Ainda havia marcas deixadas de seu combate contra Hattori Shion. O braço direito ainda lhe faltava a cor da vida e do sangue, embora estivesse muito bem resguardado usando seus poderes nojentos de gelo. Levantou-se de seu trono e caminhou até outro salão. Aquela não era a mesma região onde enfrentara seu pai. Era um lugar ainda mais secreto, acessível apenas para poucos de sua extrema confiança. Com alguma dificuldade para andar e em sua forma normal, sem as marcações dos poderes supremos, ele desceu por um túnel que o levou a uma enorme caverna com pedras brilhantes de várias cores e formas. No centro da caverna um núcleo semelhante a um enorme ovo de cor verde, com uma espécie de corpo dentro dele ligado por um cordão umbilical.


Shaka aproximou-se daquela bizarrice e tocou na parede do ovo, sentindo o chakra intenso que residia no interior do casulo. O corpo flutuante dentro do recipiente balançou com o ressonar do chakra dele e foi possível ver um rosto muito semelhante ao da mãe de Shaka, porém, com veias saltadas na testa e uma estranha marca de cruz colocada entre seus olhos. — Só mais um pouco...  — ele sussurra e afasta a mão esquerda da casca. O líquido dentro daquela esfera borbulha como se respondesse.

Passos ecoaram atrás dele, aproximando-se pelo túnel secreto. Shaka não se agitou. Conhecia o chakra que se aproximava. Os passos se tornaram mais audíveis e a sombra feminina nasceu por entre o brilho das pedras. Hinka estava usando um manto branco com um pentagrama invertido nas costas, o capuz em sua cabeça escondia parcialmente seu rosto. — Essa é a verdadeira face de Katsura então?  — questionou e parou ao lado do líder, observando com um estranho interesse, beirando o insano. — Vamos chamá-la pelo seu verdadeiro nome de hoje em diante.  — Ele falou e deu as costas para aquela forma insólita de vida. — Katsura foi apenas um nome inventado para não terem medo da profecia sobre ela, mas seu nome verdadeiro é outro.  — Hinka o olhou confusa, depois voltou os olhos ao cadáver flutuante dentro daquele recipiente que se alimentava com pequenos cabos conectados no solo.

— Então qual seu verdadeiro nome?  — Hinka questionou aproximando o rosto da parede da casca.
— Seu nome é... Lilith.

Quando ele terminou a pronuncia de seu nome, a criatura dentro do ovo abriu um dos olhos com um brilho azul intenso e um chifre começou a brotar do lado direito de sua testa. Hinka sorriu em êxtase pela cena que estava presenciando, virou-se e seguiu Shaka que ia para fora do túnel. Os dois caminharam pela escuridão até voltarem à sala do trono onde Shaka sentou-se e cruzou as pernas, apoiando o rosto em sua mão.

— Precisamos juntar mais forças, nossa organização precisa finalmente dar seus primeiros sinais, só assim teremos força suficiente para trazê-la de volta à vida como realmente deve ser e assim exterminar de vez esse mundo.  — Shaka disse e viu Hinka ajoelhando-se diante dele, como uma serve obediente faria em condições normais.
— Já comecei a recrutar os membros, em pouco tempo estaremos prontos para começar a agir, Shaka-sama. A Zan nascerá muito em breve, eu não falharei novamente.   — Hinka disse com a voz branda.
— Então vá e junte os nomes que lhe entreguei.  — Shaka ordenou impaciente e Hinka assentiu deixando o salão.

Sozinho em seu trono, Shaka fechou o punho e bateu no braço da poltrona, cheio de fúria. Hattori Shion estava morto, mas levara seu braço, seu orgulho ao quase perder para aquela estranha técnica e... e agora não havia ninguém para continuar com aquilo. Seu pai estava morto, quem o pararia? Mas... ele estava mesmo? Shaka não conseguia deixar de ter a sensação amarga da derrota em seus lábios, mas não conseguia encontrar o chakra do pai, então, se ele ainda estivesse vivo, estaria muito bem escondido. Shaka suspirou. Provavelmente só não queria aceitar. Tudo que lhe restava era esperar para todos os escolhidos da Zan estarem prontos e então começar a destruir lentamente tudo que Shion deixou para trás.

O fim de tudo estava cada vez mais próximo.