—  O amanhecer em Iwagakure trouxe consigo um céu nublado, mas nem mesmo as sombras das montanhas ao redor poderiam escurecer minha determinação. O dia seria dedicado ao meu treinamento, uma necessidade para moldar meu corpo em uma arma perfeita. Se a destruição do Volga havia me ensinado algo, era que a força do Mangekyou Sharingan, por mais poderosa que fosse, não bastava sozinha. Minha mente e corpo precisavam acompanhar o peso desse poder.

Deixei a vila ainda ao romper do dia, carregando comigo apenas o essencial: minha Kusanagi, bandagens, e suprimentos básicos. O destino era um vale isolado entre penhascos, longe do olhar curioso dos aldeões. Aqui, o silêncio e a austeridade do ambiente refletiam meu estado de espírito. Não havia distrações, apenas o som do vento e da minha respiração.

Comecei com uma corrida simples, um circuito de 10 quilômetros que serpenteava pelos desfiladeiros. O terreno era traiçoeiro, com pedras soltas e declives abruptos que exigiam toda a minha concentração. Cada passo era um teste de resistência e equilíbrio. Meu corpo queimava com o esforço, os músculos das pernas latejando enquanto a respiração se tornava mais pesada. Mas isso não era suficiente.

— Mais rápido, Mayer. Não há glória na mediocridade. — murmurei para mim mesma, forçando as pernas a se moverem em um ritmo mais intenso.

O sol subia no horizonte quando finalmente completei o percurso, mas a linha de chegada era apenas o início. Assim que conclí o trajeto, passei para uma série exaustiva de treinos de força. Encontrei uma árvore caída e a levantei sobre os ombros, mantendo o equilíbrio enquanto realizava agachamentos. Cada movimento trazia uma dor aguda, mas era uma dor que eu havia aprendido a abraçar. Era o tipo de dor que anunciava progresso.

Depois de 50 repetições, minhas pernas tremiam, mas não parei. Coloquei a árvore de lado e passei para flexões com um peso improvisado — uma pedra que eu havia rolado de uma encosta. Ela pressionava minhas costas com um peso esmagador, mas mantive o ritmo. Cada flexão era um desafio, meus braços ameaçando ceder a qualquer momento.

— Mais uma. Sempre mais uma.

As palavras ecoavam na minha mente, como um mantra que não me deixava parar. Quando terminei, meu corpo estava coberto de suor, e o sol já estava alto, ofuscado pelas núves que traziam um calor abafado.

Não havia tempo para descanso. Segui para a parte mais delicada: o treino de precisão e controle. Retirei a Kusanagi de sua bainha e me posicionei em frente a uma fileira de alvos improvisados feitos de troncos. A ideia era simples: golpear cada alvo com precisão milimétrica, sem usar o Sharingan. Minha espada deveria ser uma extensão do meu corpo, não uma dependência de meu dojutsu.

Os primeiros cortes foram hesitantes. O equilíbrio da lâmina ainda parecia estranho sem o suporte visual do Sharingan, mas forcei-me a continuar. Cada golpe se tornava mais rápido, mais preciso. Os troncos se partiam em pedaços, suas superfícies lisas refletindo minha melhora progressiva.

Foi então que decidi aumentar o nível de dificuldade. Subi em uma formação rochosa, mantendo o equilíbrio sobre uma borda estreita enquanto continuava os movimentos. Qualquer erro poderia resultar em uma queda perigosa, mas era exatamente disso que eu precisava: uma pressão constante para testar meus limites.

Os minutos se transformaram em horas, e minha energia diminuía rapidamente. O suor escorria pela testa, queimando meus olhos, mas não diminuía o ritmo. O som da lâmina cortando o ar era meu único companheiro, junto ao bater do meu coração. Finalmente, com um golpe final que dividiu o tronco ao meio de forma perfeita, pausei. Meu corpo doía, mas era um bom tipo de dor. Aquele que mostrava que eu estava indo na direção certa.

No entanto, o dia estava longe de terminar. Caminhei até um pequeno lago escondido entre as rochas e comecei o treino de resistência aquática. Com a Kusanagi em mãos, submergi na água gelada, movendo-me contra a corrente enquanto praticava cortes e estocadas. A resistência da água forçava meus músculos a trabalhar mais, e a temperatura fria ajudava a aliviar parte da dor.

A cada movimento, sentia meu corpo se adaptar, ajustando-se ao esforço. Comecei a incorporar movimentos de taijutsu na água, misturando socos e chutes com os golpes de espada. O cansaço era esmagador, mas minha mente estava focada. Cada golpe era uma promessa — de que eu seria mais forte, mais rápida, mais letal.

Ao fim do treino no lago, o sol começava a se esconder atrás das montanhas. Mas ainda havia uma última etapa: meditação e controle de chakra. Sentei-me em uma pedra plana, cruzando as pernas e fechando os olhos. A respiração lenta e profunda ajudava a acalmar meu corpo exausto enquanto me concentrava no fluxo de chakra dentro de mim. Visualizava-o como um rio, fluindo de forma constante e poderosa.

A meditação não era apenas um momento de descanso; era um treino para minha mente. Revivi cada movimento do dia, analisando meus erros e planejando como corrigi-los. Minha mente se acalmava, mas meu espírito permanecia afiado. O Mangekyou Sharingan pulsava dentro de mim, como se estivesse conectado à minha determinação.

Quando finalmente abri os olhos, a noite havia caído completamente. As estrelas brilhavam fracamente no céu encoberto, e o ar estava frio e silencioso. Levantei-me com dificuldade, sentindo o peso do dia em cada fibra do meu corpo. Mas havia uma satisfação silenciosa dentro de mim. Não era alegria, nem orgulho. Era algo mais profundo — uma aceitação de que eu estava no caminho certo.

Recolhi meus pertences e comecei o caminho de volta à vila. Cada passo parecia mais firme, mais determinado. Enquanto caminhava, pensamentos passavam por minha mente. O mundo lá fora continuava sombrio, cheio de inimigos e desafios. Mas naquele momento, eu era um pouco mais forte, um pouco mais afiada. E isso era suficiente.

Iwagakure esperava, assim como o próximo desafio. Mas agora, eu estava pronta para enfrentá-lo. Sabia muito bem que, logo em breve, este ciclo chegaria ao fim.

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