Após testar seus limites contra um adversário com um poderoso golpe físico e contra a fúria de uma própria cachoeira em seu pico, Shiso sentia que ainda podia liberar mais do seu potêncial em vitalidade. Ele já era, com certeza, mais resistente se comparado a quando começou sua jornada, mas provavelmente não o suficiente para voltar ao seu primeiro adversário e conseguir segurar todos os seus golpes e ainda revidá-los. O grisalho pôs-se então a pensar numa maneira eficiente e voraz de aumentar suas capacidades de maneira rápida e eficiente. Mais combates? Talvez daria certo, mas ele sentia que não era o momento ideal, mas que desafio poderia ser maior do que enfrentar corredeiras d'água em sua potência máxima...?

Shiso encontrara uma resposta para as suas perguntas, e um treinamento de sobrevivência na vida selvagem, num lugar remoto e sem ninguém para socorrê-lo, obrigando o Senju a sobreviver no meio das condições mais adversas possíveis ou morrer por ali mesmo, sem chance de socorro ou qualquer coisa do genêro. Pegou então, além do seu equipamento ninja, apenas um pouco de água e nada de comida, afinal isso a natureza oferecia e ele precisava do menor peso possível. Pôs então uma roupa propícia para o frio que sabia que sentiria e seguiu o seu caminho rumo a uma área remota não tão próxima a Kumo, que possuia uma floresta densa, havendo ali mais possibilidade de comida e água, mas havendo também um perigo multiplicado, já que todas as criaturas vivas querem um local com essas características. Quando ele chegou lá já era fim de tarde e ele precisava procurar algo pra comer. Foi então à caça e acabaria sendo mais difícil do que ele esperava, já que todas as criaturas menores ali pareciam muito adaptadas e atentas a predadores em potêncial, sendo assim toda vez que ele chegava minimamente próximo de alguma, ela se escondia num emaranhado de galhos e desaparecia.

O Gennin começou logo então a bolar um plano antes de fazer as coisas, já que sem isso provavelmente seria impossível continuar ali. Começou então a tentar coletar um pouco de madeira para erguer sem acampamento, mas a missão também era mais árdua do que parecia. Enquanto cortava algumas árvores baixas e pegava os galhos, formigas muitas vezes maiores do que as normais o atacaram, deixando sua mão com uma dor insuportável. Mas parar ali não era uma opção e dormir sob o relento seria muito pior do que suportar aquela dor e continuar o que ele estava fazendo, então seguiu seu trabalho colentando madeira e também cipós, mesmo com a mãos duas vezes maiores devido ao inchaço. Após coletar tudo o que julgou necessário, começou a juntar os itens para novamente ver que não era tão fácil quanto parecia. As madeiras tinham pouca aderência entre si, enquanto os cipós não eram tão fortes como deveriam e a construção em si ficou uma bela porcaria, porém a noite já havia caído e dormir sob as estrelas e com as roupas de frio era o que sobrara para Shiso. Como se não pudesse ficar pior, uma chuva começa sobre a floresta, deixando assim suas roupas encharcadas. Deitou-se então, mesmo em meio ao frio insuportável que tinha por ali, e tentou dormir.

Com muita dificuldade conseguiu pegar no sono após algumas horas, mas melhor seria se não tivesse conseguido. Acordou com sintomas de hipotermia devida as péssimas condições de sono e numa temperatura muito abaixo do ideal, não sentia portanto as pontas de seus dedos dos pés e das mãos, além de algumas partes de seu corpo estarem roxas. Além do roxo, era possível perceber inumeras picadas de todos os tipos de insetos que se pode imaginar. Muito dolorido e com vários sintomas que o deixavam mais fraco, Shiso ainda não tinha comido nada desde que chegou a floresta. Não tinha também feito fogo para cozinhar, e também não sabia o horário exatamente, pois o sol estava encoberto tanto pelas nuvens quanto pela copa das árvores. Mesmo com todos os empecilhos, ele pega sua kunai e sai em busca de alimento. Ele avista, então, um coelho que parecia estar num momento de desatenção, era a oportunidade da virada para o Senju. Após chegar na distância em que achou que conseguiria, ele mira sua kunai como se sua vida dependesse disso, porque depende na verdade, e arremessa passando por cima de toda a sua dor e superando também sua fraqueza. O sangue escorre pelas costas do pequeno mamífero, que teve a sua vida ceifada, mas dessa vez por um bem maior. Shiso recolhe aquela carcaça e começa a tirar os pêlos e preparar o animal enquanto procura um local ideal para cozinhar.

Após tirar as entranhas e a cabeça do animal, além dos pêlos, e deixá-lo completamente pronto para comer, Shiso precisava encontrar um local mais seco para conseguir o seu tão esperado fogo, não somente para cozinhar mas também para se aquecer, já que o frio seguia insuportável. Após procurar por algum tempo ele encontra uma formação propícia em que tinham galhos que a chuva não conseguiu atingir, além de um pouco de vegetação já seca, que é o ideal para começar o fogo. Shiso pega então sua kunai e uma pedra e após alguns minutos de tentativas, cortando sua própria mão devido a debilidade causada pela fome, pelas feridas pelo corpo e pelo frio, ele consegue uma fagulha na grama seca, que é o suficiente para começar o fogo e fazer a fogueira. Águe doce felizmente não tinha sido um problema e era abundante no local. Após cozinhar o coelho, comê-lo e se aquecer nas chamas, Shiso já se sentia melhor. A primeira noite foi muito difícil, mas foi também capaz de levar seu corpo a um novo nível de resistência, já que fora levado a situações que poucas pessoas aguentariam.

Ele tomava então o caminho de retorno a Kumogakure no Sato, trazendo consigo alguma experiência em vida selvagem, um pouco de experiência na sobrevivência no meio da floresta, trazendo também um corpo mais forte do que o que foi. Chegando a sua residência então, ele tomaria um banho e teria o seu merecido descanso para seu corpo se recuperar e estabilizar suas forças.