O sol declinava no horizonte, espalhando um brilho âmbar que dançava sobre as ferramentas espalhadas pela oficina. A pequena forja de Jhin, normalmente silenciosa àquela hora, ecoava apenas o leve tilintar do martelo repousado sobre a bancada. Foi então que o som distinto de asas cortando o ar rasgou o ambiente. Não era o voo de um pássaro qualquer, mas um bater de asas controlado, deliberado, calculado como um golpe certeiro.

Jhin ergueu os olhos do trabalho, observando a ave pousar com uma precisão impecável sobre a trave de madeira que atravessava a entrada. Um falcão mensageiro, carregando um pergaminho preso a um colar de couro, tão simples quanto funcional. Ele permaneceu imóvel por um instante, o olhar atento e crítico de um Hyuga avaliando cada detalhe, antes de dar o primeiro passo em direção à ave.

Aproximou-se com calma. O falcão não se incomodou, ciente de sua tarefa. Jhin retirou o pergaminho com mãos firmes, mas cuidadosas, sentindo a textura do couro contra seus dedos calejados. Ele o abriu sem pressa, lendo as palavras curtas e diretas que eram marca registrada do quartel-general. Uma convocação imediata.

Não havia espaço para questionamentos. As ordens eram claras, e missões raramente esperavam pela conveniência de quem as recebia. Jhin deixou o pergaminho sobre a bancada e começou a se preparar, cada movimento uma expressão de disciplina e hábito. Ajustou suas vestes, os fechos presos com eficiência, e verificou os outros equipamentos padrão. Não havia espaço para descuidos, não em sua filosofia.

Quando deixou a oficina, o céu tingia-se de tons de púrpura e dourado. Jhin caminhava com passos firmes, sua postura tranquila, mas alerta, um reflexo de anos de treinamento. As ruas estavam silenciosas, mas ele sabia que era nesses momentos de calmaria que o perigo, muitas vezes, espreitava. Ainda assim, seu destino era o quartel-general, e ele chegou sem incidentes.

Ao alcançar a sala de reuniões, Jhin parou na entrada. Seus olhos, dotados de percepção aguçada, analisaram rapidamente o ambiente. A primeira figura que chamou sua atenção foi a de um jounin experiente. Sua postura era um retrato de autoridade, cada linha do rosto marcada pela responsabilidade e pelas pressões de comando. Jhin avaliou-o com brevidade. Um homem acostumado ao comando, mas não ao espetáculo. Competência prática, concluiu.

Foi então que seus olhos captaram outra presença. Um garoto: cabelos verdes rebeldes, olhos de um brilho igualmente esmeraldino, e um porte juvenil como a de Jhin que parecia deslocado naquele ambiente austero. O garoto aguardava, suas mãos repousando em postura controlada, mas Jhin notou os sinais sutis de tensão. Ele o estudou, sem pressa. Não o conhecia, mas deduziu que era outro convocado, talvez até o líder, considerando sua postura.

Ainda assim, Jhin não era dado a conjecturas vazias. Ele cruzou a sala com passos deliberados, a madeira do assoalho rangendo suavemente sob suas sandálias. Parou próximo à mesa e fez uma breve reverência, cortês, mas desprovida de bajulação.

— Hyuga Jhin, Tokubetsu Jounin — disse, sua voz baixa e controlada, como o vento antes de uma tempestade.

Seu olhar vagou por um instante entre o garoto e o jounin, antes de fixar-se no primeiro. Jhin perceberia imediatamente. Aquele não seria apenas um novato. Era alguém que havia sido designado a um papel maior do que aparentava. Sem mais palavras, Jhin afastou-se e encostou-se contra a parede, cruzando os braços. Sua presença preenchia o ambiente sem esforço.

Aguardou, a paciência de um predador latente em cada movimento. As instruções viriam, mas Jhin sabia que, como sempre, o verdadeiro teste estaria além daquela sala. E ali, no campo, era onde ele realmente se destacava.

Considerações:

 
 

O som da porta sendo aberta atraiu brevemente a atenção de Jhin, que permanecia recostado contra a parede, os braços cruzados e o semblante impassível. Seus olhos de um branco opalescente ergueram-se suavemente para observar a jovem que entrou. Uma garota de cabelos loiros, cuja respiração arfante e os passos apressados denunciavam que havia corrido para chegar. Ela acenou de maneira hesitante, um gesto leve com a mão, como quem tentava equilibrar formalidade e desconforto.

Jhin manteve-se em silêncio, sua expressão uma máscara de neutralidade. Contudo, em sua mente, as observações começavam a se alinhar como peças de um quebra-cabeça. O colete da Vila Folha era ajustado sobre roupas de tonalidades neutras, adequadas para camuflagem em cenários urbanos. Uma escolha pragmática, ele admitiu, embora as intenções por trás do silêncio e do gesto desajeitado fossem óbvias: insegurança.

Antes que o silêncio se estendesse por tempo demais, o garoto de cabelos verdes falou. Ele se apresentou como Hoki Inazuma, destacando sua posição como Tokubetsu Jounin e Major do Instituto de Inteligência de Konoha. Suas palavras eram polidas, a voz equilibrada entre firmeza e suavidade. Jhin inclinou ligeiramente a cabeça, reconhecendo a apresentação sem interromper.

A cena foi rapidamente dominada pelo jounin experiente, que limpou a garganta, cortando o ar com um som que trouxe ordem ao ambiente. Seu olhar severo recaiu sobre a garota, Uzumaki Saito, chamando-a brevemente à atenção por não se apresentar.

Jhin manteve-se imóvel durante a breve repreensão e não externou nenhum julgamento. O jounin, percebendo que o ponto havia sido feito, prosseguiu sem perder tempo.

A explicação foi clara e concisa, como deveria ser. Um cais próximo ao mar, vital para as conexões entre as nações, havia sido tomado por um grupo de sequestradores. Reféns estavam em risco, e a prioridade seria resgatá-los ilesos. Contudo, a permissão tácita para lidar com os bandidos sem hesitação estava implícita, desde que civis não fossem feridos no processo.

Ao ouvir o plano, Jhin estreitou os olhos levemente. Um reflexo de concentração. O ambiente marítimo oferecia desafios únicos; combates em espaços confinados, a proximidade da água, a possibilidade de armadilhas improvisadas. Cada detalhe do terreno e da missão passava rapidamente por sua mente, como peças dispostas em um tabuleiro de xadrez.

— Entendido — foi tudo o que disse quando a pergunta sobre dúvidas pairou no ar. Sua voz carregava a mesma neutralidade que usara ao se apresentar, mas havia uma firmeza subjacente que não deixava espaço para dúvidas.

O jounin finalizou, e o grupo começaria a se mover em direção ao portão da vila. Jhin ajustou sua postura, seus movimentos fluindo com a naturalidade de alguém acostumado ao chamado da batalha. Ele seguiu em silêncio, mas seus sentidos permaneciam atentos, registrando cada detalhe dos outros dois membros do time enquanto percorriam a floresta.

Inazuma, assumindo a liderança, pediu que ele e Saito seguissem lado a lado, enquanto o próprio Tokubetsu Jounin mantinha a retaguarda. Era uma formação funcional, mas Jhin reconheceu nela uma tentativa sutil de observar as habilidades dos dois mais de perto. Ele obedeceu sem hesitar, seus passos precisos sobre os galhos das árvores, os olhos atentos não apenas ao ambiente, mas também aos movimentos da genin ao seu lado.

Cada salto, cada pouso, era uma oportunidade de avaliação. Saito mostrava certo nervosismo, embora seus movimentos fossem competentes. Jovem, inexperiente, mas não desprovida de potencial, concluiu. Quanto a Inazuma, sua presença na retaguarda era quase imperceptível, mas Jhin sabia que isso fazia parte da estratégia.

Enquanto o grupo avançava, o vento da floresta soprava contra seus rostos, carregando o cheiro de terra úmida e folhas quebradiças. A missão estava apenas começando, mas Jhin sabia que o verdadeiro teste viria quando o cais estivesse à vista. E, como sempre, era no calor do combate que ele realmente via quem eram seus aliados.

Considerações:

 
 

Jhin seguia em silêncio, o ritmo firme e fluido de seus passos ressoando como um sussurro contra o piso da floresta. Atrás dele, Saito caminhava de forma errática, oscilando entre passos leves e movimentos desajeitados, como se estivesse tentando acompanhar a gravidade do momento sem perder sua energia juvenil. Era uma garota incomum, pensou Jhin. Havia nela algo genuíno, quase desarmante, uma honestidade crua que reluzia mesmo quando não era conveniente. Sua declaração anterior – “a melhor gennin da minha geração” – havia arrancado dele uma leve arqueada de sobrancelha, gesto tão discreto que poderia ter escapado ao olhar mais atento.

Ele parou, quase imperceptivelmente, girando apenas o suficiente para que suas palavras alcançassem a jovem sem esforço, mas também sem proximidade desnecessária.

– Hokage? Boa sorte com isso. – Disse, e embora houvesse certa neutralidade em seu tom, não soava vazio.

Não era típico de Jhin ridicularizar as ambições de ninguém. Pelo contrário, ele conhecia bem o peso de perseguir um objetivo, mesmo quando parecia inatingível. Saito o lembrava de uma chama recém-acendida: vibrante e cheia de potencial, mas ainda vulnerável a qualquer sopro de realidade.

Mais adiante, foi Inazuma quem rompeu o silêncio. Sua voz, diferente da jovialidade ousada de Saito, soava ponderada, quase cuidadosa. O nome que escapou dos lábios do jovem, porém, fez Jhin parar novamente. Tousen Hyuuga.

Por um instante, sua expressão permaneceu inalterada. Mas em seu interior, memórias brotavam como um riacho repentino em terras áridas. Tousen – um nome que trazia o peso de batalhas partilhadas, de momentos onde a linha entre a vida e a morte era tão tênue quanto o fio de uma lâmina. Juntos, haviam enfrentado o tipo de provação que revela o verdadeiro caráter de um shinobi. Jhin lembrava-se bem do silêncio após a batalha, do sangue e do pó, e da mão estendida de Tousen. Não apenas uma mão salvadora, mas também um convite – para integrar o time Anteiku. Um convite que Jhin, até agora, não havia respondido.

Ele inspirou fundo, um gesto tão breve que apenas os mais atentos notariam.

– Tousen é... um homem singular. – Disse, pausando como quem escolhe as palavras com o mesmo cuidado de quem manuseia veneno. – Trabalhamos juntos por um curto período, mas foi o suficiente para ele salvar minha vida mais vezes do que eu gostaria de admitir. A sua força, por vezes, fez minha própria existência parecer insignificante.

Houve um breve momento de hesitação, quase imperceptível, antes que continuasse:

– Mas isso não é tudo. Tousen possui algo ainda mais raro: uma determinação inabalável e um senso de propósito que poucos shinobi possuem. Se ele é seu mestre, Inazuma, isso fala muito sobre você. – Ele fez uma pausa, o suficiente para que suas palavras ressoassem. – E sobre as expectativas que agora carrega.

Jhin voltou a caminhar, e embora não fosse de falar muito, surpreendeu-se ao perceber que havia dito mais do que o costume. Suas palavras ainda pairavam no ar, e ele sentia o peso de cada uma delas, como se tivessem carregado algo de seu interior para o mundo exterior. Ainda assim, o silêncio que se seguiu não era desconfortável, mas introspectivo, denso como a sombra das árvores ao redor, refletindo a complexidade dos pensamentos que ele raramente partilhava.

Enquanto seus pés seguiam o caminho, sua mente vagava, presa à sombra do passado. “Talvez já seja tarde para responder ao convite de Tousen” pensou, embora soubesse que, no fundo, o verdadeiro problema era outro. Não era apenas sobre o convite. Era sobre ele mesmo, algo que ele descobrira tarde demais...

Considerações:

 
 

Jhin permaneceu em silêncio enquanto Saito proclamava seus sonhos com a energia efusiva de quem ainda via o mundo como uma série de portas esperando para serem abertas. As palavras da Uzumaki ressoavam com uma confiança quase tangível, uma autoafirmação que, de certa forma, lhe causava admiração. Não por acreditar que se tornar Hokage era algo simples ou mesmo ao alcance de todos, mas pela coragem desmedida de declarar tal objetivo em voz alta. "Juventude", pensou, sem desdém ou cinismo. Apenas uma constatação. O fogo da ambição, tão claro em Saito, não queimava em Jhin há tempos ou nunca queimou de fato como a intensidade da Uzumaki. Ele se limitou a um olhar breve na direção da jovem, como quem reconhece um farol ao longe, antes de voltar a encarar o caminho.

Enquanto isso, Inazuma respondia com um discurso detalhado, sua voz mesclando a neutralidade de quem não se importava com expectativas alheias e a paciência de um professor experiente. Jhin o ouviu atentamente, embora não demonstrasse interesse aparente. As palavras sobre especialização, esforço e aperfeiçoamento eram familiares, uma lição muitas vezes repetida em Konoha. Contudo, foi a menção de suas habilidades que realmente captou a atenção de Jhin. "Iryoninjutsu, Fuuinjutsu, Doton". Versátil e pragmático, concluiu. Informações valiosas, não apenas para compreender quem o acompanhava, mas para avaliar como cada um deles poderia reagir a situações futuras. Ele arquivou esse conhecimento com a precisão de um shinobi acostumado a usar cada detalhe como uma possível vantagem.

Quando Saito voltou-se para ele, perguntando, com certa provocação, se possuía algum "objetivo idiota", Jhin inclinou ligeiramente a cabeça em sua direção. – Não, nada em particular – respondeu, sua voz firme e sem emoção. "Nada com que devam se importar." completou internamente. Havia verdade nisso, mas também uma camada de proteção. Compartilhar seus objetivos, suas motivações mais profundas, era um privilégio que poucos, talvez ninguém, mereciam.

Depois de uma pausa, achou necessário também expor as suas habilidades, assim como o Hoki, uma vez que estavam prestes a trabalharem juntos – Sou especialista em combate corpo a corpo – começou, sem cerimônia. – e perito em Raiton, utilizando-o como um condutor para fortalecer meu corpo – Não era típico de Jhin expor informações sobre si mesmo, mas naquele momento, julgou prudente. Conhecer as forças de seus aliados era tão essencial quanto assegurar que eles conhecessem as dele. Não houve ostentação em sua fala, apenas a simplicidade direta de quem valoriza a eficiência sobre tudo.

Enquanto se aproximavam do cais, a postura de Jhin mudou sutilmente. Sua respiração tornou-se mais controlada, quase imperceptível. Cada movimento seu parecia calculado, como se estivesse à espera de algo inevitável. A floresta ao redor parecia menos acolhedora agora, o ar carregado com a expectativa de ação iminente. Ele estreitou os olhos, ajustando-se ao ambiente enquanto se preparava para reagir a qualquer sinal de ameaça. O mundo à sua volta podia ser incerto, mas Jhin não era. Em seu silêncio e neutralidade, ele era uma constante, um ponto fixo em meio ao caos que, eventualmente, surgiria e seus olhos albinos estavam prontos para iluminar as sombras.

Considerações:

 
 

Jhin não se moveu, nem um músculo de seu rosto se alterou. A transformação de Saito, no entanto, não passou despercebida. Ele observou com a mesma calma de sempre enquanto a jovem puxava sua kunai, os dedos segurando a lâmina com uma firmeza ímpar. A transformação era total. Suavemente, Saito parecia deixar de ser quem era, como uma cobra que abandona a pele velha. Agora, ela parecia mais feroz, sua confiança transbordando, e algo mais… uma frieza que beirava a obsessão. As palavras de Saito, quase como uma confissão, flutuaram no ar: “Eu já matei antes, e com certeza ainda vou matar muitos mais no meu caminho.” Jhin não respondeu. Não havia necessidade.

Enquanto a Uzumaki se preparava para avançar, Jhin voltou-se para Inazuma, o outro membro de seu time, e o observou. O garoto não tinha as mesmas pressas, não se deixava tomar pela empolgação de querer surpreender. Ao contrário, mantinha uma calma que, para Jhin, refletia um controle mais profundo. Não fosse por suas habilidades que ele ainda não tinha explorado o suficiente, teria considerado Inazuma o oposto completo de Saito. Mas havia algo mais ali, algo que Jhin sabia que merecia atenção. Inazuma falava com uma sabedoria madura, ou talvez fosse apenas o silêncio que vinha com a observação atenta do mundo.

Então, enquanto o clima mudava e nuvens negras tomavam o céu, Jhin permaneceu observando com o olhar fixo. Ele sentiu a umidade no ar, a tensão da mudança. O ambiente ao redor parecia ceder ao peso da iminente ameaça. Saito, ainda à frente, parecia pronta para atacar, enquanto Inazuma, mais atento, sinalizava a parada. O grupo agora estava próximo o suficiente para que Jhin começasse a trabalhar. A leve chuva já começava a molhar suas vestes, mas ele a ignorava. O que importava ali não era o tempo, mas a missão, e ele sabia que a resposta viria em breve.

"Jhin, o que pode nos dizer sobre o que há em frente?" Inazuma, com sua calma característica, fez a pergunta.

Sem uma palavra, Jhin fechou os olhos, a tensão dentro de si crescendo, como se estivesse se preparando para um movimento invisível. O Byakugan se ativou, e sua percepção se expandiu como um raio atravessando a escuridão. Ele podia ver, de forma nítida, as linhas de chakra, as estruturas de poder que se entrelaçavam ao seu redor, e as formas dispersas dos homens que patrulhavam a área. Seus olhos percorriam o ambiente com precisão clínica, vasculhando as sombras e os reflexos da luz para mapear o terreno à frente. Dez homens estavam espalhados, movendo-se lentamente, como sombras de caçadores. Mas mais à frente, um grupo maior. Trinta pessoas aglomeradas, a maior parte delas provavelmente dentro de uma embarcação.

Jhin manteve a calma, sua mente calculando. As linhas de chakra que se conectavam a estruturas diversas, os círculos no solo do cais... algo não estava certo. Esses elementos não eram naturais, não para um local comum. Eles indicavam algo mais. Algo cuidadosamente preparado. A tensão aumentava a cada segundo.

Com um movimento suave, ele recuou um pouco, afastando-se dos outros para dar espaço, sua postura rígida como uma lâmina que aguardava o golpe. Ele sentiu os olhos de Inazuma, e entendeu que a pergunta havia sido feita não apenas por curiosidade, mas por necessidade. Sabia que a situação exigia uma resposta, mas não seria imprudente. Não naquele momento.

– Parece que há uma vigilância cuidadosa. Dez homens em patrulha. – A voz de Jhin era suave, mas cheia de firmeza, cortando o silêncio como uma lâmina afiada. – Na frente, há um agrupamento de trinta pessoas dentro de uma embarcação. Elas estão bem protegidas – Seus olhos brilharam com uma luz diferente enquanto ele continuava a sondar o local, como se procurasse mais pistas nas linhas invisíveis que seus olhos captavam. – Há algo mais... essas linhas de chakra... não são comuns. E os círculos no chão... não sei o que são ainda, mas estão ligados a algo maior –

Ele fez uma pausa antes de completar com um tom mais grave. – Precisamos de mais informações – Jhin se afastou um pouco mais, os olhos em constante movimento enquanto aguardava que algo se revelasse. Uma percepção, um movimento, qualquer coisa que indicasse o próximo passo. Ele sabia que o futuro era um campo minado de decisões a serem tomadas no momento exato – Eu sugiro nos aproximarmos para analisar melhor a situação, mas é você quem manda Inazuma-san –

A chuva continuava a cair, mas a tensão em seu peito só aumentava. Estavam prontos, mas a verdadeira batalha, Jhin sabia, ainda estava por vir.

Considerações:

 
 

O trovão reverberou ao longe, abafado pela chuva incessante. Jhin permaneceu imóvel, suas pupilas brancas varrendo o cenário como lanças silenciosas. O Byakugan, infalível em sua precisão, desvendava o caos organizado que se formava além do véu de chuva. Por um instante, permitiu que seus olhos repousassem sobre a Genin. A precipitação dela, a audácia juvenil misturada com uma falta de discernimento calculado, não merecia mais que uma pausa de um segundo. Ele não a repreendeu — não com palavras. O silêncio era, afinal, um mestre mais severo. Creditaria aquilo à empolgação.

Quando Saito propôs seu plano, a frieza de Jhin se manifestou em uma resposta concisa, como uma lâmina desembainhada sob medida — Não é bem assim. Há muitos civis no local... trinta ou mais — As palavras saíram sem qualquer inflexão desnecessária, uma constatação crua da realidade. Seus olhos, no entanto, não descansavam. Ele acompanhava cada movimento no cais. A visão aguçada detectava a convergência de corpos em direção ao porto, como formigas atraídas para um ponto de convergência. Algo ou alguém os movia. Uma massa de chakra, insidiosa e rápida, desaparecera em direção à floresta.

— Estão se reunindo, acho que fomos vistos — informou, com a objetividade de quem lia o destino em um pergaminho desdobrado. — E há algo mais. Uma massa de chakra... desapareceu pela floresta...não consigo vê-lo mais... fiquem atentos — alertou.

Jhin ouviu as instruções de Inazuma com atenção monástica, cada detalhe registrado como um selo em pergaminho. A menção das armadilhas o fez ponderar brevemente. Uma falha seria fatal para todos — não era algo que ele permitiria.

Então, algo inesperado: a técnica de invisibilidade. A habilidade de Inazuma o surpreendeu. Ele não permitiu que isso transparecesse, mas em silêncio reconheceu o valor estratégico daquela habilidade. "Interessante", pensou, já imaginando o que poderia realizar com algo semelhante em mãos.

Ao sinal de partida, Jhin se moveria [velocidade 5]. Como um vento faminto, seus passos eram calculados, a furtividade amplificada pelo ruído da chuva. Invisível aos olhos desavisados, avançaria pela direita conforme o planejado, mas seus sentidos estavam longe de confiar apenas no disfarce. Com o Byakugan [Sondagem de Chakra; Visão Periférica Aprimorada; Visão dos Tenketsus], analisaria cada centímetro à frente, desviando de possíveis armadilhas com a precisão de um fio de navalha.

Caso fosse visto ou algum inimigo se colasse entre ele e seu destino, a lâmina de sua discrição encontraria seu propósito. Inimigos isolados seriam abatidos com a eficiência de um predador experiente, um golpe firme no pescoço ou uma kunai silenciosa na base da garganta [golpes 01, 02]. Eles tombariam sem alarde, consumidos pela escuridão e pela chuva, se necessário.

Se bem sucedido, o navio surgiria à vista como um monólito sombrio entre o véu de chuva e o brilho pálido da iluminação esparsa do cais. A técnica de invisibilidade haveria se dissipado, deixando Jhin exposto ao ambiente. Ele não hesitaria. Seus olhos — mais afiados do que qualquer lâmina — começariam o trabalho. O Byakugan desvelava as linhas de chakra com meticulosidade quase impiedosa, como um artesão avaliando uma obra para corrigir cada imperfeição. Armadilhas, fios ocultos, correntes de energia traiçoeiras, tudo seria registrado e evitado pelo Hyuga.

Seus movimentos seriam tão econômicos quanto mortais. Os inimigos, se distraídos pela encenação de Inazuma no portão, receberiam uma shuriken no pescoço antes que pudesse sequer emitir um som [golpes 03, 04 à 24m/s]. Outro, surpreso, curvar-se-ia ao sentir o impacto seco do punho do Hyuga na boca do estômago [375 Dano, golpe 05]. Um som abafado, uma queda controlada, e o corpo tornar-se-ia tão inofensivo quanto a chuva que lavava o convés.

Dentro do navio, os civis aguardavam, olhos arregalados, presas fáceis de um pavor sufocante. Jhin entrou como uma sombra sólida, seus passos amortecidos pela habilidade adquirida ao longo de anos de treinamento. Ele ergueu uma mão, o dedo indicador repousando sobre os lábios em um gesto universal de silêncio. A calmaria autoritária de seu semblante parecia ser uma âncora para os aterrorizados.

Um gesto de mão seguiu, calculado e sutil, convocando Saito à ação. Cada movimento, por mais simples que fosse, trazia a precisão de um mestre de marionetes. A próxima fase do plano estaria em curso: aguardaria a chegada da Uzumaki para iniciar a evacuação dos civis enquanto daria cobertura.

Mas a furtividade tem seus limites. Em algum lugar entre o ruído da chuva e a tensão no ar, um olhar furtivo poderia cartar sua silhueta; um inimigo, talvez mais atento, talvez apenas mais afortunado. Se fosse visto, o instante de surpresa evaporaria como neblina ao sol, e Jhin não esperaria pelo inevitável. A ação seria reflexiva, instintiva como o voo de uma águia em direção à presa.

Duas kunais e uma shuriken [golpes 06, 07, 08 à 24m/s] cortariam o ar com precisão mortal em um movimento quase artístico [06 Taijutsu], encontrando seus alvos nos crânios de três inimigos antes que gritos de alarme pudessem se formar. Os corpos tombariam, inertes, sobre tábuas encharcadas pela chuva. A calma retornaria ao ambiente, mas Jhin sabia que seria momentânea, um silêncio antes da tempestade.

Avançaria, o Byakugan fervilhando em sua [Visão Periférica]. Se o combate fosse inevitável, ele seria o primeiro a enfrentá-lo, uma muralha de carne e ossos entre os civis e a ameaça. Caso necessário, o Kaiten seria sua resposta. O giro defensivo de chakra não apenas protegeria a si mesmo, mas qualquer um que estivesse sob sua guarda.

Ainda assim, uma esperança permanecia. Jhin desejava evitar o confronto, não enquanto as vidas frágeis dos reféns ainda dependessem de sua precisão e sua contenção. Por isso, torceu para que a infiltração se desse furtivamente pelo tempo necessário para evacuar os reféns, mas estaria preparado para o confronto, se necessário.

Considerações: