O sol mal havia nascido quando fui convocada ao Quartel General de Iwagakure. Ainda esfregava os olhos enquanto cruzava as ruas tranquilas da vila, tentando imaginar o motivo de tamanha urgência. Ao entrar na sala principal, fui recebida por um ambiente carregado de tensão. Três Jōnins estavam reunidos em torno de um pergaminho aberto sobre a mesa. Era evidente que algo grande estava em jogo.

— Biskka, esta missão será um teste importante, — disse o Jonin, entregando-me um retrato. O rosto que me encarava era marcado por cicatrizes e olhos frios.

— Este é Kurotsu, um Nukenin altamente perigoso. Ele abandonou a vila há três anos, e temos razões para acreditar que ele está em posse de informações sensíveis sobre a resistência. Isso o torna ainda mais valioso vivo.

Estudei o rosto com atenção, gravando cada linha e detalhe. Kurotsu não era apenas um traidor, mas também uma peça-chave em algo maior. Essa missão não era apenas sobre capturá-lo ou eliminá-lo; tratava-se de proteger a vila de algo potencialmente devastador.

— Ele foi avistado nas áreas periféricas da Montanha de Onyx. Acreditamos que esteja se movendo para um esconderijo mais seguro. Sua tarefa é rastreá-lo e neutralizá-lo. Caso ele ofereça resistência, a eliminação é autorizada. Mas, se for possível capturá-lo, traga-o vivo.

— Se o unimigo é tão formidável, talvez eu precise ir com tudo e trazê-lo vivo pode ser... complicado. — disse enquanto encarava-o atráves daquela foto. A responsabilidade pesava, mas também sentia o reconhecimento implícito na atribuição dessa missão. Essa não era minha primeira missão de Rank B, mas com certeza era a mais complexa.

— Você tem até o final do dia para se preparar. Seja estratégica, Biskka. Este não será um inimigo fácil de lidar.

Assenti, sentindo o peso da responsabilidade e o fogo que crescia em meu peito. Era hora de provar meu valor novamente — e de prestar mais serivços a Iwagakure no Sato.

Considerações:

Com o retrato de Kurotsu ainda fresco em minha mente, fui direto para meu quarto. A primeira etapa era organizar meus equipamentos e alinhar os pensamentos para a missão. Havia algo no olhar dele, naquela imagem, que me deixava inquieta. Ele não parecia apenas perigoso; havia uma aura de mistério que exigia cautela. Minha bolsa foi preenchida com o essencial: kunais, shurikens, fios de aço, algumas bombas de fumaça e pílulas de energia. Cada ferramenta cuidadosamente selecionada, sabendo que precisaria de tudo o que pudesse carregar. Embora minha especialidade fosse o Taijutsu, o confronto direto com um ninja do calibre dele não seria sábio sem planejamento.

Vesti meu uniforme com precisão, ajustando as bandagens nos braços e as faixas de proteção nos tornozelos. O movimento mecânico ajudava a acalmar minha mente, como se estivesse me armando tanto física quanto emocionalmente. Antes de sair, peguei o mapa que o Jonin havia me entregado e o estudei com atenção. A Montanha de Onyx era traiçoeira, com árvores tão densas que o sol mal penetrava. O terreno irregular e os rumores de armadilhas naturais não facilitariam meu avanço. Mas era ali que Kurotsu havia sido avistado pela última vez, e eu precisava me preparar para o pior.

Com os preparativos completos, dirigi-me ao portão da vila. O Jonin me aguardava, sua expressão inabalável. — Lembre-se, Biskka, Kurotsu é um adversário formidável. Confio em você, mas não baixe a guarda. — Assenti, absorvendo suas palavras como um lembrete final. Ao atravessar o portão e sentir o vento frio da manhã no rosto, a realidade da missão tomou conta de mim. Estava na hora.

Considerações:

O trajeto até a Montanha de Onyx era mais longo do que eu imaginava. Cada passo me aproximava de um terreno mais desolado e perigoso. As montanhas que cercavam Iwagakure eram famosas por seus picos irregulares e trilhas traiçoeiras. Mesmo assim, não poderia me dar ao luxo de hesitar. Conforme avançava, o ambiente mudava drasticamente. As árvores que marcavam o início do caminho deram lugar a rochas pontiagudas e encostas escorregadias. O silêncio era quase absoluto, exceto pelo som das botas esmagando a gravilha e o vento assobiando entre as pedras. Este lugar parecia perfeito para alguém como Kurotsu se esconder.

Fiz uma breve pausa ao alcançar um platô estreito. De lá, pude ver uma parte da vila ao longe, uma visão que sempre carregava em minha mente para me lembrar do que estava protegendo. O ar frio da montanha fazia meu corpo arder com o esforço, mas isso não importava. Minhas habilidades seriam colocadas à prova, tanto no rastreamento quanto no combate. Enquanto verificava o mapa novamente, identifiquei uma trilha estreita que levava a uma caverna nas encostas superiores. Era um dos lugares mais prováveis para Kurotsu se esconder. A posição oferecia visibilidade privilegiada e proteção natural contra ataques. "Se eu fosse ele, escolheria exatamente esse ponto", murmurei.

Com os punhos firmemente fechados e os sentidos atentos, recomecei a caminhada. Cada passo precisava ser calculado; qualquer distração poderia ser fatal. Kurotsu poderia estar observando ou até mesmo armando emboscadas. Esse pensamento me mantinha em alerta máximo. A Montanha de Onyx era tão implacável quanto o inimigo que eu estava prestes a enfrentar. Ainda assim, sabia que cada segundo que passava ali era um avanço em direção ao meu objetivo.

Considerações:

A imensidão da Montanha de Onyx era desafiadora. Cada curva e elevação revelavam mais possibilidades de esconderijos. Não era surpresa que Kurotsu tivesse escolhido esse lugar como refúgio; a complexidade do terreno tornava qualquer perseguidor vulnerável. Era como se a montanha estivesse conspirando a favor dele. Comecei pelo lado leste, onde as encostas eram mais íngremes e os penhascos formavam sombras densas mesmo sob a luz do dia. Minha primeira tarefa era identificar sinais de passagem recente: pegadas, galhos quebrados, marcas na terra. O vento forte apagava rastros, tornando cada pista um enigma a ser desvendado.

Parei perto de uma rocha maior, onde percebi um detalhe interessante: pequenas pedras deslocadas, como se algo ou alguém tivesse passado por ali há pouco tempo. Inclinei-me, examinando mais de perto, mas as marcas eram inconclusivas. Podia ser qualquer coisa: um animal ou, talvez, Kurotsu. Continuei, subindo por uma trilha estreita que serpenteava em direção a uma formação rochosa mais alta. O lugar era perfeito para observação e controle da área ao redor. Quando alcancei o topo, fiquei parada por um momento, analisando o horizonte. Meus olhos percorreram cada canto em busca de algo fora do comum.

Então, ao longe, algo chamou minha atenção: uma fina coluna de fumaça subindo contra o céu limpo. Meu coração acelerou. Poderia ser Kurotsu? Ele estaria descuidado o suficiente para acender uma fogueira? Peguei o mapa e tentei localizar a direção exata. Parecia vir de um vale mais abaixo, em uma área cercada por pedras altas. Com cuidado, comecei a descida, mantendo meus movimentos silenciosos. Cada passo era calculado, cada som avaliado. No entanto, quando me aproximei o suficiente para ver melhor, percebi que não era um esconderijo. Era um grupo de mercadores acampando, suas risadas ecoando pelas pedras. Fiquei escondida por um momento, observando-os. Nada indicava perigo ou conexão com Kurotsu. Apenas pessoas comuns seguindo suas vidas. Recuei em silêncio, frustrada, mas ciente de que ainda havia muito a investigar.

Considerações:

A frustração de encontrar apenas mercadores não me abateu. A Montanha de Onyx era imensa e cheia de mistérios, e eu sabia que Kurotsu não era alguém que cometesse deslizes facilmente. Isso significava que ele deveria estar em um lugar onde nem mesmo a natureza o traísse. Continuei a exploração, dessa vez rumando para o lado norte da montanha, onde formações rochosas criavam corredores estreitos e cavernas ocultas. O vento soprava forte ali, como se quisesse me impedir de avançar, e cada passo era acompanhado pelo som de pequenas pedras rolando encosta abaixo.

Cheguei a uma área onde a vegetação era escassa, mas algumas marcas no chão chamaram minha atenção. Agachei-me para inspecionar melhor: a terra estava levemente afundada, como se alguém tivesse pisado ali com cuidado, tentando não deixar vestígios. Olhei ao redor, procurando por mais sinais, e encontrei uma marca discreta na lateral de uma rocha — parecia o rastro de algo sendo arrastado. Segui os indícios com cautela, mantendo o foco em cada detalhe ao meu redor. Os corredores naturais entre as pedras me obrigavam a usar mais do que meus olhos: o som do vento, o cheiro de terra e até as vibrações no chão eram informações que eu não podia ignorar. Por um instante, senti algo estranho. O ar parecia mais denso em um ponto específico, como se ali houvesse uma abertura escondida.

Aproximei-me com cuidado e encontrei uma entrada parcialmente bloqueada por pedras. Era uma fenda estreita que dava para o interior da montanha. Encostei o ouvido na rocha, tentando captar qualquer som do outro lado, mas tudo que ouvi foi o silêncio absoluto. Havia duas opções: investigar ou marcar o local e voltar mais tarde. Decidi entrar. Ajustei minha bolsa e me espreitei pela fenda, a respiração lenta e controlada. O espaço era apertado, e a luz quase inexistente, mas a adrenalina mantinha meus sentidos alerta. O que poderia estar esperando por mim ali dentro? Uma pista sólida? Um emboscador à espreita? Cada passo adiante era um mergulho no desconhecido.

Considerações:

O ar dentro da caverna era frio e úmido, com um leve cheiro de musgo. A luz do dia desapareceu rapidamente conforme eu avançava, e tudo ao meu redor mergulhou em escuridão quase total. Dependia apenas da lanterna que carregava em minha bolsa. Acendi-a, projetando um feixe de luz que cortava as sombras à minha frente. As paredes estreitas da fenda logo se abriram em um pequeno salão natural. Era um espaço peculiar, com marcas nas pedras que pareciam artificiais. Agachei-me para examinar o chão e encontrei algo revelador: resíduos de cinzas misturados com terra. Alguém havia acendido uma fogueira ali, mas fazia tempo. Toquei as cinzas, frias como gelo, indicando que ninguém usava o local havia dias ou semanas.

Continuei inspecionando o ambiente. No canto, perto de uma saliência, havia restos de comida — embalagens de ração ninja semi-destruídas e ossos de pequenos animais. Era uma evidência clara de que alguém havia passado por ali, talvez usando a caverna como refúgio temporário. Meu coração acelerou. Kurotsu podia estar mais próximo do que eu imaginava. Enquanto analisava os detalhes, percebi algo ainda mais estranho: uma marca no chão, como se algo pesado tivesse sido arrastado dali em direção a um túnel menor à direita. Era estreito demais para permitir a passagem fácil de mais de uma pessoa, o que o tornava o próximo ponto óbvio de investigação.

Caminhei lentamente em direção ao túnel, mantendo os sentidos em alerta. Minha mão repousava sobre o coldre da kunai em minha cintura, pronta para reagir a qualquer movimento. A cada passo, o som do eco aumentava, e o silêncio opressor parecia se fechar ao meu redor. De repente, um som interrompeu minha concentração. Um leve gotejar, ritmado e constante, ecoava nas profundezas. Era quase hipnotizante, mas não me distraiu. Precisava continuar em frente. Se Kurotsu estivesse aqui, ele teria planejado cada detalhe de sua defesa. Eu estava entrando no território dele, e qualquer descuido poderia ser fatal. Segui pelo túnel, meus passos calculados e a mente focada. A caverna parecia interminável, mas algo me dizia que eu estava chegando perto. Muito perto.

Considerações:

Enquanto caminhava pelo túnel, meus passos eram calculados, e meus sentidos estavam em alerta máximo. O silêncio era denso, apenas interrompido pelo gotejar distante que ecoava pelas paredes. Cada músculo do meu corpo estava preparado para qualquer movimento estranho. Ou, pelo menos, era o que eu achava. Foi rápido. Um instante de distração, talvez um som abafado vindo do nada, e então senti o impacto. Algo duro e certeiro acertou a lateral da minha cabeça, arrancando o controle do meu corpo. A dor explodiu como uma onda, e meu mundo girou violentamente. Tentei reagir, mas era tarde demais.

Minhas pernas cederam. O túnel escuro tornou-se ainda mais sombrio enquanto meus olhos se fechavam contra a minha vontade. Não consegui identificar de onde veio o ataque, e a única certeza que tinha era de que não estava sozinha ali. O chão frio da caverna foi a última coisa que senti antes de tudo apagar. O tempo era um conceito que escapava enquanto eu permanecia desacordada. Quando voltei a mim, a dor pulsava na minha cabeça, uma lembrança cruel do golpe. Pisquei algumas vezes, tentando ajustar a visão no ambiente escuro e recuperar a noção do que havia acontecido.

Considerações:

O despertar foi lento e doloroso. Uma pulsação constante na lateral da minha cabeça me trouxe de volta à consciência, acompanhada de uma sensação de fraqueza que percorreu meu corpo. Meus olhos piscavam rapidamente, tentando se ajustar à escuridão ao meu redor, enquanto um som abafado de gotejar ecoava pelas paredes. Algo estava errado. Tentei me mexer, mas meu corpo não respondia como deveria. Só então percebi: meus braços estavam amarrados atrás das costas, as cordas apertando meus pulsos com força. Minhas pernas também estavam presas, imobilizando qualquer tentativa de fuga. A textura das cordas era áspera, deixando claro que quem fez aquilo não queria correr riscos. Olhei ao redor com cuidado, meus sentidos tentando captar qualquer pista. Estava em uma das câmaras da caverna, um espaço fechado e claustrofóbico. A luz era mínima, vinda de uma tocha distante que projetava sombras dançantes nas paredes. Meus equipamentos haviam desaparecido, deixando-me vulnerável e desarmada.

Meu coração acelerou, mas forcei-me a manter a calma. Precisava pensar. Quem me capturou? Era Kurotsu? Se fosse ele, por que ainda não havia me eliminado? Minha mente girava com perguntas, mas as respostas estavam longe. Uma sombra se moveu na periferia do meu campo de visão, e minha respiração ficou presa por um instante. Ouvi passos leves, metódicos, que se aproximavam de mim. Um homem surgiu da escuridão, sua silhueta ficando mais clara à medida que se aproximava da tocha. Era ele. Kurotsu. Reconheci as cicatrizes em seu rosto e o olhar frio que havia memorizado no retrato. Ele parecia analisar-me com curiosidade, como se estivesse calculando seu próximo movimento.

— Você é mais teimosa do que imaginei, garota. — disse ele, sua voz grave e cheia de um desprezo controlado. — Achei que uma Genin não viria sozinha atrás de mim. Iwagakure está mais desesperada do que pensei. — Engoli em seco, mantendo minha expressão firme. Não podia mostrar medo. Precisava ganhar tempo, entender suas intenções e buscar uma saída.

— Você cometeu um erro ao me capturar — respondi, minha voz baixa, mas firme — Subestimou a minha patente e me amarrou com cordas simples...? — disse com um sorriso sonso enquanto o encarava de baixo. Ele sorriu, um sorriso gelado que não alcançava seus olhos.

— É mesmo...?

Considerações:

As cordas que prendiam meus pulsos e tornozelos eram simples, apertadas, mas longe de serem um desafio. Kurotsu havia me subestimado — um erro comum ao lidar com alguém de classificação mais baixa. Mantive minha respiração controlada, esperando o momento certo enquanto ele caminhava de costas para mim, distraído. Com movimentos precisos, comecei a forçar as cordas, torcendo os pulsos para encontrar um ponto de tensão mais fraco. Poucos segundos depois, senti o nó ceder. Ele subestimou minha força e habilidade com movimentos sutis. Assim que minhas mãos estavam livres, me concentrei em soltar os pés.

O som de cordas caindo no chão foi abafado pelo eco da caverna. Num piscar de olhos, levantei-me em um movimento fluido e silencioso, preparando-me para atacar. Kurotsu ainda parecia alheio ao que acontecia, seu olhar fixo na entrada da câmara. Não hesitei. Saltei em sua direção com um golpe direto, concentrando minha força e velocidade em um chute direcionado à lateral do seu corpo. Por um momento, pensei que tinha vantagem. A surpresa, o impulso... mas então ele se virou com uma velocidade que mal pude acompanhar. Seu braço interceptou meu chute com força, jogando-me para o lado como se eu fosse uma folha ao vento. O impacto me lançou contra a parede da caverna, e a dor explodiu nas minhas costas quando atingi a rocha fria. Soltei um gemido involuntário, tentando recuperar o fôlego.

— Hunf, teimosa... — ele disse, a voz carregada de um tom quase entediado.

Levantei-me, ignorando a dor que irradiava pelo meu corpo. Meus punhos estavam cerrados, e a frustração fervilhava. Kurotsu não era apenas forte — ele era experiente, calmo e preciso. Mesmo assim, eu não podia recuar. Não agora. Apenas o encarei enquanto sentia uma dor transpassar meu corpo. Ele riu, o som ecoando pelas paredes da câmara. — A diferença entre nós, garota, é que eu sei exatamente onde estão os limites de cada um. E você... está prestes a descobrir os seus.

Mesmo repelida, senti que havia testado algo importante: a confiança excessiva de Kurotsu. Isso poderia ser usado contra ele, mas não agora. Não sem um plano.

Considerações:

Minha respiração era pesada, cada movimento drenando mais da minha energia enquanto o Quarto Portão permanecia aberto. A pressão sobre meus músculos era imensa, mas nada comparado à frustração crescente. Cada ataque, cada golpe que eu desferia, era simplesmente anulado.

Kurotsu nem parecia se esforçar.

— Você tem habilidades impressionantes para uma Genin. — ele comentou, desviando de um chute giratório que explodiu uma pedra próxima. — Mas força bruta não é o bastante contra alguém como eu. — Seus pés estavam firmemente plantados no chão, como se ele fosse parte da montanha. Antes que pudesse recuar, ele formou selos rápidos com as mãos. Uma barreira emergiu do solo, bloqueando meu ataque antes mesmo de chegar a ele. O impacto da minha técnica causou rachaduras, mas não foi o suficiente para romper a defesa. Com um movimento fluido, ele dissipou a barreira e, ao mesmo tempo, fez com que o chão sob meus pés se movesse como areia movediça. Perdi o equilíbrio por um segundo, e foi tudo o que ele precisou para contra-atacar.

Novamente executou selos de mãos numa velocidade incrível e pontas afiadas de rocha surgiram ao meu redor, forçando-me a saltar para trás para evitá-las. Mesmo com minha velocidade aumentada pelo Quarto Portão, ele parecia prever cada movimento, me mantendo sob controle. Eu aterrissei longe dele, ofegante. Meus punhos estavam cerrados, os músculos queimando. O Quarto Portão estava me permitindo manter a luta, mas sabia que não poderia sustentá-lo por muito mais tempo. — Ele é mais forte do que imaginei — pensei, minha mente trabalhando freneticamente para encontrar uma abertura.

Meu sangue fervia, mas não podia deixar que ele me desestabilizasse. Essa luta não era apenas sobre força; eu precisava de uma estratégia, uma forma de usar o ambiente a meu favor. A Montanha de Onyx era o território dele, mas também era cheia de riscos e possibilidades. Mesmo diante do cansaço, eu sabia que havia uma fraqueza em sua confiança. Kurotsu estava dominando o combate, mas subestimava o quanto eu estava disposta a ir além. Precisava de um plano, e rápido.

Considerações:

Meus músculos estavam exaustos, e o Quarto Portão cobrava seu preço. Mesmo assim, não podia desistir. Ele era forte, mais forte do que qualquer adversário que eu havia enfrentado até então, mas não invencível. Precisava mudar minha abordagem. Minha mão foi instintivamente até a bainha presa às minhas costas, e, com um movimento rápido, saquei a Kōzoku no Tsurugi. A lâmina curva brilhou na fraca luz da caverna, suas pelagens brancas balançando suavemente ao movimento. A espada sempre foi minha última cartada, uma arma que carregava com orgulho, mas que raramente usava.

Os olhos de Kurotsu estreitaram-se. Pela primeira vez, ele parecia levemente curioso. — Então a Genin tem um trunfo — ele disse, o tom sarcástico de sempre, mas agora com uma pontada de cautela. Avancei, focando toda a minha energia em um corte rápido e preciso. A Kōzoku no Tsurugi era diferente de qualquer lâmina comum. Sua leveza e equilíbrio tornavam meus movimentos ainda mais ágeis, e sua curva permitia ataques imprevisíveis.

Kurotsu ergueu uma barreira improvisada para bloquear o golpe. Mas a Kōzoku no Tsurugi não era apenas uma arma afiada. Ao tocar a rocha, a lâmina ressoou com um som agudo, cortando o escudo como se fosse papel. O impacto quebrou sua postura defensiva, obrigando-o a recuar. — Interessante — ele comentou, uma expressão de surpresa agora evidente em seu rosto. — Mas ainda não é o suficiente.

Kurotsu rapidamente recuperou o controle, formando selos com velocidade assustadora. "Doton: Prisão de Terra!" O chão ao meu redor começou a subir, tentando me aprisionar em pilares de pedra. Saltei para evitar a armadilha, mas ele já estava me esperando no ar. Sua força era esmagadora. Mesmo com a Kōzoku no Tsurugi em mãos, ele conseguia desviar ou redirecionar meus ataques com precisão implacável. Cada golpe que eu desferia era repelido, e seus contragolpes me obrigavam a recuar mais uma vez. Mas algo havia mudado. Ele estava mais atento agora, menos confiante. A Kōzoku no Tsurugi havia conseguido o que eu precisava: plantar a semente da dúvida. Se pudesse manter a pressão, talvez encontrasse uma abertura.

Considerações:

O ar na caverna pareceu congelar de repente. A atmosfera pesada fez minha respiração ficar irregular, como se o oxigênio tivesse sido arrancado do ambiente. Foi quando percebi: não era apenas força ou técnica que tornavam Kurotsu tão perigoso. Ele exalava algo mais. Algo primordial e sufocante.

Sakki.

O instinto assassino dele tomou conta do espaço, invadindo meus sentidos como um predador que cerca sua presa. Meu corpo reagiu antes mesmo que minha mente processasse. Meus músculos travaram, a Kōzoku no Tsurugi tremendo em minha mão. Por um momento, fui incapaz de me mover. Tudo que podia fazer era sentir o peso esmagador da intenção de matar que ele lançava sobre mim.

— Então é isso? — A voz dele cortou o silêncio como uma lâmina. — Você sentiu? A diferença entre nós? Agora sabe como é enfrentar um verdadeiro ninja. — Meus pés pareciam colados ao chão. Minha mente gritava para reagir, mas meu corpo não obedecia. Cada célula parecia tomada pelo medo instintivo, uma reação visceral ao poder absoluto que ele projetava. Kurotsu avançou sem pressa, a confiança dele crescendo a cada segundo que eu permanecia paralisada.

— Já acabou — ele declarou, seus olhos brilhando com a certeza da vitória. Foi então que ele atacou. Seu punho, envolto em uma camada densa de pedra graças a sua técnica Doton, colidiu com meu torso. O impacto foi brutal, como se uma rocha tivesse desabado sobre mim. Fui lançada para trás, minha espada escorregando da minha mão e ecoando ao bater no chão. Antes que pudesse me recuperar, ele estava sobre mim novamente. “Doton: Punhos de Pedra!” Ele gritou, e ambos os punhos agora estavam cobertos por uma camada ainda mais espessa de rocha. Golpe após golpe, ele não me dava chance de reagir. Cada soco parecia quebrar algo dentro de mim, fosse um osso ou minha resistência. Tentei levantar os braços para bloquear, mas a força dele era avassaladora. Era como se a própria montanha estivesse me esmagando.

— Você achou que poderia me enfrentar sozinha? — Kurotsu cuspiu, sua voz carregada de desprezo enquanto desferia outro golpe direto ao meu abdômen. Senti o gosto metálico de sangue encher minha boca. Meu corpo, agora fraco e ferido, desabou no chão da caverna.

A intenção assassino do inimigo ainda pairava no ar, sufocante, mas a intensidade diminuiu. Ele sabia que havia vencido este embate, mas seus olhos ainda analisavam cada movimento meu, como se esperasse mais uma tentativa de resistência. Mesmo caída, com a visão turva e o corpo ensanguentado, eu ainda queria lutar.

Considerações:

O Sakki de Kurotsu era esmagador. Era como se todo o peso da morte tivesse se materializado e se curvado contra mim, empurrando minha alma para o abismo. Cada passo que ele dava em minha direção parecia fazer a caverna tremer. Meus músculos estavam rígidos, meu coração batia em um ritmo caótico, e o pensamento da morte sussurrava em minha mente como uma canção inevitável. Eu estava paralisada. O medo me dominava, como uma sombra que sussurrava que não havia escapatória. E, pela primeira vez, a ideia de fracassar se tornou real. Então, entre o som abafado de meus próprios pensamentos, veio uma fagulha de memória. Não, uma presença. Não era Kurotsu. Não era a caverna. Era o eco de algo dentro de mim, uma voz que há muito tempo havia sido minha força.

— E-eu... eu não treinei tanto... — Lentamente, minhas mãos encontraram o chão, pressionando contra ele enquanto eu começava a me erguer. Kurotsu parou, observando com um misto de curiosidade e impaciência. — A ponto de quase quebrar meus ossos para morrer aqui... — Eu o encarava com ferocidade, mesmo que meu rosto estivesse rubro pelo sangue. Meu peito queimou, um fogo que crescia enquanto minha mente processava a verdade. Eu ainda estava viva. E enquanto houvesse vida, eu ainda tinha força. O medo que me mantinha imóvel era o mesmo que podia ser usado para avançar.

— Você ainda consegue se levantar? — ele zombou, sua voz cheia de desdém. Mas havia algo mais. Ele sabia que algo estava mudando.

Minhas pernas tremiam enquanto lutavam contra o peso do Sakki, mas eu continuei. Primeiro de joelhos, depois meio erguida. E então, com um grito que reverberou pela caverna, fiquei de pé. Meus olhos encontraram os dele, e no mesmo instante, ele percebeu: o seu Sakki não tinha mais poder sobre mim.

—Desgraçada...! — ele murmurou. Mas era tarde demais.

O calor no meu peito explodiu, uma onda de energia que tomou conta de todo o meu corpo. Eu senti os Portões de Chakra se abrindo novamente, mas desta vez, não parei no Quarto. Minha aura cresceu, primeiro um brilho intenso ao meu redor, e então, como uma tempestade em fúria, ela explodiu. As pedras ao redor racharam com o impacto da liberação.

O Sexto Portão: Portão da Visão.

Meu corpo queimava com uma energia avassaladora. Minha pele parecia estar em chamas, mas a dor era um lembrete de que eu estava viva e em movimento. O medo foi consumido por algo maior, algo incontrolável. Kurotsu recuou instintivamente, os olhos arregalados. Pela primeira vez, ele não parecia completamente seguro de si.
Com um salto, atravessei a distância entre nós em uma fração de segundo. Minha velocidade era avassaladora, e o primeiro golpe que desferi foi o suficiente para fazê-lo vacilar. Ele ainda era poderoso, mas agora, pela primeira vez, a balança havia mudado.

A luta estava longe de terminar, mas Kurotsu não enfrentava mais a mesma garota.

Considerações:

Minha energia transbordava, cada movimento do meu corpo fluindo como uma força imparável. O Sexto Portão queimava dentro de mim, uma chama que transformava minha dor em poder. Mesmo assim, Kurotsu ainda era um adversário formidável. Suas técnicas de Doton eram precisas, seus golpes como avalanches, mas algo havia mudado: ele estava começando a perder o controle. Ele rosnou, avançando com os punhos ainda envoltos em pedra. Troca após troca, nossos golpes ecoavam pela caverna, cada impacto rachando o chão ou as paredes ao redor. Ele atacava com a força de um terremoto, mas eu agora conseguia acompanhar sua velocidade e prever seus movimentos. A cada instante, suas defesas pareciam mais vulneráveis.

Kurotsu, porém, ainda carregava aquele traço que o definia: sua confiança. Para ele, eu ainda era uma Genin — uma garota ousada, mas incapaz de superá-lo. E foi exatamente isso que decidi usar contra ele.

— É tudo o que você tem? — provoquei, esquivando-me de um golpe que pulverizou uma rocha atrás de mim. Seus olhos brilharam de raiva, e ele avançou com mais força, exatamente como eu esperava. Ele estava deixando suas emoções tomarem conta, sua confiança se transformando em impaciência. Era minha chance. Desviei de seus próximos ataques, aproximando-me centímetro a centímetro. Cada esquiva parecia calculada, mas casual o suficiente para mantê-lo seguro de que ainda estava no controle. Foi no momento em que ele ergueu o braço para um golpe descendente que vi minha oportunidade.

Minha mão direita apertou a Kōzoku no Tsurugi com firmeza, a lâmina curva brilhando com uma aura tênue sob a luz difusa da caverna. Girei meu corpo em um movimento fluido, abaixando-me para evitar o golpe de Kurotsu e, em seguida, saltei em direção a ele com toda a força acumulada. Ele percebeu tarde demais. A lâmina perfurou seu abdômen com um som surdo, e um gemido escapou de seus lábios. Seus olhos arregalaram-se, mais de surpresa do que de dor.

— Você... — ele tentou dizer, mas sua voz falhou.

Foi então que a habilidade da Kōzoku no Tsurugi se manifestou. Um brilho prateado percorreu a lâmina e, em um instante, o corpo de Kurotsu começou a endurecer, como se estivesse sendo envolvido por correntes invisíveis. Ele tentou se mover, mas seus músculos não respondiam.

— O que... é isso? — ele conseguiu murmurar, sua voz carregada de incredulidade.

—A habilidade especial da minha lâmina — respondi, arfando, mas mantendo meu olhar fixo nele. — A Kōzoku no Tsurugi não é apenas uma espada. Quem for ferido por ela será paralisado, incapaz de se mover. — Kurotsu tentou lutar contra os efeitos, mas foi em vão. Suas mãos caíram ao lado do corpo, e ele desabou de joelhos, incapaz de resistir. Eu me afastei, ainda segurando a espada. O peso do Sexto Portão começava a cobrar seu preço, mas a visão de Kurotsu imóvel à minha frente era um lembrete de que a luta estava acabada. Me subestimar foi a ruína do inimigo, enquanto o silêncio da caverna tomava conta novamente.

Considerações:

O silêncio na caverna era quase ensurdecedor. Apenas o som de minha respiração pesada preenchia o vazio, ecoando nas paredes de pedra. Kurotsu estava paralisado, ajoelhado diante de mim, seus olhos arregalados de incredulidade enquanto lutava contra os efeitos da Kōzoku no Tsurugi. Mas ele não tinha mais forças. Ele não tinha mais controle. Sua figura começou a tombar para frente, a gravidade vencendo seu corpo agora rígido. Foi nesse momento que minha mente clareou. Não podia deixar espaço para erros. Ele era um traidor, um homem que carregava segredos perigosos sobre a vila. Se houvesse qualquer possibilidade de ele escapar, mesmo mínima, isso colocaria Iwagakure em risco.

A energia do Sexto Portão ainda queimava dentro de mim, alimentando meus movimentos. Com um salto rápido, posicionei-me diretamente à frente de Kurotsu. Segurei a Kōzoku no Tsurugi com ambas as mãos, levantando-a para o golpe final. Com um movimento limpo e preciso, desferi o golpe. A lâmina curva brilhou por um instante antes de encontrar o pescoço de Kurotsu. A cabeça dele foi separada do corpo com uma precisão cirúrgica, girando no ar por um momento antes de cair ao chão com um som surdo. O corpo paralisado tombou logo em seguida, inerte e sem vida.

Eu parei ali, meu corpo tremendo com a intensidade do momento. O brilho ao meu redor começou a diminuir enquanto eu liberava o Sexto Portão. A dor em meus músculos era quase insuportável, como se meu próprio corpo estivesse se partindo. Caí de joelhos, apoiando-me na Kōzoku no Tsurugi para não desabar completamente. Minha respiração era pesada, e meu coração martelava em meus ouvidos, mas, pela primeira vez desde o início dessa missão, senti um alívio. Ele estava morto. A ameaça que Kurotsu representava para Iwagakure havia acabado. Fechei os olhos por um momento, permitindo-me sentir a frieza do chão contra minha pele quente. O fogo dentro de mim finalmente se extinguia, deixando apenas a exaustão no lugar. Mas não importava. Eu estava viva. Ainda que precisasse descansar um pouco antes de voltar para Iwagakure. Assim, desmaiei no chão frio da caverna e só acordaria horas depois.

Considerações: