Zsuzsanna Zaharina empurrou um colchão desgastado para um canto sombrio da rua, debaixo de uma ponte solitária numa das ruas menos movimentadas de Kayabuki. O frio da noite envolveu-a rapidamente, penetrando em sua pele cansada e cortando até os ossos. Ela suspirou pesadamente, afastando os pensamentos de desespero que ameaçavam dominá-la. Tibbers murmurava para si algumas ofensas direcionadas para sua proprietária, com um tom de voz inaudível na escuridão.

— Se você tem algo a dizer, diga na minha cara. — Zenith murmurou, lançando o corpo contra a superfície endurecida que ela ousava denominar como uma “cama”.

Zsuzsanna ajeitou-se sobre o papelão irregular que servia de cobertor improvisado, mas nenhum ajuste parecia suficiente para aliviar o desconforto. O colchão duro e áspero abaixo dela parecia estar prestes a despedaçar sua coluna, caso permanecesse mais tempo deitada nele, arriscando uma noite tormentosa naquele Outono cruel. O clima estranho e as suas circunstâncias favoreciam o mal-humor evidente em seu semblante, visando desfrutar ao menos de alguns momentos de sossego após mais um dia frustrante intentando uma sobrevivência.

— Por que não dormimos agarradinhos? Tibbers? Acho que se usarmos nossos corpos para aquecermos, esse papelão todo não será de tanta serventia — Zsuzsanna sugeriu, deslizando o corpo para p lado — Mas se quiser continuar tão fodido quanto eu, finja que não existo — continuou ela, sua voz ecoando intensa naquela área deserta — Fale alguma coisa, esse silêncio é de matar.

Os grunhidos do urso foram as únicas respostas que obteve, vendo-o aconchegar o corpo nos utensílios poucos efetivos que possuíam no intento de qualquer repouso possível naquela circunstância. A nukenin limitou-se a fitar o concreto acima de si, refletindo sobre a vida miserável que estava levando e nas alternativas humilhantes que poderia adotar caso quisesse minimizar seu tormento. Ela havia adiado o máximo possível uma escolha tormentosa e desprezível, focando métodos honestos e convenientes para obter alguma sobrevivência. Havia um pouco de honra e dignidade nela, o bastante para perdurar apesar de tudo. "As horas arrastam-se como se estivessem deliberadamente zombando de mim", lamentou-se. "Cada segundo se estica até parecer uma eternidade, e mesmo quando finalmente encontro o doce alívio do sono, ele é interrompido por esses roncos desgraçados”, reclamou, olhando de soslaio para o mascote que de alguma forma havia conseguido adentrar em um sono profundo. A exaustão era compreensível o bastante para relevar tamanha anormalidade.

As lágrimas se misturavam com o frio em seu rosto enquanto ela fechava os olhos, desejando por um momento de paz em meio ao caos que se tornara sua vida. Mas mesmo nesses breves momentos de descanso, o conhecimento de que a manhã traria apenas mais um dia de luta e incerteza a deixava inquieta. "Dormir na rua é pior do que salvar o filho do Raikage", concluiu Zsuzsanna, sua voz agora cansada e resignada. A vida como kunoichi apetecia mais ela do que nunca.




Tibbers
HP: 350/350
CH: 350/350