Desde criança, as unicas motivações que corriam pelos pensamentos de Mahito eram se vingar das pessoas que amaldiçoaram a sua vida, e, ao mesmo tempo, trazer uma total purificação do ódio humano no mundo, tornando-o finalmente pacificico e digno de ser vivido, livre da interferencia humana sobre a natureza. Esses eram os unicos motivos que faziam ele se aliar a um vilarejo quando foi encontrado, e eram os unicos motivos que faziam, neste exato momento, Mahito se preparar para um longa viagem fora de Iwagakure, aproveitando o desfeixo de sua ultima missão como gatilho para que sua jornada fosse permitida pelos superiores. Arrumou, junto a um manto longo e escuro, sua armadura pelo corpo, vestindo-a completamente, enquanto adornava as mãos com um par de luvas douradas e uma longa foice tripla presa nas costas, logo acima do tecido de seu manto, que ocultava a existencia da armadura por baixo do mesmo. A pequena bolsa de armas carregava dez kunais e dez shurikens, e os olhos famintos por vingança traçavam a rota do mesmo até o Quartel General.

Mahito era um Jonin de Iwagakure, e por conta de seu cargo haviam locais que poderia acessar com uma maior tranquilidade, como se fosse respeitado entre os demais ninjas. De qualquer forma, não importava quem fosse, precisava de motivos para acessar o interior do Quartel e seus superiores. O Jonin se aproximou da recepção, colocando um sorriso falso em seu rosto, virando levemente a cabeça para a pessoa que estava trabalho naquele turno. — Olá, tenho um horário marcado, é urgente. Pode procurar por Mahito ai — Mentiu com um tom gentil. — Mahito? Não tem ninguém com hora aqui, mas eu vou deixar você passar pela urgência. — A garota respondeu e deixou que o acinzentado seguisse adiante.

Algumas escadas para cima, o Jonin chegava em uma sala de reuniões, onde alguns homens de importância se sentavam. A feição do acinzentado mudou para algo mais obscuro, não emitindo nenhum sorriso. — Venho falar sobre a morte de Togo. — Foi breve e conseguiu a atenção dos demais. Togo, um outro Jonin que havia acompanhado Mahito em uma missão de reconhecimento, havia sido morto pelo próprio Jonin, que escondia o acontecimento. — Sei que posso encontrar os responsáveis agora mesmo, antes de partir ele me deixou algumas informações preciosas sobre a localização do inimigo... mas pediu que eu guardasse isso comigo. Não posso mais esperar, preciso partir. — Serrou os punhos em uma encenação teatral. A trupe de homens apenas concordavam olhando uns para os outros, e davam a permissão que Mahito precisava para seguir pelos arredores do vilarejo. Assim ele finalmente partiu dali, rumando para uma parte mais desértica do país.

Diante de seus desejos mais profundos de vingança, Mahito atravessou os portões de Iwagakure no Sato, apresentando ao guarda do local o papel de autorização para a saída em sua ''missão''' para vingar a morte de Toge. Sequer suspeitavam que o próprio Jonin da pedra havia feito tal atrocidade, e suspeitavam menos ainda que toda Iwagakure um dia sucumbiria perante ao seu poder, até mesmo antes de adquirir sua vingança contra aqueles que o amaldiçoaram durante a infância. Ao atravessar os portões do vilarejo, o grisalho sorriu de canto, arrumando seu manto e rumando ao Norte do país, onde havia de encontrar um deserto de pedras. Durante o trajeto, o pouco de água que carregava em um cantil foi enchido em uma nascente pequena, localizada em fissuras em um amontado de pedras. Sentou-se próximo dela para bebericar do liquido que o refrescava do calor, apoiando a destra que segurava o cantil no joelho esquerdo. A água naturalmente gelada descia pela garganta do grisalho e o trazia um certo conforto. Suspirou e reclamou para si mesmo. — Hmmm, necessidades humanas... até quando. — Falou em um tom baixo, com um leve sussurro com as cordas vocais hidratadas. Limpou os lábios com o tecido que cobria seu corpo e se levantou.

— Mahito.... atrás de você. — Uma voz fantasmagórico atingiu os tímpanos do grisalho, forçando-o a voltar seus olhos por cima do ombro direito, mas nada o aguardava naquela direção. Novamente, o suspiro surgia em suas costas, e virou-se mais uma vez para checar. Diferente da primeira, agora uma figura esbranquiçada o observava acima de uma grandiosa rocha. As mãos do Jonin se ergueram próximas do peitoral, sorrindo de canto dos lábios. — Quem é você, querido? — Indagou brincalhão, pronto para o combate. A figura apenas se manteve parada por alguns segundos até sussurrar novamente. — Eu sei... sobre tudo. — Seu corpo brilhou em um intenso azulado elétrico. Graças a seu conhecimento, Mahito reconhecia aquela técnica como a Raigeki no Yoroi e ao certo a aparição preparava seu corpo para uma investida. A sombra branca avançou, deixando um rastro cintilante e um zumbido elétrico para trás, mas, os olhos do grisalho acompanhavam seu movimento e, na destra, rotacionavam o chakra para apenas erguer o braço contra o corpo de seu atacante. Sequer pronunciou o nome da técnica, chocando-a contra os punhos do oponente e o fazendo recuar, com o braço esfumaçando pelo impacto. — É rápido... de fato você se tornou um adulto ágil... diferente de quando era uma criança suja... — Provocou e observou a próxima ação de Mahito.

A feição do grisalho mudou imediatamente a medida que a fumaça presente na palma de sua mão era levada pelos ventos secos do local. Uma vez calmo, mesmo na presença de um inimigo repentino, seu olhar se tornou cruel, como se em poucos segundos desejasse a mais dolorosa morte para o esbranquiçado. — Como é? — Resmungou, retomando sua postura e levando a mão até a bolsa de armas, calmamente tocando um de seus chicletes, levando-o ao lábio com rapidez e mascando, deixando que o açúcar tocasse suas papilas gustativas, se dissolvesse em sua saliva e descesse quente pela garganta, animando seus sentidos e fazendo-o retomar a sua feição calma, porem, com os olhos brilhando e os lábios prestes a formar um sorriso no canto dos lábios. — Hahaha, para um humano... você até que tem coragem. — Elevou sua postura e os braços, reconhecendo a disposição do inimigo. O homem, que por sua vez foi lançado alguns metros devido ao impacto de seu avanço, foi perdendo o brilho branco de seu corpo, que impedia Mahito de ver com clareza o formato de seu corpo e também de seu rosto. Em poucos segundos, a luz se esvaiu, restando apenas as fagulhas azuladas e cintilantes do elemento elétrico que sondavam o corpo do outro. O rosto repleto de cicatrizes era semelhante ao grisalho, costurado em diferentes direções, que se encontravam em alguns pontos do corpo. Porem, seu corpo era três vezes mais atlético e forte, com músculos saltados. — Você está voltando para aquele lugar em busca de vingança? Eu posso lhe assegurar que já tentei, Mahito. — O homem ergueu seu olhar, e seu rosto foi iluminado pelo sol do entardecer, revelando a falta de um de seus olhos. — Mas eu garanto que deixei muito mais do que meu sangue naquele lugar nojento. Você acha que tem o poder necessário para acabar com eles? Se não for capaz nem de me derrotar, não conseguira chegar perto do verdadeiro vilão dessa história... não posso deixar que mais de nós morram. Eu irei te impedir! — Assumiu uma postura ofensiva, deixando que os raios de seu corpo se intensificassem.

— Hahahahahaha...... AHHHAAAHAHAHAH!! ENTÃO NÃO TENTOU O SUFICIENTE. ESSA É A FRAQUEZA HUMANA! VOCÊS TENTAM... EU NÃO VOU TENTAR, EU VOU IR E FAZER O QUE PRECISA SER FEITO!! — Mahito se enfurecia com um largo sorriso psicótico em seu rosto, passando levemente a ponta dos dedos nas maçãs de seu rosto, enquanto todo seu corpo se eletrificava com uma fúria intensa. Era como se seu chakra elemental fluísse de uma maneira mais controlada, levada pela emoção e o desejo de se vingar. O homem, que ainda mão havia revelado seu nome, levantava seu semblante, tornando-o curioso. — Pode ser que funcione... preciso me aproximar dele. — Refletiu e aguardou. Mahito elevou suas mãos até o peito, realizando a dança dos selos de mão, e toda sua destra foi tomada por uma massa elétrica cintilante, que cantava o som de mil pássaros. Ao toca-la no solo, todo o chão se partiu perante o poder que fluía de seu corpo. — Eu vou te mostrar... — Sussurrou e avançou contra o esbranquiçado. Todo o ambiente foi tomado pelo som da batalha. — CHIDORI! — Esbravejou enquanto sua mão foi direcionada para o peito do homem.