltando para outro, utilizando as sacadas para se pendurar e observar o caminho que a dupla tomava pelo solo. Rumavam para o norte de Kirigakure, utilizando alguns becos até entrarem em um ainda mais escuro, desaparecendo em seguida. A estranheza fez o garoto deixar as paredes e sacadas, tocando os pés no solo e seguindo por este meio. No beco, a saída era tampada por um muro alto, e logo em sua extremidade a única opção era a entrada de um bueiro para os esgotos. O semblante de incomodo era nítido. Kaido ajeitou sua mascara, seu capuz, seu manto, armou ambas as mãos com kunais, empurrando a tampa com o pé direito. Saltou, entrando no covil inimigo.

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Chūnin

8/6/2022, 10:41

Pousou lentamente sobre um liquido denso, mal cheiroso, com uma mistura de tons verdes e amarronzados. Graças ao chakra nos pés do Genin, sua perna não se afundou no liquido, conseguindo caminhar com facilidade pela água. A tubulação dos esgotos de Kirigakure possuíam pequenas lâmpadas em seus tetos, mas estas piscavam freneticamente com os picos de eletricidade. Mas felizmente eram suficiente para que Kaido pudesse avançar sem prejudicar sua visão. Conforme o garoto ia mais a fundo no local, podia ver pequenas ranhuras nas paredes. Se aproximou, levando a destra para perto de uma das marcações nas paredes, curvando os dedos e notando que se encaixavam perfeitamente nas unhas. Alguém havia passado por ali... e o desespero era tanto que suas unhas foram cravadas no concreto. Sabia que estava no caminho certo. Ajeitou sua mascara de pano, visando impedir um pouco mais que o mal cheiro do esgoto queimasse suas narinas. A iluminação aumentou levemente quando dobrou a esquerda, em um cruzamentos das tubulações, seguindo as mesmas marcas nas paredes. Logo, uma porta de ferro fez seus passos pararem, observando-a. Seu corpo estremeceu conforme a olhava, seus olhos piscavam rápido, sua mente começava a remontar o laboratório em sua visão. Quanto mais piscava os olhos, mais o cenário se transformava, ate o ponto onde não conseguia mais enxergar os esgotos, apenas um corredor branco e a porta de ferro. Empurrou, ela mal rangia, apenas deixava um forte feixe de luz branca chegar em seus olhos. Um grande salão esperava do outro lado. Mesas de cirurgia, cadeiras, jaulas, mordaças, correntes, instrumentos de tortura. Seu corpo paralisou, era tudo tão igual, até pior. — Quem é aquele? — Uma voz forte veio de longe, e quando olhou, o homem vestia um jaleco e se aproximava, mas seu corpo parecia não reagir.

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Chūnin

10/6/2022, 11:01

A visão turva do Genin fez seu corpo estremecer levemente ao observar o homem de jaleco se aproximando. Suas pernas não conseguiam sair do lugar, enquanto suas mãos se fechavam com força ao redor das laminas kunai que segurava. Era visível o terror que sentia naquele momento. — Conseguiu chegar até aqui para tremer todinho de medo? Essas crianças hoje em dia... — O sorriso do homem refletiu o brilho das lâmpadas que iluminavam o esconderijo. Kaido sentia o peso de cada criança capturada em seu próprio peito, se colocando no lugar delas como um dia esteve. A raiva borbulhava em seu estomago, subia por suas vísceras até seus olhos, arregalados e fixados no homem. De repente, todo o local voltava ao seu estado natural, o homem que vestia um jaleco retornava a apenas um magricelo com uma faca nas mãos, vestindo roupas comuns. O Instinto Assassino de Kaido pairava sobre o ar quando sua mente se recuperou das visões. O homem armado sentia aquela pressão vinda do garoto e parou seus passos, o observando. Disparou contra o homem de uma só vez, largando a kunai de sua mao direita e a direcionando ao peito do inimigo, tocando-o com a palma aberta. A força do golpe foi pouca, mas o suficiente para que a genética do Kaguya agisse naquele local. Os ossos de sua mão se expandiam com a presença de seu chakra, formando tres estacas que se fincavam no corpo do alvo, atingindo seus órgãos e retornando para dentro do corpo de seu manipulador. A vitima caia com o corpo perfurado e em poucos segundos já estava sem vida. A mão ensanguentada do Kaguya era o símbolo de sua Kekkei Genkai, o motivo por não utiliza-la, mas a fúria em seu interior e seu instinto traziam a tona o monstro que adormecia em seus ossos. Avançava mais a fundo no esconderijo.

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Chūnin

11/6/2022, 11:26

Quanto mais se aprofundava naquele local, mais ele se assemelhava a um labirinto. O primeiro salão dava acesso a um grande corredor com inúmeras portas, todas do mais puro aço, com uma pequena abertura de vidro para que pudesse observar o que acontecia dentro. Kaido se aproximou do primeiro quarto, observando a passagem de vidro. Por dentro eram pequenos, brancos, apenas com uma cama que parecia ser nada confortável, um vaso sanitário e nada mais. — É aqui que eles ficam presos... — Pensou, tentando ver os cantos do quarto... mas não havia ninguém naquele. Por isso, empurrou a porta com calma, ouvindo o ranger do aço arranhando no batente. Aberta, pode entrar e observar melhor. Logo abaixo da cama, uma poça de sangue fétido, seco a muito tempo. Kaido fechou os olhos e suspirou, saindo do quarto e avançando mais a fundo no corredor, olhando porta por porta, e todos os quartos estavam vazios. Até que, a mais de trinta metros de onde começou a procura, uma voz assustada ecoou pelas paredes de pedra. — Por favor! Pare!! — O grito infantil fez o sangue do Kaguya ferver, correndo na direção do chamado. O ultimo quarto estava mais iluminado do que os outros, e duas sombras se debatiam, uma era maior do que a outra, o que indicava que um adulto estava presente, ou pelo menos alguém muito maior do que a vitima. E se concretizou, Kaido chegou a tempo e puxou o maior pela roupa, jogando-o para fora do quarto, se colocando na frente de uma garota, que vestia um tipo de vestido branco sujo. — Q-Quem é você? — Ouviu o gaguejar da menina. Kaido fechou seus punhos e saltou contra o inimigo, levando sua lamina kunai diretamente em sua garganta. As costas do vilão bateram na parede com força enquanto sua garganta era perfurada e o sangue inundava e obstruía sua respiração, levando a morte em poucos segundos. Kaido olhou por cima dos ombros, observando a garota.

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