Ser incapaz de dominar a arte do ninjutsu ou do genjutsu era um fardo pesado, mas não tão pesado quando se tratava de um membro do clã Lee, suas virtudes e força de vontade faziam com que essa fraqueja fosse moldada em uma forma única de força e superação. Estava eu no campo de treinamento visualizando alguma maneira de melhorar minhas habilidades físicas e principalmente uma forma de me tornar mais útil sem ter base alguma nas duas outras artes shinobis, ali caminhei até o centro do campo e comecei a olhar para todos os cantos, a brisa batia em minha face enquanto uma ideia brotava em minha mente.

Respirava bem fundo e flexionava meus joelhos ficando em posição de combate, desferia alguns socos e chutes no ar para praticar meu taijutsu e aproveitar disso para começar um breve aquecimento, --As coisas podem começar a ficar interessantes—me aproximava de um tronco seco de árvore e ali fixava meu olhar meu em seu centro, “Um... dois... três... quatro... cinquenta.... cem” contava mentalmente a quantidade de socos dados no tronco, minhas mãos pouco sentiam a dor das repetições, algo bem útil devido a todos os intensos treinamentos feitos com meu irmão mais velho.

Minha contagem parecia jamais chegar ao fim, eu estava já chegando a contagem de 437 socos e mal podia sentir o cansaço e a dor me abatendo, talvez toda minha criação houvesse algum sentido, minha dependência unicamente em um estilo me fazia me tornar ainda mais forte do que se eu dominasse todos os estilos, eu podia sonhar com um futuro, um futuro onde o Ninjutsu e nem mesmo o Genjutsu pudessem me fazer falta, a questão maior era apenas me fazer forte o suficiente para tornar esses elementos pífios em minha vida. Dei uma pequena pausa para respirar, eu não estava cansado, aquilo era basicamente para ganhar algum tempo e assim preencher qualquer vazio que pudera existir em meu corpo, “Hora de começar novamente”, dessa vez eu proferi chutes naquela árvore, iniciei a contagem do um e segui contando, “Dois... três... quatro.... cinco... seis... sete.... oito... nove... dez... onze... doze.... vinte.... vinte e cinco.... quarente...” chute atrás de chute e finalmente uma gota de suor podia ser vista deslizando pelo meu pescoço seguindo até meus ombros e deslizando ainda mais até a altura de minhas pernas, “Se comecei a suar é porque está fazendo algum efeito”.

Suspirei com a perna conectada a árvore, ali era visível uma marca de minhas pernas, os incontáveis chutes estava deixando uma assinatura “azar o dela”, “cento e vinte, cento e vinte um, cento e vinte dois, cento e vinte três, quatro, cinco...” minha contagem novamente passava da casa dos cem e eu podia ver os frutos logo a frente... meus chutes pouco a pouco começaram a ficar mais fracos e lentos, mas meus princípios me impediam de parar, a dor e o cansaço jamais poderiam ser um obstáculo ou um incentivo para minha desistência, e quando isso viesse em minha mente eu deveria me centrar e tomar forçar daquilo para seguir treinando, seguir tentando avançar cada vez mais.

Mordendo os lábios eu seguia me martirizando ali, seguia me ferindo... chuta após chute, “ quinhentos e um, quinhentos e dois, quinhentos e três, quinhentos e quatro, quinhentos e cinco” sangue... eu já podia vê-lo na árvore, a cada chute uma mancha mais forte era deixada ali, mordi mais forte meus lábios e visando aquele “ferimento” eu comecei a lançar chutes mais fortes e mais intenso... “Não vou desistir, vou tirar forças de minha fraqueza”, mais um chute... e outro e outro... Minha perna estava ferida e a dor não era mais existente ali, o fato de eu ignorar e tentar me superar por algum motivo fazia com que a dor sumisse ou apenas me acostumei com ela mesmo... independente do que era, o importante era que estava fazendo efeito e me dando oportunidade de seguir com o treinamento.



HP: 200 CH: 200