Era noite na vila oculta da pedra, mas não era uma noite comum: seria uma noite que iria marcar a vida de um pequeno garoto chamado Darkon. O jovem, de apenas dez anos de idade, estava dormindo em sua cama, mas acordou ao ouvir um barulho na cozinha da casa. "O pai deve ter bebido demais hoje. Deixa eu ajudar ele a ir pra cama", pensava o pequeno. Seu pai era um ninja do clã Nara que o tratava muito bem e dava prioridade para o filho sempre quando tinha que decidir entre fazer missões longas ou ficar mais tempo em casa com o garoto. Darkon, inclusive, já sabia usar alguns jutsus do clã Nara, que seu pai havia ensinado para ele. Segundo o seu pai, o talento do pequeno Darkon para utilizar ninjutsu era algo incrível. Ao chegar na cozinha de sua casa, porém, o pequeno encontrou um estranho no local, que estava olhando calmamente para ele enquanto ele entrava na cozinha. O garoto imediatamente fez uma posição de combate enquanto olhava aquele estranho.


"Oh... garotinho, qual seu nome?" - perguntou o estranho homem de olhos azuis que tinha uma espada consigo.


"D... D-Darkon." - respondeu o pequeno, que estava com o coração acelerado ao ver aquele estranho na sua casa naquela noite.

"Darkon... hum. Está muito escuro. Acabei entrando na casa errada. Vou ir embora, peço perdão, garotinho. Volte a dormir, viu?"

O homem foi embora da casa, saindo pela porta da frente, enquanto Darkon, ainda assustado com a presença de um estranho em sua casa, ficou mais calmo e, após colocar uma cadeira por trás da porta, imaginando que aquilo poderia ajudar de alguma forma caso ele voltasse, voltou para sua cama, mas não conseguiu dormir. Ficou esperando seu pai retornar naquela noite para contar para ele o que havia acontecido ali. O sono, porém, o acabou derrubando uma hora depois daquele momento.

O dia amanheceu na vila. Três batidas fortes na porta. Outras três batidas fortes, e dessa vez, Darkon acordou. O pequeno desceu até a sala de sua casa, perguntando aos gritos quem batia na porta, mas não antes de ouvir novamente mais três batidas fortes na porta. Após a pergunta do pequeno, a resposta veio com uma mulher que ele reconheceu a voz como sendo uma vizinha, a senhora Lanabi. Assim que abriu a porta, a senhora, que estava chorando muito, abraçou o pequeno com força. "Eu sinto muito, eu sinto muito meu jovem", dizia a senhora enquanto o abraçava com força.

O pequeno Darkon foi levado por ela até alguns metros fora da casa, onde estava um homem com um uniforme que o pequeno Darkon reconhecia ser uma roupa usada por alguns jounins da sua vila.

"Escuta, Darkon... você sabe que ás vezes acontecem coisas ruins com pessoas boas. A vida de um ninja é uma vida perigosa, infelizmente. Escute, você vai precisar ser forte agora. Você ainda é novo, mas eu sei que você é muito inteligente. Bom, foi encontrado um corpo de um ninja morto nos arredores da vila..."



Quanto mais palavras aquele homem falava, mais lágrimas caiam no chão no local onde estava Darkon. O pequeno havia perdido sua mãe quando era um bebê ainda devido a uma doença que ele não recordava o nome, mas felizmente seu pai era tão dedicado e se dedicava tanto ao garoto que ele, por vezes, não sentia um vazio tão grande pela falta de uma mãe. Até aquele dia. Quando ele ouviu aquele homem falar, na mesma frase, as palavras "pai" e "morto", ele desabou por dentro. Por fora, continuava de pé, sem saber de onde tinha forças para continuar de pé, visto que não conseguia pensar em nada naquele momento, tudo era dor.

"Eu sinto muito pela sua perda". "Se precisar de algo, fale comigo". "Seu pai era uma pessoa boa. É uma grande perda para a vila". Várias foram as frases que ele ouviu naquele dia de pessoas que foram em sua casa, todos usando roupas pretas. Vizinhos, amigos, ninjas da vila, ele não saberia falar quantas pessoas foram falar com ele, visto que foram tantas. Ao final do dia, só quem restou na casa foram ele e a vizinha que o havia acordado pela manhã batendo na porta de sua casa. Ela informava que iria cuidar dele e que a vila iria ajudar ela com despesas, assim como também falava sobre a ótima pessoa que era seu pai.

Quando a noite caiu, Darkon se deitou para dormir, porém o pequeno não conseguia dormir. Se lembrou das conversas que teve com um ninja da vila que pediu para ele descrever como era o ninja que apareceu pela noite em sua casa, as quais Darkon deu todos os detalhes que conseguiu lembrar. Na parede do quarto do pequeno, havia um desenho feito por ele: o rosto de um homem com olhos azuis que segurava uma espada consigo. Ele se deitou para dormir enquanto olhava para aquele desenho. Foram horas sem dormir, apenas olhando friamente na direção do desenho em sua parede. "Eu vou te encontrar", repetia o pequeno deitado em sua cama. Após algumas horas, ele finalmente caiu no sono.

Nos dias seguintes, Darkon não foi visto fora de sua casa. Ficava dias sem sair de casa, apenas saia para fazer refeições na casa da vizinha. Durante os dias seguintes, recebia visitas diárias de uma ninja da vila que ficava conversando com ele sobre vários assuntos e sempre perguntava como ele se sentia naquele momento. Uma semana depois, porém, começou a sair de casa e ir mais vezes em uma praça da vila que vendia uns sanduíches muito gostosos. Começou a sair mais de casa, e felizmente sempre recebia dinheiro de sua vizinha quando queria comer aqueles deliciosos sanduíches da praça. A vida do pequeno havia mudado bastante e ele agora tentava encontrar a normalidade novamente.

Embora estivesse perdido no sentido de como seguir com sua vida, ele sabia que precisaria se tornar um ninja forte, para utilizar as técnicas das sombras que seu pai havia lhe ensinado assim como para ser um ninja tão bom como seu pai era. Ele precisava usar aquelas técnicas e honrar o legado de seu pai. A Sombra da Pedra deveria continuar existindo. Aquele pequeno garoto sabia o que tinha que fazer. Uma sombra havia caído para sempre e nunca mais se levantaria no dia em que seu pai se foi, porém, no que dependesse do pequeno Darkon, aquela sombra jamais seria esquecida.

Considerações: