Hakuryuu Kinsetsu

Àquela altura, já estava mais do que claro que aquela cicatriz tinha vindo para ficar. Haku tinha passado as últimas horas a observando, revisitando flashes do que tinha acontecido na batalha contra Ōtsutsuki Senjumaru. Devido o quão recente era, ainda não sabia o que pensar ao certo do fato. Seu local no panorama que tentava formar para tentar determinar quem era a Boryōkudan e quais seus objetivos talvez estivesse já mais do que claro. Senjumaru era uma reminiscência de um dos vários experimentos de Soramaru. Entretanto, por mais que isso estivesse objetivamente confirmado, Haku ainda tinha a familiar sensação de que uma peça estava faltando. Era uma tendência recorrente e, por vezes, irracional da sua parte, ficar pensando no porquê das coisas, mesmo quando racionalmente não pudesse haver algo do tipo. Talvez fosse essa mesma sensação inexplicável, frequentemente presente, de um padrão maior, sempre ativo, oculto por trás do esquema das coisas, o principal combustível de suas buscas. A inquietude que não lhe permitia contentar-se com a teoria em mãos, sempre a aprimorando.

De qualquer forma, estava certo de que não conseguiria fazer nada quanto aquela sensação por enquanto. Independentemente do motivo maior, exceto caso perdesse o membro, a ferida estava ali para ficar. E, diferentemente de Ken-kun, talvez não conseguisse algum uso inesperado para aquele ponto fraco.

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Hakuryuu Kinsetsu

Todavia, mesmo os pensamentos acerca de usos mais práticos do novo ponto fraco em sua constituição acabou tendo que ficar para depois. Afinal, passos apressados puderam ser claramente ouvidos por Haku da sala do espelho d’água. Reconhecia o ritmo nervoso de longe: um colega de longa data do Departamento de Inteligência. Não podia negar que estava curioso, claro.

[color:010a=0000ff]— Hakuryū-san! Hakuryū-san! — a voz nervosa de Kotetsu ecoou das escadarias que levavam até aquela sala. [color:010a=0000ff]— Chamado urgente do departamento, Hakuryū-san! — ele continuou, desesperado, terminando de surgir no ápice da escada.

— Certo, Kotetsu-kun. Sem necessidade de desespero — levantando-se do sofá, Haku prontamente se aproximou do jovem de cabelos azuis-escuros, quase negros, no começo das escadas. — Entregue-me o relatório, sim? — esticando a mão na sua direção, recebeu o pergaminho do rapaz de expressões ansiosas.


Ambos começaram a descer pelas escadarias, Haku paralelamente lendo o pergaminho que haviam lhe enviado. Não demorou a entender que tipo de missão aquela era. Alguém do clã de Maeda-kun havia desaparecido com o pergaminho de um importante hijutsu de mokuton. Ao que tudo indicava, o fugitivo ainda estava dentro de Sunagakure. E, por conta do escopo daquela técnica, grandes estragos poderiam ser causados dentro da vila se a técnica acabasse sendo utilizada pelo sujeito. Sendo uma técnica que Haku já tinha visto diversas vezes na mão de Maeda-kun, o clã havia pessoalmente peticionado para que o Sayoku resolvesse a situação pessoalmente.

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Hakuryuu Kinsetsu

Haku e Kotetsu não demoraram a atingir os portões principais da propriedade. Kinsetsu o reverenciou brevemente, despedindo-se, e imediatamente saltou para longe. Constando nos relatórios o último local em que o fugitivo havia sido visto, não teve dúvidas em começar a rastreá-lo por ali. Entretanto, o tempo era realmente curto e não tinha espaço para quaisquer outras cerimônias ou mesmo levar Kotetsu como um aprendiz. Não daquela vez, pelo menos.

Chegando ao local onde fora visto pela última vez, um dos armazéns de arsenal da vila, o Sayoku não demorou a perceber que o nukenin estava planejando algo como uma distração. Afinal, uma abundância de papéis bomba e de bombas de fumaça havia sumido do local. De qualquer forma, conseguisse ele fazer algo do tipo para distrair a guarda ou não, Kin teria certeza de permanecer no seu encalço apesar de tudo.

Usando suas habilidades de rastreamento, Haku aproveitou-se do foco, onde os papéis bombas e kemuridamas estavam todos espalhados — após serem desesperadamente coletados por alguém — para encontrar os primeiros traços da presença do fugitivo. Em poucos minutos, o Kintate tinha encontrado os rastros do inimigo e deixava o armazém para trás.

Nos minutos seguintes, Haku se viu serpenteando pelos becos e ruelas de sunagakure. Ainda que o alarde tenha sido o custo imposto para adquirir os explosivos necessários, aquele Senju claramente estava querendo evitar ser visto a todo custo. Nada distante do esperado, claro.

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Hakuryuu Kinsetsu

Claro, como era de costume naquelas missões, Haku mais uma vez se via espremido por entre cada uma das frestas mais inesperadas da vila. Dessa vez, no entanto, não porque estava seguindo os rastros do inimigo, mas porque estava tentando chegar ao local que deduzia ser o seu objetivo o mais rápido possível. Afinal, extrapolando o rastro que havia seguido inicialmente, ao deixar o armazém de armamentos, conseguia deduzir de antemão qual era a região aproximada na vila onde ele planejava plantar explosivos, e esse local não era o seu foco.

Claro, planejava lançar um alerta para que os demais shinobis tentassem discretamente evacuar os civis do local. Todavia, não era sua intenção deixar o inimigo achar que seu chamariz não iria ter o efeito distrativo desejado. Afinal, por mais que quisesse causar caos, Sunagakure no Sato era famosa por possuir apenas uma entrada a pé. A falésia era estreita e muito bem guardada. Sem um bom plano o senju fujão jamais conseguiria passar por lá. E era nessa parte que Haku procurava pessoalmente se inserir: deixaria que ele achasse que tudo saia como o planejado e, então, o encurralaria na saída. Era de se esperar que parte das kibaku fūdas e kemuridamas fossem reservadas para atrapalhar a guarda do portão, já que, ainda que a quantidade de explosivos roubadas fossem preocupante a ponto de alguns guardas terem que ser realocados — algo que Kin teria certeza de fazer ao chegar no portão —, a vila também não podia se dar ao luxo de deixar sua entrada totalmente desprotegida.

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Hakuryuu Kinsetsu

Chegando ao portão, Hakuryuu imediatamente saltou para alcançar o posto avançado em seu topo. O encarregado do turno claramente não esperava a chegada do Sayoku àquela hora. Não era horário de troca de turnos e, muito menos, o próximo responsável era o Kintate. Entretanto, o ninja de ouro também não demorou a explicar o que estava acontecendo. Não conseguiu dar muitos detalhes, mas sua reputação e menção de se tratar de uma missão Rank S certamente facilitaram as coisas. Todos ali seguiam um regime militar e, por sorte, eram treinados a agir sem necessariamente precisar saber de todos os detalhes. Ao que o comandante da guarda assentiu com a cabeça, enviou um comunicado de rádio para que os shinobis se reunissem na região da vila indicada por Haku e, então, discretamente evacuassem os civis.

Claro, ainda queria mitigar ao máximo os danos causados pelo nukenin. Entretanto, àquela altura, a explosão já era inevitável. O criminoso já devia ter plantado cargas explosivas em muitos pontos e bastava o seu sinal de detonação para que o caos se instaurasse. O aviso prévio dado por Haku ajudaria nesse quesito, mas não esperava mais do que uma mitigação de danos. O que podia garantir, no entanto, era que pegaria o sujeito antes que ele deixasse o portão.

Em suas orientações finais, Haku pediu para que todos os guardas dispostos nos degraus externos da muralha da vila se deixassem distrair pelos ataques do inimigo. Era ali que as Kemuridamas roubadas deveriam entrar em ação, certamente. Kinsetsu, por sua vez, se dirigiu para o solo, ocultando-se logo atrás da face exterior das paredes, esperando que o inimigo passasse por ali.


Logo, uma grande explosão pode ser ouvida, junto de um considerável caos de vozes vindo de dentro da vila. Ele tinha detonado a carga explosiva e, com isso, conforme suas orientações, um destacamento da guarda do portão prontamente se separou para ajudar nos resgates e contenção de danos. Porém, não era ali que o nukenin iria parar, afinal. Minutos após aquele pensamento, sons de explosões abafadas surgiram. Sendo um shinobi, Hakuryuu naturalmente reconheceu o som característico das kemuridamas, bem como, alguns instantes depois, os rastros de fumaça que se desprendiam das nuvens acima do paredão.

Ele permaneceu absolutamente silencioso, concentrando e mobilizando a areia de seus dez anéis. Assim que o inimigo surgisse de dentro das falésias à sua esquerda, seria atingido pelos seus golpes e, com sorte, nocauteado ou imobilizado.

A demora em sua saída certamente chamou sua atenção. Entretanto, já era tarde demais quando percebeu o que o inimigo havia feito. Não tendo considerado que o inimigo possuía capacidades sensoriais como seu amigo, também do clã Senju, Haku só se deu conta do erro quando as primeiras plantas emergiram da entrada, curvando-se e prendendo seu torso. Conhecia bem aquela habilidade, Maeda Senju era um exímio usuário dela. O jutsu consistia em criar uma enorme floresta e, então, manipulá-la para os fins desejados. Contudo, sendo estas manipulações mais poderosas do que o normal, um bom tempo de preparação era necessário. Era por conta disso que ele tinha demorado a sair: havia sentido a presença de Haku além da parede de alguma forma e, então, criado uma floresta dentro da falésia, projetando-a para prender Kinsetsu do lado de fora.

Então, os galhos, enrolados ao redor do torso de Kin, começaram a recuar em direção à fenda, levando-o até a frente da passagem. Entendendo que o inimigo queria, quem sabe, dar uma olhada em quem tentava emboscá-lo ou, até mesmo, lançar um ataque sem pensar demais na identidade de Kin, Haku imediatamente ativou seu Jisei-Kyō no Myaku e engatilhou uma manipulação como coringa. Enquanto isso, já tendo mobilizado a areia de seus anéis, preparou um ataque imobilizador e uma defesa com quatro Martelos Gigantes conjugados em dois para se livrar da prisão de galhos.

Logo que o galho terminou seu trajeto, Haku se viu adiante do desfiladeiro de entrada da vila. A poucos metros de sua saída — em meio à enorme floresta originada na fenda e ao redor das construções próximas do muro, vila adentro —, estava um ninja de cabelos marrons, olhos verdes, armadura e um grande pergaminho preso na porção inferior das costas. Ao ver o Kintate, ele soube que Suna estava empenhada em prendê-lo. Haku, por sua vez, não demorou a identificar que aquele deveria ser o pergaminho contendo as instruções para a técnica que, visivelmente, ele já tinha dominado.

Outro tentáculo de madeira emergiu do chão adiante do nukenin, visando perfurar Haku com tudo. Já com seu plano em ação, materializou o quatro Martelos Gigantes fundidos em dois, na vertical, e os colidiu entre si, esmagando o corpo do tronco que envolvia seu corpo e, ao mesmo tempo, formando uma parede defensiva contra o ataque. Temendo, porém, que os construtos usados para libertar-se não tivessem resistência o suficiente para aguentar um ataque proveniente daquele mar verdejante, seu coringa prontamente agiu, envolvendo e reforçando a parede formada adiante de si.

Em resposta, materializou mais dois martelos gigantes bem acima da cabeça do Senju, na horizontal e unidos lado a lado. Sem que percebesse, possivelmente por sua inexperiência, colidiu ambos os construtos de ouro contra o chão, esmagando o inimigo no processo.

A floresta logo começou a regredir. Os objetos de pó de ouro se esfacelaram no ar, liberando uma névoa dourada que durou alguns poucos instantes. Enquanto isso, Haku observou uma última vez o jutsu de mokuton. Sua curiosidade não permitiu que desperdiçasse aquela oportunidade de ouro, afinal, era como se o jutsu estivesse voltando no tempo e, com isso, sabia que certamente poderia aprender muito. Com sua Inteligência Avançada, Habilidade e Especialidade em Ninjutsu, tentou tirar o máximo que pudesse com aquela visão. Procurou entender todos os princípios por trás da técnica, afinal, por mais que não planejasse copiar a técnica, ainda que um jutsu que tivesse seus fundamentos e capacidades especiais.

Seguiu atento, aproximando-se das árvores se desfazendo para vê-las de perto e aprender o máximo que pudesse com base no que sabia de ninjutsu. O nukenin permanecia nocauteado ao centro daquele setor da passagem, por isso, enquanto atentamente observava o comportamento da floresta criada com uma mão no queixo, abanou com a outra para que um dos guardas levasse o nukenin para a prisão. A equipe não demorou a responder e, logo, a floresta também desapareceu sem deixar rastros.

Haku respirou fundo, olhando para o céu, aliviado por ter cumprido mais uma missão. Todavia, gritos vindos de dentro da aldeia imediatamente captaram sua atenção. Naturalmente, não podia ser o criminoso que havia acabado de capturar, já que naquela situação não havia quaisquer ases na manga que ele pudesse sacar. Além disso, a direção também parecia completamente diferente daquela de onde as tarjas explosivas haviam sido acionadas.

Indo de calmo e aliviado para preocupado e ansioso em questão de instantes, Haku começaria a avançar vila adentro. Tentaria se guiar pelos gritos e, eventualmente, pela direção de onde os civis agitados parecessem fugir. Algo sério deveria estar acontecendo e era seu dever dar apoio.

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