Takashi Seiji
A doce melodia dos ventos atravessando o deserto não era mais querida por absolutamente ninguém. Ele sabia muito bem disso, por mais que odiasse o fato. Concordava que sua vila estava morta há muitos anos, entendia que seu povo sofrera, e, mesmo assim, não entendia como. Parecia um absurdo sem precedentes como uma vila tão renomada como Sunagakure no Sato, organizador do primeiro Chunin Shiken mundial desde a formação das novas nações, havia sido destruída, afundada nos seus próprios desertos, graças a uma única entidade chamada Okina. Mas isso aconteceu. Muitas pessoas inocentes morreram, muitas fugiram, e os vastos desertos dentro de Kaze no Kuni tornaram-se morada de aldeias e mercenários, todos tentando sobreviver na jornada. Muitos ficavam nos arredores com esperança do retorno da gloriosa Sunagakure no Sato, outros porque não eram aceitos em outros lugares e, alguns ainda não tentavam, pois tinham idosos e doentes consigo. Um verdadeiro caos. A economia despencou; começaram os gastos com população, poucos impostos recebidos e mais gastos com mercenários contra outros mercenários. Acreditava que a iniciativa destrutiva de Okina não visava aquelas consequências, mas eram reais e ele precisava enfrentá-las.

Para tanto, o senhor daimyō, Takashi Seiji, decidiu reunir-se com outro senhor feudal cujo destino de sua força militar havia sido semelhante: o Daimyō Kazuo Riki, de Mizu no Kuni. Kirigakure no Sato, afinal, sofrera nas mãos da mesma inimiga. Afundada no oceano, ela nunca seria reerguida normalmente. Seiji ouvira que muitos ninjas foram enviados durante os diversos meses após o desastre. Tentativas frustradas, nem mesmo os famosos Hoshigakis conseguiram alguma coisa. Da mesma forma como Seiji sofria com custos expressivos, o mesmo ocorria a Riki.

Juntou-se a ele, então, durante uma reunião localizada numa zona neutra e ilhosa entre Hi no Kuni e Mizu no Kuni. Cada um carregava dois guarda-costas, ambos sem nenhuma bandana simbolizando aliança shinobi. Seiji contratara dois espadachins conhecedores das artes mínimas ninja. Diziam-se de nível chunin, para todos os fins. Fracos, ele pensava, lembrando-se da era onde não era escoltado por menos que Jonins e filiados especiais. Com eles, trouxera um enorme baú de ouro, sua aparente única riqueza. Carregavam como uma iguaria. Do outro lado, Riki também via com dois mercenários, estes ainda mais estranhos em suas faixas de seda. Carregavam uma espécie de caixa enorme, menos luxuosa. Colocaram os tesouros em cima da mesa, deixando-os fechados e conversaram. Primeiramente, cheios de farpas, mas depois de apenas alguns minutos, os dois notaram como podiam reforçar os interesses dos dois e ainda lucrarem muito — mesmo que isso ajudasse outras vilas.

Então revelaram seus tesouros.

Seiji carregava consigo três urnas de selamento cheios de fórmulas de fuinjutsus. Cada uma das urnas indicava um número, sendo eles: 1, 3 e 6. Ao redor das urnas iluminavam-se aos menores sinais de luzes algumas armas famosas: Kusanagi, Petrification Gauntlet, Fire Sword e Aian Nakkuro. Riki ficou empolgado e mandou abrirem seu caixote com outras três urnas semelhantes, mas com números diferentes, entre eles: 2, 5 e 8. Também ao redor, empilhadas e cobertas sutilmente, sendo necessário um dos mercenários para revelar, algumas armas famosas tais como: Raijin no Ken, Cleaver Sword e Kokutō.

Os dois riram, animados.

Pediram para o organizador do encontro, uma figura neutra também contrata, pele negra e óculos redondos, para fazer uma transmissão imediata aos demais Daimyōs espalhados no mapa; assim, em poucos minutos, estavam em contato com os donos das terras de Hi no Kuni, Tsuchi no Kuni e Kaminari no Kuni  — Fogo, Terra e Relâmpago. A transmissão os pegou de surpresa, mas os itens os pegaram ainda mais.

— Um leilão — sugeriu Seiji levantando-se e movendo as mãos com graciosidade para apresentar os itens. — Todos os senhores estão convidados, comprem os melhores artefatos para suas vilas. Fortaleçam suas nações e nós reergueremos as nossas!

O discurso foi acalorado. Os três ficaram espiados, pensativos. Trocaram opiniões levianas entre eles, quase desdenhando, mas chegaram a uma mesma conclusão, condecorada e exposta pelo Senhor de Hi no Kuni: — Nossos líderes serão os responsáveis pelo leilão, eles saberão melhor o que adquirir e por quanto, nós serviremos apenas como transmissores da informação. Avisaremos quando a data for decidida.

Seiji e Riki concordaram. A transmissão se encerrou. A reunião dos dois, também. Retornaram aos seus palácios e, naquela noite, Seiji sonhou com montes de ouro exatamente como seus pais e avós o contavam que acontecia no passado.