— Bom dia, senhora Kari, por que já está de volta tão cedo? — perguntou a garota à senhora que havia acabado de entrar na loja com carregando alguns pergaminhos. A senhora Kari era uma ninja anciã, dona da floricultura, mas ainda trabalhava para o gabinete do Hokage distribuindo e delegando missões para os outros shinobis da vila. Tinha o rosto cansado e talhado por marcas do tempo, mas gostava do trabalho que fazia ajudando os jovens ninjas como Saori a entrarem na linha, essa missão de rank D que lhe fora conferida, por exemplo, foi indicação da senhora Kari. Cuidar de uma floricultura... Para a ruivinha sorridente atrás do balcão esse não era um trabalho digno de suas habilidades como kunoichi, mas entendi que existem degraus para subir pouco a pouco, até alcançar patamares maiores.

— Está tudo em ordem, como me pediu para deixar. — disse, aproximando-se da senhora para ajuda-la com os pesados  rolos de pergaminhos. — Todas as plantas já foram regadas. As que precisavam de adubo, adubadas, e o movimento do caixa hoje está ótimo! Me pergunto o motivo... — sua expressão era de pensativa, estaria perdendo alguma data especial? Não é como se tivesse um namorado nem nada do tipo, mas um interesse romântico ela tinha. Rin, um companheiro de sua equipe que àquela hora devia estar procurando um gato perdido ou sabe-se lá  o que. — Posso ir, então? — perguntou ela, enquanto já desamarrava o laço do avental em suas costas.

— Certo, eu farei isso! — disse Saori em resposta a madame Kari. A anciã lhe entregou dois pergaminhos, um vazio e um assinado com detalhes sobre outra missão e a garota colocou dois deles na mochila. A primeira de todas tratava-se da coleta de uma flor púrpura necessária para a produção de um medicamento. Qual era esse medicamento? Ela não fazia a menor ideia, mas devia ser algo importante para colocarem uma missão especialmente para esse resultado. Se os ninjas médicos não podiam sair do laboratório para buscar seus próprios insumos, só podia ser coisa séria, isso ela aprendeu com sua mãe que trabalha no hospital.

No caminho da busca para a bendita flor Saori entendeu o motivo de terem aberto uma missão pra isso. Era absurdamente longe. No mapa tudo parecia tão pertinho, tão pequeno, mas não! Ela ficou cerca de quatro horas subindo ladeiras naquela carruagem alugada para, enfim, chegar no seu local de objetivo. Bem, ao chegar no topo não fui muito difícil. Havia um vasto campo de flores ao seu redor, todas em tons de roxo, sendo algumas mais escuras e outras mais claras, entretanto da mesma espécie. Pelo que leu no pergaminho quanto mais escura a cor, mais princípio ativo pode ser extraído da planta, por isso ela se ateve às flores de coloração mais forte.

Tendo recolhido cerca de cem flores, mas deixando as plantas enraizadas para se recuperarem, a garota voltou para a carruagem. Todos os espécimes coletados foram selados em um pergaminho vazio para que não sofressem qualquer avaria durante o percurso tortuoso que era aquela descida à cavalo.


— Haru-sama, como está? Muito trabalho hoje? — perguntou ao ninja médico que havia sido chamado à recepção do hospital para que ela entregasse o pergaminho com as flores seladas. — Só assina aqui pra mim, por favor. — pediu, oferecendo o pergaminho com as especificações da missão, afinal só receberia seu pagamento se tivesse prova de que concluiu. — Tenho uma tarefa pra você: vai pra casa e descansa um pouco. Volte aqui em cinco horas e terei mais uma missão pra te dar. — disse Haru e afastou-se. — Mas aí vai ser muito- — começou, mas foi interrompida. Iria reclamar do horário, é claro. Já eram cinco da tarde e teria que sair em outra missão às dez da noite! — Te vejo logo. — disse o mais velho.