Prévia: Fugaku ouviu as queixas do sindicato de comerciantes do vilarejo, que pareciam estar com os ânimos exaltados com tantos eventos como roubos, chantagens e perda de colheitas por bandidos. Assim, ele elaborou um mapa com as áreas mais perigosas.
Missão: Investigar e interceptar uma rota de contrabando na região montanhosa de Iwagakure.

Já era por do sol quando Fugaku entrou no hospital de Iwagakure. Depois de se indetificar como gennin do vilarejo, foi conduzido por um médico até o quarto onde o jovem contrabandista estava internado, que os deixou conversar a sós. O local era simples, com uma cama de madeira, uma pequena mesa e uma janela que deixa entrar a luz dourada do final da tarde. Quando leu a ficha do garoto, posicionada em um suporte ao lado da porta, descobriu que ele tinha 17 anos. Encontrou-o deitado, um dos braços enfaixado, o olhar carregado de desconfiança e cansaço, e a perna elevada por uma polia com um contrapeso na outra extremidade. Havia algo em sua postura que faz o ar do ambiente parecer mais denso.

— Você teve sorte. Não é todo dia que as montanhas devolvem alguém com vida. — Ele falava calmamente, fechando a porta com cuidado, sem desviar os olhos do garoto.

O menino devolveu, desviando o olhar, e com a voz baixa
— Não preciso da sua piedade.

— Piedade? Não confunda misericórdia com piedade. Eu te trouxe aqui porque achei que valia a pena salvar alguém como você. E não há nada que me fará mudar de ideia, nem mesmo você. — Sua voz também começava a se tornar pesada.

O contrabandista engoliu seco, mas tentou manter a pose. Seus dedos inquietos brincavam com o lençol.
— Já disse o que sabia. Não tenho mais nada pra falar.

Fugaku deu alguns passos até a janela, sem pressa, observando o sol que começava a se esconder atrás das montanhas. Ele ergueu uma mão e puxou as cortinas, bloqueando a luz. O quarto foi tomado por uma penumbra densa. Ele continuou sem se virar para o garoto, sua silhueta agora mais imponente.
— Você pode continuar nesse jogo de silêncio... Mas permita que eu explique algo: a verdade está na luz, mas o coração flamejante também age durante o anoitecer, quando ninguém está olhando. E, agora, só estamos nós dois neste quarto.

O garoto arregalou os olhos, sua respiração vacilando.
— O-o que você vai fazer?

— Nada, se você falar. — Fugaku cruzou os braços, a voz baixa, observando por cima do ombro esquerdo. — E antes que me pergunte, não vou levantar um dedo contra você. Não seria o certo a se fazer. Só quero ouvir como um grupo que te abandonou à morte merece sua lealdade. Por que você ainda protege aqueles que só enxergam o que podem tirar de você?

O garoto hesitou, respirando fundo. Ele olhou para as cortinas fechadas. Depois para Fugaku, que tinha se virado e caminhado na direção do seu leito, parando a sua frente antes de permanecer imóvel, como uma estátua.
— Não é tão simples... Eles são tudo o que eu tenho. Sem eles, eu... eu não sou nada.

Fugaku inclinou-se levemente, sua voz adquirindo um tom frio, cortante:
— E é por isso que eles te jogaram fora como se fosse nada? Pense bem. Você está aqui, vivo, porque o Senhor da Luz me deu uma chance de te salvar, e eu te dei uma chance de continuar a viver. Será que eles fariam o mesmo?

O silêncio pairou por alguns instantes. O garoto começou a tremer levemente, as mãos apertando o lençol com força. Finalmente, ele cedeu:
— Tá bom... Tá bom! Eles estão numa caverna... nas montanhas ao norte. Sempre se reúnem ao anoitecer. Mas tem armadilhas por toda parte... Se você for sozinho, pode ser perigoso.

Fugaku observou o garoto por alguns segundos, deixando o silêncio pesar antes de abrir as cortinas novamente. A luz voltou a iluminar o quarto, quebrando a tensão. Ele deu um leve suspiro, mas manteve o tom sério:
— Viu? Isso não foi tão difícil. Agora, pense no que vai fazer com sua vida quando sair daqui. Não jogue fora a segunda chance que recebeu. Nem todo mundo tem essa sorte.

Ele se virou para sair, mas parou na porta por um momento.
— E uma última coisa... Não fale sobre o que aconteceu aqui. Ninguém precisa saber. — Permitiu-se sorrir com os cantos da boca antes de sair pela porta. — Eles voltariam com ainda mais garra para buscá-lo se soubessem que você andou recebendo visitas de um ninja envolvido na luta contra o contrabando.

O garoto apenas o observou sair.



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O sol já havia desaparecido por completo, e a escuridão começava a engolir as montanhas quando Fugaku finalmente avistou o que procurava. Ele havia seguido rastros quase imperceptíveis por horas: pegadas que se misturavam à poeira, marcas nas rochas e até vegetação amassada em padrões que indicavam o transporte de mercadorias. Agora, parado atrás de uma formação rochosa, ele observava a entrada da caverna.

A boca do esconderijo era bem camuflada, parcialmente escondida por pedras naturais e arbustos baixos que só um olhar atento notaria como deslocados. À frente da entrada, duas figuras estavam posicionadas. Os homens usavam roupas simples, mas suas posturas eram endurecidas como a de soldados. Cada um segurava uma lanterna de óleo, cuja luz oscilava ao sabor do vento.

Antes de se aproximar, algo chamou a atenção de Fugaku no chão próximo à trilha que levava à caverna. Ele se abaixou, examinando um fragmento de cerâmica partida. Pegou o pedaço entre os dedos, estudando o material e o padrão de pintura desgastado.
— Isso é de Iwagakure... — sussurrou, estreitando os olhos.

O fragmento fazia parte de um tipo de jarro utilizado pelos comerciantes da Vila da Pedra, especialmente aqueles que lidavam com óleo e grãos. Fugaku já havia visto peças assim antes, durante missões em que ajudara a proteger o estabelecimento que os comerciava de roubos. Ele virou o fragmento, notando manchas escuras de óleo seco na superfície.
— Então, é verdade... Estão desviando e vendendo as mercadorias roubadas...

A descoberta confirmou os relatos e as suas suspeitas. A presença do jarro significava que o grupo estava lidando com bens saqueados, provavelmente das mesmas rotas que os comerciantes haviam mencionado. Ele fechou a mão em torno do fragmento e guardou-o consigo, como prova.

Voltando sua atenção à caverna, Fugaku se agachou, protegendo-se atrás de uma pedra maior para não ser visto. Os vigias pareciam tranquilos, conversando entre si em tons baixos. Ele estreitou os olhos, observando os detalhes. A distância, conseguiu notar que um deles carregava uma kunai presa à cintura, enquanto o outro apoiava uma espada curta no chão, casualmente. Apesar da aparente descontração, Fugaku sabia que um alarme ou qualquer movimentação errada poderia atrair reforços rapidamente.

Ele permaneceu imóvel, respirando fundo. Sua mente trabalhava rapidamente, avaliando o cenário. O vento carregava o som das vozes dos vigias de forma intermitente. Era difícil captar toda a conversa, mas Fugaku podia ouvir trechos desconexos sobre "mercadorias" e "o chefe", confirmando que estava no lugar certo.



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A noite se fechava ao redor das montanhas, mas a luz da lanterna dos vigias tremulava, projetando sombras vacilantes na entrada da caverna. Fugaku deu um passo à frente, saindo das rochas que o escondiam. O som seco de suas sandálias sobre o cascalho ecoou, atraindo imediatamente a atenção dos dois guardas.

— Quem está aí?! — o primeiro vigia gritou, erguendo a kunai em posição defensiva.

— Parado! Não dê mais nenhum passo! — ordenou o segundo, firmando a lança no chão.

Fugaku não respondeu de imediato. Em vez disso, caminhou lentamente na direção deles, com o martelo Seigi no Tetsui apoiado sobre o ombro. Seu olhar fixo e postura calma, quase indiferente, faziam os guardas ficarem mais tensos.

— Vocês são os responsáveis por vigiar a entrada desta operação. Vocês vão me levara até o líder de vocês. — ele ordenou em tom imperioso, finalmente quebrando o silêncio.

— Quem é você saber e por que faríamos isso?! — retrucou o homem com a kunai, tentando esconder a insegurança em sua voz.

— Não importa quem eu sou. O que importa é o que vai acontecer agora. — Fugaku estava parado a sete metros deles. — E o que pode acontecer caso decidam não cooperar.

O guarda com a lança riu nervosamente.
— Ah, é? Somos dois, você está sozinho. Talvez devesse pensar melhor antes de tentar algo idiota.

Fugaku inclinou a cabeça levemente, avaliando-os, e deu um sorriso frio, sem humor. Guardou seu martelo na cintura.
— Talvez vocês devessem ser mais cuidadosos, afinal, não sou eu que penso precisar de vantagem numérica. Eu tenho o Deus em meu coração, e isto vale mais do que a força de mil homens.

O homem com a kunai, cansado do tom ameaçador, avançou com um grito, brandindo a arma.
— Vou mostrar a você quem está na vantagem!

Antes que ele pudesse chegar perto, Fugaku as mãos, concentrando chakra através de quatro selos de mão realizados em sequência a velocidade de 2s/s. Em um instante, um raio de luz brilhante disparou de sua palma direita, atingindo o peito do agressor. A explosão de calor o lançou para trás, e ele caiu no chão com um grito de dor, largando a kunai. Aquilo iluminou todos os arredores em um brilho luminoso.

O outro guarda arregalou os olhos, abaixando a lança imediatamente e correndo para ajudar o companheiro ferido.
— Ei! Você está bem?!

O homem ferido tentava se levantar, gemendo de dor enquanto segurava o local atingido. Embora não estivesse mortalmente ferido, o impacto e o calor haviam deixado uma queimadura considerável.

Fugaku se aproximou devagar.
— Eu disse que não vim aqui para lutar. Mas preciso que me levem até o líder de vocês, ou o próximo golpe não servirá apenas de exemplo.

O guarda intacto levantou as mãos, tentando demonstrar rendição.
— Certo! Certo! Nós levamos você. Só... não machuque mais ninguém.

— Eu confio que vocês foram iluminados pela sabedoria e não vão tentar me atacar a esmo novamente. — Fugaku abaixou as mãos, indicando que estava disposto a seguir em frente sem mais violência.

O homem com a lança ajudou o companheiro ferido a se levantar, apoiando-o em seu ombro. Fugaku os seguiu em silêncio, atento a cada passo enquanto os dois guardas o guiavam para dentro da caverna.

No interior, a luz das lanternas oscilava contra as paredes de pedra úmida. O som abafado de vozes e o cheiro de óleo e mercadorias armazenadas começaram a preencher o ar.



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O som das botas dos guardas e de Fugaku ecoava pelos túneis enquanto avançavam. O ar ficava mais abafado e carregado conforme se aproximavam da câmara principal, e sinais da operação clandestina se tornavam mais evidentes: caixas com cerâmicas quebradas, tecidos de boa qualidade mal empilhados e até algumas joias dispersas, claramente saqueadas.

Ao entrar na grande câmara iluminada por tochas, Fugaku encontrou o coração do contrabando. Uma mesa grosseiramente construída dominava o centro do espaço, cercada por cinco figuras que discutiam algo com gestos exagerados. O homem ao centro, evidentemente o líder, bateu a mão na mesa ao notar os guardas entrarem acompanhados de Fugaku.

— MAS O QUE DIABOS É ISSO?! — ele gritou, sua voz rasgando o ambiente como uma faca. Ele apontou para os dois guardas, seu rosto vermelho de raiva. — Como vocês PERMITIRAM que um intruso entrasse?! Vocês são inúteis! Dois idiotas incapazes de proteger uma simples entrada!

Os dois guardas ficaram paralisados, nervosos, sem saber o que responder. O líder, um homem magro, mas de postura frenética, jogou uma cadeira para o lado, apontando um dedo ossudo diretamente para Fugaku.

— E quem diabos é você? Acha que pode simplesmente aparecer aqui? Isso é algum tipo de piada?

Fugaku, impassível, deu um passo à frente. Ele segurava o seu martelo firmemente na mão, a cabeça da arma reluzindo sob a luz trêmula das tochas.
— Meu nome não importa. Sou de Iwagakure, e estou aqui para acabar com as operações de contrabando que prejudicam os comerciantes honestos da região.

O líder riu histericamente, um som quase desafinado que ecoou pela caverna.
— "Comerciantes honestos"? Bah! E o que isso tem a ver comigo? Este lugar é meu! Minhas regras, meu território! Você é só um ninja metido a herói!

— E um herói sozinho! — provocou um dos homens ao redor da mesa, apontando para Fugaku com um sorriso debochado. — Acha que pode derrotar todos nós?

Outro completou, com os olhos fixos no martelo de Fugaku:
— Na verdade, eu quero aquele martelo. Deve valer uma fortuna.

O líder, ainda exaltado, olhou para o martelo com um brilho ganancioso nos olhos.
— Hah! Um ninja desarmado não seria problema para nós... — Ele deu alguns passos à frente, parando perto de Fugaku. — Vou te dar uma chance, intruso. Você deixa esse martelo brilhante aqui, como pagamento pelo incômodo, e nós consideramos deixá-lo ir embora sem se ferir. Se não...

Ele não terminou a frase, mas o sorriso sádico em seu rosto deixou claro o que estava implícito.

Fugaku permaneceu calado, apenas observando o líder com um olhar inexpressivo. Então, lentamente, ele ergueu o martelo, segurando-o com uma das mãos como se fosse um peso leve.
— Esse martelo é um bem muito mais valioso do que vocês, meros criminosos, podem imaginar. Só existem alguns como ele em todo o mundo, feito especialmente para cada menino que parte da minha terra em direção a essa terra estrangeira. Mas, pelo bem de Iwagakure, se é isso que você quer...

A tensão no ambiente ficou quase palpável. Os homens ao redor da mesa se entreolhavam, alguns com sorrisos nervosos, outros claramente imaginando o lucro que poderiam obter com a arma. O líder estendeu a mão para o martelo, sua expressão ávida e triunfante.

— ...eu concordo.



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Os contrabandistas assistiam em silêncio enquanto Fugaku caminhava até a mesa central. Ele segurava o martelo com uma expressão neutra, mas sua postura irradiava controle absoluto da situação. Os passos ecoaram, marcando o ritmo lento e calculado da sua aproximação.

— Aqui está o martelo. — disse Fugaku, com um tom firme e inabalável. Ele colocou a arma no centro da mesa com um som seco, que ressoou pela caverna. — Como prometido.

O líder dos contrabandistas, com um sorriso ganancioso que se alargava ainda mais, levantou-se apressado da sua cadeira. Seus olhos estavam fixos no martelo posto a sua frente como se fosse um troféu conquistado. Ele parou à mesa e estendeu a mão, ignorando os olhares hesitantes de seus comparsas.

— Finalmente, algo que vale a pena! — Ele agarrou o cabo da arma com força. Ao mesmo tempo, em uma fração de segundo, Fugaku fez o selo do pássaro antes de tornar seu braço direito brilhante, coberto por chakra luminoso do seu elemento Hikariton. Aquilo aumentaria sua força com o Hikariton: Nikken.

Por um instante, houve silêncio absoluto. Depois, um grito agudo irrompeu.
— ARGH! O QUE É ISSO?!

Fugaku não hesitou. Segurou o pulso do homem com sua mão direita e pressionou a mão do líder contra o cabo.
— Você queria o martelo, não queria? — Sua voz era baixa, mas cheia de autoridade. — Então segure-o. Não se preocupe, o calor é só um lembrete.

O líder tentou soltar o martelo, mas a mão estava presa pela força de Fugaku. Uma luz intensa começou a brilhar do cabo, queimando sua pele como se ele estivesse segurando ferro incandescente. O brilho dourado se intensificou, refletindo nas paredes da caverna e deixando os outros homens boquiabertos, enquanto o cheiro de carne queimada infestava a sala abafada.

O líder se contorcia de dor, os dentes cerrados enquanto tentava se libertar.
— Pare! Solte! Eu... eu não sabia que...!

Fugaku manteve o olhar fixo nos olhos aterrorizados do homem.
— Esse martelo é uma arma de justiça, forjado para defender os inocentes. Ele rejeita mãos impuras. — Ele não soltou o pulso do líder, impedindo que ele largasse a arma e caísse de joelhos, segurando a mão cujas queimaduras claras se tornavam cada vez mais profundas em sua carne.

Os outros contrabandistas se afastaram da mesa, o medo evidente em suas expressões. Fugaku estava prestes a deixar o homem livre do martelo.
— Ouçam bem. — Sua voz ecoou pela caverna. — Iwagakure não tolerará mais contrabando na região. Voltem para onde vieram e espalhem a palavra: vamos retomar a segurança do vilarejo e dos entornos. A trilha estará acabada antes do final desta semana, e não quero mais escutar nenhum relato de roubo, ou eu voltarei para buscar cada um dos envolvidos;

Finalmente, Fugaku largou a mão arruinada do homem apenas para recolocar seu Seigi no Tetsui de volta a sua cintura. Os demais hesitaram por um momento, mas o líder, caído no chão, apenas gritava com a voz trêmula. Fugaku deu uma última ordem:
— Vão! Saiam daqui! AGORA!

Os comparsas correram para os túneis sem olhar para trás, deixando o líder sozinho com o gennin. Fugaku ficou parado no centro da caverna por alguns instantes, observando enquanto eles desapareciam na escuridão. Quando o último som de passos se dissipou, ele virou-se para as caixas de mercadorias roubadas e passou os dedos sobre uma cerâmica intacta, reconhecendo o artesanato local.

— Os comerciantes de Iwagakure vão querer isso de volta.

Com um último olhar ao redor, Fugaku ergueu o corpo do criminoso desmaiado de dor e saiu da caverna com ele sobre um dos ombros, deixando para trás o lugar vazio e um cheiro asqueroso de pele, músculos tendões e carne humanos queimados profundamente.



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