A Procura

Ao retornar à vila, o caos ainda persistia. Um pouco diferente, mas ainda preocupante. Baixas tinham ocorrido e ainda se sabia poucas coisas sobre a situação. Ele voltou diretamente ao bunker onde deixara sobreviventes e recebeu a missão de encontrar um menino chamado Yashiro. Tinha cabelos pretos e um sinal debaixo do olho esquerdo, fácil de perceber. Suspeitavam de ele ter ido até sua casa, destruída no meio da confusão, que ficava próxima aos portões. Ainda que um pouco cansado, Kyo aceitou aquela missão, pois era um ninja. Faria quantas missões fossem necessárias no mesmo dia — ainda não tinha descansado desde a primeira. O dia era longo, mas as recompensas valiam a pena. Saltou do topo da montanha dos rostos dos Hokages, usando o chakra na sola dos pés para não se ferir, e correu pelas ruas da vila, procurando o menino. Tinha visto-o no bunker antes de sair, lembrava dele pela descrição. Parecia abatido, com medo de alguma coisa, ou só pesaroso. O jovem genin, sentindo-se cada vez mais capaz, continuou avançando, fazendo seu manto balançar contra o vento suave da neve que ainda não tinha atingido a vila. Pensava em todas as coisas ocorridas nas últimas horas e em como a vida não era nada, mas também refletia em como gostaria de dar sentido a tudo aquilo. Se tornar forte o suficiente para evitar caos, para punir malfeitores, para dominar tudo de acordo com a própria vontade. Então, no meio das reflexões, ele encontrou o menino na frente dos escombros da casa. Chorava, chamando pela mãe. Kyo entendia o luto. Entendi-o perfeitamente. Por isso mesmo gostaria de se tornar mais forte. Deu-lhe a mão e o ajudou a voltar ao bunker até tudo terminar.

O Resgate nas Minas Subterrâneas

Denvolvido o menino, Kyo foi encubido de outra missão. Seu olhar já estava neutralizado, como se fosse apenas uma ferramenta, assim como o termo shinobi sugeria. Uma ferramenta para a aldeia, mas uma ferramenta consciente o suficiente para sonhar em quebrar aquele sistema falho. A nova tarefa era ir até uma das minas próximas da aldeia e socorrer um grupo de mineradores que ficaram presos após o desmoronamento por causa da confusão. Ele aceitou e saiu correndo, colocando o capuz na cabeça para se esconder no meio da confusão, precisando encontrar uma brecha pelos muros para avançar para fora. Do lado de fora, continuou correndo, em velocidade máxima, até o ponto indicado pelo seu superior. Depois de alguns minutos, encontrou a mina e viu o estado desde a entrada.

Pedras ocultavam a entrada, tornando difícil o acesso. Precisou ter cuidado para não iniciar outro deslizamento, então não usou formas impactantes de remover as pedras. Com paciência, tirou algumas usando a força bruta, abrindo espaço, por menor que fosse, para entrar. Dentro, o local era escuro, com poucos feixes de luz transpassando pelas paredes através de tochas prestes a falharem. — Tem alguém vivo? — chamou e ouvindo gritos ao fundo. Respirou fundo acalmando o coração e avançou, mantendo uma mão no cabo da espada, torcendo para não precisar usá-la. Seguiu adentrando nas minas, ultrapassando áreas ora mais escuras, ora mais iluminadas até alcançar um grupo de sobreviventes. Três no total. Três homens de meia-idade. — Qual a situação? — questionou se aproximando.

— Uma criança? É isso que a vila nos manda? — resmungou um deles, o que aparentava estar mais ferido. Tinha uma massa de sangue deslizando por onde devia haver uma perna direita. — Isso é um absurdo! — gritou e estremeceu de dor, ouvindo um dos companheiros pedir-lhe calma. — A perna dele, a dinamite explodiu, ele... — Kyo parou e observou. O homem tinha perdido a perna por inteiro, ficara apenas um retalho de carne pendurado e um toco de osso saindo pelas carnes, músculos e nervos. — Iremos sair juntos. Vocês dois irão andando, eu levarei este daqui — Kyo explicou com bastante seriedade, mostrando uma aura muito mais madura para alguém de sua idade. Os três assentiram.

Os dois ficaram atrás e Kyo tomou o homem num dos ombros, permitindo assim ter a chance de usar uma das mãos caso fosse necessário. Estava impedido de usar ninjutsus assim, mas ainda tinha a sua nova espada e suas habilidades como espadachim teriam de funcionar. — Vamos — ordenou e a corrida teve inicio. Porém, no meio do caminho, o teto começou a estremecer e eles precisaram correr ainda mais. Kyo teve que manter certa velocidade baixa, pois os mineradores não conseguiriam acompanhá-lo, e isto quase os levou à morte. O teto começou a cair e Kyo teve de usar suas habilidades familiares para defendê-los; o estilo de luta dos Karakura fora iniciado ao sacar da espada e seus balanços com o corpo permitiram manter a compostura com o homem ferido, enquanto a espada, esticando-se e retraindo, cortava enormes rochas antes de elas caírem sobre todos. — Corram! — mandou aos berros e os homens correram à sua frente, sendo protegidos pela katana de Kyo enquanto ele mesmo avançava, mais lento, cuidando de todos. Caminhava mantendo giros, com os pés deslizando pelo chão, como numa dança macabra em meio à escuridão.

Por fim, saíram. Todos os quatro vivos. — Irei na frente, ele precisa de tratamento com urgência — avisou e avançou com toda sua velocidade. Entregou-o na enfermaria improvisada na academia e sentou-se no chão à descansar. O manto amarelado outra vez estava vermelho de sangue. Era como se aquilo fosse algo comum dali em diante...

Considerações.: