Origens
Nasceu numa tarde ensolarada na Vila Oculta da Areia o segunda filho da família Aburaya, Katsuo, filho de Ichiro e Mayumi, irmão de Hayato. Os pais eram forças militares de nível Jōnin. O progenitor era um ninja reconhecido para lá das bocas do País do Vento, as suas habilidades em combate corpo a corpo e a sua velocidade marcavam as memórias de todos aqueles com que ele lutou. Já a progenitora tinha uma reputação mais modesta, mas funções igualmente importantes. Era diretora da academia ninja e focava-se em desenvolver os melhores métodos de ensino e encontrar os melhores professores para que os melhores futuros ninjas pudessem sair de lá. O irmão mais velho do jovem que agora vinha ao mundo era seis anos mais velho, treinava com o pai desde que se lembrava e já mostrava bastante talento, com uma velocidade que poderia vir a alcançar os níveis do pai e uma força muito superior à dos garotos da sua idade.

O nascimento desta criança veio trazer a esta família mais luz e amor, porém, ao elemento mais novo que agora deixara de ser, criou perturbações que se arrastaram pelo resto do seu desenvolvimento. Ciúmes, inveja e muito mau comportamento eram as palavras que agora faziam parte da vida de Hayato. Por várias vezes foi apanhado a magoar o seu irmão aquando dos momentos que estavam sozinhos, chegou, inclusive, num momento de nervos e raiva, a dizer várias vezes ao seu pai que o ia matar. Apesar de não haver discrepâncias entre o amor que sentiam por ambos, naturalmente que o bebé precisava de mais atenção nesta fase inicial da vida e isso estava a causar bastante dor na criança mais velha, que, conforme os anos iam passando, repetia várias vezes comportamentos agressivos, com vários avisos e ameaças, incluindo fugas de casa, bullying, violência, entre outros atos negativos.

Infância
Katsuo juntou-se aos treinos do seu pai com Hayato desde que aprendeu a caminhar. No início, exercícios mais simples que envolviam corrida e pequenos exercícios corporais. Conforme foi crescendo, a dificuldade e complexidade dos exercícios tornou-se maior. Não tardou até que começasse a fazer pequenas competições com Hayato, fosse em corridas, em exercícios de força ou até pequenos combates. Era nesses momentos que o primogénito aproveitava para sabotar o seu irmão, que todos os dias o fazia sentir menos desejado e inferior. Os elogios que o pai um dia lhe tinha feito e que regularmente lhe fazia era agora tão dirigidos para o elemento da família mais novo. Não importava o que acontecesse, não importava o quão bem fizesse as coisas, as palavras elogiosas que recebia não traziam o mesmo ânimo e orgulho do que quando era dirigidas ao seu caçula e os danos emocionais que aquilo lhe criava cada vez se reflectiam mais no seu dia a dia.

Os treinos só vieram revelar que aquele seria mais um elemento extremamente habilidoso. Tal como tinha acontecido com Hayato, ele herdava também a linguagem sanguínea avançada, o Jinton, que lhes permite atingir velocidades extremamente altas e dificilmente acompanháveis, e mostrou desde cedo muita habilidade com ela. Os treinos que recebia baseavam-se muito nas habilidades das quais o seu pai era possuidor: usar a força física em agregação com a velocidade. Eram atributos muito bons para combates a curta distância e corpo-a-corpo e ambos os irmãos mostravam bastante potencial nessa arte, mais conhecida como Taijutsu, muito possivelmente por terem um treinamento tão dedicado a esse estilo.

Conforme foram crescendo, melhores se tornavam. Eram ambos muito rápidos, embora Hayato fosse mais forte e experiente, dada a sua idade e a já ser um ninja. Porém, Katsuo mostrava muito potencial, o suficiente para o seu pai dizer várias vezes que ele poderia até vir a ser mais forte que ele, algo que deixava o primogénito, de uma forma exuberante, chateado e frustrado. Nunca ele tinha ouvido essas palavras dirigidas a ele, porém dizia a ele mesmo que um dia iria superar o pai e mostrar-lhe o quão forte se tinha tornado, fazendo-o arrepender-se de tudo o que o fazia sentir desde que Katsuo tinha nascido. Esse era o seu objetivo e treinava todos os dias, com muito foco e afinco, para que a curto prazo viesse a tornar isso realidade.

Aos oito anos, Katsuo ingressou na academia e rótulos que já trazia agarrados ao seu nome eram demasiados. Porém, a criança mantinha-se modesta e humilde, sem se importar com o que diziam ou pensavam dele, até porque ele nunca achou que fosse tão bom quanto o que diziam, mas mostrava vontade de, um dia, cumprir com expectativas que estavam traçadas para ele e, por isso, era extremamente dedicado aos treinos e às aulas e tal afinco nisso fazia com que pouco tempo lhe sobrasse para tudo o resto que uma criança precisava e fazia. Era por isso que era melhor que os outros, mas também era por isso que não tinha tantos amigos ou facilidade a integrar-se com os outros.

Morte de Ichiro
Já com dez anos, Katsuo continuava a mostrar ser um talento com um potencial incalculável. Na academia, era o melhor aluno da turma independentemente da aula da qual se tratasse. Em casa, apesar de não conseguir vencer o seu irmão mais velho, que já era um Chūnin agora, bastante conhecido dentro da vila embora que, por vezes, não pelos melhores motivos, já conseguia defender-se e esquivar-se de alguns dos seus golpes, o que era impressionante para um aluno conseguir comparar-se a um ninja que fazia parte da força de elite da vila, a ANBU.

Hayato já saía em várias missões, algumas delas muitas vezes por dias e até semanas. Desta vez, ele tinha ido numa missão com o pai, que era líder do esquadrão da ANBU da qual ele fazia parte. O objetivo e o tempo da missão era desconhecido, porém para o pré-adolescente e para a sua mãe houve duas pessoas que não voltaram dela, que lhes causou um desgosto enorme, principalmente ao mais jovem, que, após aquele dia, toda a sua forma de pensar e de ver a vida mudaram por completo. A notícia chegou por parte de um ninja do mesmo esquadrão que, ao início de uma noite fria, bateu à porta para entregar esse anúncio.

Tinham encontrado o acampamentos dos ninjas forasteiros que procuravam e os quais tinham que capturar. Aproveitaram o silêncio da noite para o atacar, deixando alguns ninjas a estabelecer o perímetro para evitar qualquer tipo de emboscada. Ichiro atacou com o seu filho e outro ninja, inicialmente tudo correu bem, mas, no momento da captura, Hayato começou com atitudes agressivas e a matar diversos ninjas ali forasteiros, até, inclusive, algumas mulheres e crianças que estavam com eles. Aquilo estava totalmente fora do propósito da missão e o que o jovem estava a fazer era de uma crueldade imensa e podia ser considerado um crime. O seu pai, sem hesitar, tentou pará-lo, lutaram por alguns momentos, mas enquanto o Jōnin se continha para não magoar o seu filho, ele não hesitou em atacar com toda a força. Naquele momento, revelou habilidades que ninguém sabia que ele as tinha e matou o seu progenitor, completamente consciente do que tinha feito e sem qualquer tipo de hesitação, dó ou piedade. E, mesmo depois de o ter morto, ainda fez questão de continuar a danificar o seu corpo. Cortou-lhe a cabeça e atirou-a contra uma árvore, soltando várias palavras de frustração e raiva para com o ascendente.

Momentos depois, quando os restantes elementos do esquadrão o tentavam capturar e aos ninjas forasteiros que estavam a fugir, o jovem desapareceu entre toda a flora. Deixou a sua bandana para trás, calcando-a, mostrando bastante desrespeito por aquela que foi a sua casa durante vários anos. Aquela atitude de frustração e raiva foi o libertar de tudo o que sentia desde que Katsuo tinha nascido, pois sentiu-se trocado e menos amado pelo homem que sempre respeitou e admirou. Ainda assim, todo aquele descontrole não justificava o ato, ainda para mais com toda a frieza com que fosse aplicado.

O impacto naquela mãe e naquele filho foi imenso, que os fez chorarem de desgosto pelo resto da noite. Uma progenitora que tinha perdido o seu marido e o seu filho e um descendente que tinha perdido o seu pai e irmão. O sofrimento que estavam a sentir era impossível de reconhecer. Mayumi sofreu e fez o seu luto por diversas semanas e, embora nunca mais fosse a mesma, regressou à sua vida normal, procurando seguir em frente e incutir o mesmo no seu filho, Katsuo, que, a partir daquele momento, nunca mais fora o mesmo. A sua vontade de ser um ninja desapareceu, começou a faltar às aulas e a sabotar-se a si mesmo nos treinos que era obrigado pela progenitora a fazer. Fechava-se no quarto a ver televisão ou a jogar na sua consola. Dizia que nunca mais queria ser um ninja, que preferia viver uma vida normal e modesta. Tornar-se em tal força militar tinha matado o seu pai precocemente e ele receava que com ele acontecesse o mesmo. Tornar-se em tal força militar levou a que o seu irmão procurasse mais força e mais poder e que se achasse suficientemente capaz de matar o próprio pai. E só de pensar em tornar-se um ninja, Katsuo sentia-se bastante inseguro sobre isso e sobre a sua capacidade para conseguir consagrar todo o seu potencial.

Graduação

Obrigado pela mãe, o menino continuou o seu percurso na academia ninja. Faltavam apenas dois anos para que se pudesse graduar, mas, a partir daquele momento, o seu desempenho escolar começou a diminuir. Embora ainda a sua habilidade fosse a mesma, a sua vontade de a usar não era mais. Cumpriu os dois anos seguintes da academia porque o seu pai desejava que ele pudesse tornar-se um ninja e que um dia fosse mais forte que ele, mas já não era isso que o jovem adolescente queria. Fugia de todo o tipo de conflito, obrigação ou responsabilidade e começaram-no a chamar de covarde e inútil. A sua insegurança começou a paralisá-lo e a levar a que ele não fosse capaz de tomar muitas das decisões e começou a ser considerado um inútil.

Toda essa alteração de personalidade que a morte do pai tinha provocado nele refletia-se no seu dia a dia. Começou a odiar-se a si mesmo por tudo isso, a sua auto-estima tornou-se muito baixa e a ganhar outros interesses que não a sua evolução. Contudo, a sua essência ainda estava lá. Continuava a ser o menino dócil, educado e simpático que era, contudo essa versão agora era substituída por uma versão de mulherengo e de defensora das mulheres. Afirmava todos os dias que, já que tinha que ser um ninja, queria encontrar uma mulher para que quando morresse, não morresse sozinho e esse era um dos seus maiores medos.

Apesar de tudo, o menino continuava a desejar cumprir com todas as expectativas que tinham sido criadas para ele e honrar a memória do seu pai e, por isso, procurava tornar-se melhor todos os dias, mas sempre com alguns desleixos. Tornou-se mais brincalhão, extrovertido e sociável, em vez de tão focado nos treinos. Por muito que a sua mãe procurasse manter a disciplina com que ele tinha crescido, ele conseguia sempre dar-lhe volta. Ainda assim, voltou a revelar-se bastante talentoso durante o restante percurso da academia. Melhorou bastante no uso da sua habilidade genética, conseguiu conciliar a velocidade com a sua força e a habilidade em combate corpo a corpo. Mostrou-se utilizador de Raiton e bastante talentoso a controlar o seu chakra, atributos esses que herdava da sua mãe. Não fosse a sua covardia e insegurança e teria entrado para o quadros dos melhores alunos de sempre na academia.

No dia da sua graduação, conteve-se a mostrar os seus talentos. Embora tenha passado com facilidade, podia ter mostrado muito mais do que o que mostrou. No teste teórico, passou facilmente, mas no teste prático evitou o conflito a todo o custo, acabando por ser convidado a fazer uma demonstração do que sabia fazer em vez de um combate contra outro colega. Entre a velocidade, o Taijutsu, o Raiton e o excelente controle de chakra, conseguiu convencer os professores que merecia a bandana com o símbolo da Vila Oculta da Areia e foi, dessa forma, que, para sua desilusão, se tornou um ninja que agora teria que cumprir com as responsabilidades que lhe fossem designadas.