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A tarde era agradável em Iwagakure. Mesmo não sendo tão bonita quanto o seu lar natal, Kaneto sabia que a vila oculta da pedra não era um lugar ruim, muito pelo contrário, foi uma surpresa ter sido recebido de uma maneira tão amistosa pela população local. Ainda recebia alguns maus olhados de gente que o via como um invasor, mas não lhes dava o mínimo de atenção, até porque o próprio menino não esperava tratar Iwa como um novo lar, apenas como um “abrigo provisório”.
O mundo estava em guerra, os servos de Jashin traziam morte e destruição por onde passavam, e só pensar nisso já trazia à Kaneto um ódio imensurável. Mas sabia que ainda não era hora de se servir de sua vingança, ela viria com o tempo e precisava ser melhor planejada. Para isso precisava ficar mais forte, no passado havia conseguido por um breve instante transformar sua pele em aço, e descobriu por meio de estudos que isso aconteceu por causa da sua afinidade com o elemento koton. Ele não podia perder a oportunidade que o destino lhe ofereceu, então decidiu que aperfeiçoaria essa técnica.
Pegando um livro na biblioteca da vila sobre o estilo elemental, se deparou com a descrição de um jutsu: “Steel Release: Impervious Armour”. Tinha quase certeza que esse era o jutsu que usou naquela situação, e agora que sabia os básicos de como ele funcionava, só restava conseguir repetir o feito. Foi para o campo de treinamento, procurou por uma área propícia para testar a habilidade, e ali começou a manipular seu chakra de forma semelhante a que dizia no livro. No início, não sentia diferença nenhuma, depois de um tempo começou a notar certa mudança de densidade na pele, mas nada muito alarmante.
“Mas que merda!”-exclamava o garoto, que só em poucos minutos de tentativa já sentia certo cansaço em manipular seu chakra daquele jeito.
Tentou novamente consecutivas vezes, até que uma hora algo diferente aconteceu, conseguia notar uma mudança aparente em certos pontos do braço. Não estava completamente endurecido, mas já era um início, e depois de mais algum tempo os pontos começaram a ficar maiores, até que o garoto se cansou completamente. Nem se deu conta e já estava desmaiado.
Quando acordou, percebeu o que acontecera e ficou furioso.
“Talvez eu seja fraco mesmo, e ser ninja não é pra mim”- os pensamentos passavam pela cabeça do garoto.
Mas então caiu na realidade, ele não podia desistir agora, ainda mais que era o início. Deu tapas na própria cara para acordar, e continuou o treinamento. Antes da noite chegar, Kaneto já conseguia manipular mais facilmente os pontos de chakra koton, deslocando-os para cobrir suas mãos por completo, repetindo o que fizera antigamente. Quando a noite chegou, não parou por aí, depois de descansar de novo e tentar mais vezes, conseguia cobrir os dois braços com o elemento. Dias e dias passaram, depois de muito descanso e trabalho duro, chegou a hora em que o garoto cobria seu corpo inteiro em aço preto. Manteve a forma por alguns minutos, e caiu no chão de cansaço
“Eu....consegui”- Falava para sí mesmo, quase sem conseguir respirar, mas orgulhoso.

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Mesmo sabendo os básicos do mano-a-mano, por conta da sua juventude difícil em Sunagakure, Kaneto não havia estudado quase nada sobre taijutsu em geral. Só poderia aprender mais sobre luta lutando, e como não tinha ninguém em mente que podia socar a cara sem maiores problemas, chamou um professor conhecido para auxilia-lo. Gondo Yami era um dos únicos professores da academia de Iwa que Kaneto não tinha nada contra, sua filosofia sobre o “caminho shinobi” era semelhante a do garoto, e ele também já havia passado por situações semelhantes a que o genin passava.
“O que você quer que eu te ensine?”- Perguntava o jonin.
“Preciso de um conhecimento mais aprofundado sobre taijutsu.”-Respondia o garoto, com determinação nos olhos.
O professor pensou por alguns segundos, conferiu seu horário de trabalho na academia, confirmou as horas e respondeu:
“Ta certo, acho que posso te dar umas aulas”
Kaneto agradeceu profundamente o professor, e o seguiu para o campo de treinamento.
No primeiro dia, Gondo explicava para ele a parte teórica da manipulação do chakra junto aos movimentos físicos, assim como exemplos de ninjas mestres em taijutsu e demonstração ao vivo de algumas técnicas como o Rakanken e o Goken. No segundo dia iriam fazer uma atividade prática, o professor trouxe para o treinamento um conhecido chunnin que já havia estudado com ele.
“Kaneto, eu vou demonstrar para você como eu e Yono lutamos”-Yono sendo o nome do chunnin.
Os dois shinobis se colocaram em posição, se cumprimentaram, e em frações de segundos já estavam travando uma acirrada disputa de socos e chutes. Era tudo muito rápido, nos olhos de Kaneto parecia até uma dança coreografada, não estavam usando nenhuma habilidade especial, puramente velocidade e estilos de luta diversos, que o garoto não conseguia reconhecer. Eles pulavam, esquivavam, chutavam o ar, acertavam um soco mas recebiam contra-ataques, tentavam derrubar um ao outro com movimentos giratórios mas erravam. Então pararam, se cumprimentaram novamente, e Gondo disse:
“Ok, agora é a sua vez”
Diferente do que o professor esperava, Kaneto não se surpreendeu.
“Pode deixar”- Dizia, cerrando os punhos.
Já estava doido para lutar, não tinha certeza se só com o que acabara de estudar e com a demonstração prática ele conseguiria derrotar o chunnin, mas confiança não era o que lhe faltava. Mas o mais inesperado aconteceu, eles se colocaram em posição, se cumprimentaram e Kaneto avançou primeiro para dar um soco, sem pensar direito. Em questão de segundos, o chunnin se esquivou do soco de Kaneto, fez um movimento e acertou em cheio a cabeça do menino com um chute, que caiu na hora. Quando recobrou a consciência, ouvia do professor.
“Amanhã você tenta de novo”- Não fez expressão nenhuma, mas para Kaneto sua cara mostrava decepção.
“NÃO”- O menino cabeça quente, que não aceitava derrota tão fácil, se levantou e tentou novamente dar um soco em Yono. Gondo se colocou entre os dois, segurou a mão do genin e com sua força o imobilizou no chão.
“Eu disse AMANHÔ- Gondo sabia do temperamento do garoto, e deveria trabalhar nessa parte.
A situação se repetiu por alguns dias, conseguia desviar de alguns golpes do chunnin, mas a batalha nunca durava muito tempo. No sétimo dia, Kaneto percebia seus erros, seu temperamento fazia com que ele não conseguisse pensar direito enquanto lutava, e deveria controlar isso. Respirou fundo, esvaziou a cabeça, se colocou em posição e fez o cumprimento. Dessa vez quem avançava era o chunnin, mas Kaneto parecia ter desacelerado o tempo na sua cabeça, e percebia exatamente onde o oponente queria o acertar. Desviou do golpe, fez um movimento e acertou Yono com o cotovelo, algo que nunca tinha feito em todas as suas lutas.
Não foi forte o suficiente para nocautear, então o chunnin ainda se levantava facilmente e ameaçava avançar, mas não foi necessário pois Goken parou a luta.
“Então, o que mudou dessa vez?”- Perguntava o professor para seu aluno.
“Bom, eu pensei direito antes de agir.”- Respondia, ainda não estava completamente são de como não aceitar a derrota era um grande defeito, mas sabia que precisava controlar seu temperamento.
Era isso que Gondo esperava do menino, e mostrou para ele um sorriso de orgulho. Mais dias se passavam e mais Kaneto aprendia com os treinos, tanto no taijutsu quanto de si mesmo, até porque o menino bem sabia que lutar não era a única coisa importante nessa jornada.