ー Excelentíssimo bom dia e muito obrigado moço das entregas! É por conta de pessoas como você que Kumo vai pra frente. ー Digo ao entregador, ressaltando a formalidade de forma excêntrica por conta do meus ânimos à flor da pele. Segurando a caixa e retirando as informações do destinatário, além das várias fitas adesivas que protegem a embalagem e que sujam o piso da minha casa, obtenho a posse de uma variedade de livros, volumes científicos que havia alugado recentemente para estudo, principalmente por conta de minhas novas descobertas a respeito de meu dōjutsu. Haviam alguns meses desde a última vez que meus dedos dividiram as páginas de um livro, estava na hora de retomar a prática, principalmente com essa nova coleção, que prefiro que comece a acumular poeira quando eu terminar de ler. Todas aquelas obras abordavam conceitos avançados, então eu teria que prestar atenção para não acabar me perdendo entre os parágrafos e as colunas do dicionário: ー De qualquer forma, acho que dá pra começar. Só vou comer alguma coisa antes, "bexiga vazia não voa", acho que é isso. ー Finalizo. Ao terminar o almoço, me jogo na cadeira da sala e começo a folhear aqueles monumentos literários, uma atividade que vai continuar até o sol esconder-se atrás das montanhas do país.

Considerações:

ー Tal que o blastocisto se forma durante a primeira semana de embriogênese, a embriogênese começa com a proliferação celular, movimento e mudanças na forma da c-Caralho isso é a coisa mais cansativa que eu já fiz na minha vida. ー Digo, fechando o livro e arremessando-o na parede de meu quarto: ー Eu já estou velho demais para teoria, quero algo mais prático, e se eu ficar lendo isso aqui o dia inteiro eu posso contrair o vírus mortífero da "eu preferia estar me prostit"-, tá, peguei pesado nessa. ー Finalizo, me levantando, vestindo-me e saindo de casa, partindo em direção aos arredores de Kumogakure no Sato. Eu já havia folheado todos aqueles livros, e tinha a validação científica, ênfase nessa palavra, que meu dōjutsu não tratava-se de um fenômeno biológico explicável, é simplesmente um meio no qual eu posso utilizar caso concentre chakra na cavidade ocular. Tendo essa certeza, me leva a questionamento: ー Eu não acho que esses olhos ainda escondam algum segredo, mas eu com certeza poderia aproveitar a oportunidade para estudar de forma mais dinâmica. Ler demais me cansa a vista e não terá Akagan que me salve. ー Prossigo, bocejando em seguida, pensando que eu passaria longas das minhas valiosas horas acorrentado a parágrafos intermináveis. A leitura era mais interessante quando me trazia resultado e quando aquilo que eu aprendia eu conseguia colocar em prática logo após, como quando eu estudava sobre a arte ninja: ー De qualquer forma, eu não quero que minha mente atrofie. Quando você está cansado demais para ler, mas precisa, o que você faz, Kaonashi? ー Termino, ao pensar em uma forma de estudar sem precisar desperdiçar meu tempo em livros monótonos e monocromáticos.

Considerações:

ー Engraçado. Comecei o dia na maior empolgação, e agora tô aqui. Invadir a Instalação médica de Kumogakure é considerado um crime? Bom, hipoteticamente, nada é um crime contanto que você não seja descoberto. ー Digo, enquanto abria uma das janelas da propriedade, o hospital do vilarejo, no departamento do almoxarifado. Havia uma infinidade de equipamentos estocados, além de medicamentos rotulados. Minhas intenções não eram prejudiciais, não pretendia roubar nada, apenas usar para uma análise mais apurada e desenvolver meus conhecimentos científicos: ー Se eu deixar tudo organizado, me finjo de sonsa e nada acontece. ー Continuo, adentrando. Pretendia passar o resto da tarde usando do que estivesse a minha disposição. Tendo ciência de que eu não tinha acesso a aquela localidade, tentei manter o sigilo usando de minha inteligência e perspicácia, em conjunto da Técnica de Ocultação com Camuflagem, ofuscando minha presença e tornando-me invisível aos olhos nus: ー Hora de sentar e estudar. É tão contraditório o que eu estou fazendo. Se fosse o antigo Kaonashi, ele diria algo como "você está praticamente implorando para se torturar por horas". ー Digo, em meio a uma risada. Com o que eu já havia usado dos livros que comprei, somado aos utensílios medicinais que encontravam-se a meu mercê, meus estudos científicos teriam um progresso colossal. Caso alguém surgisse, eu seguraria o fôlego e me manteria imóvel, evitando que minha presença fosse flagrada. Em caso de eu conseguir estudar sem interrupções, manteria o foco para absorver o máximo que pudesse do conteúdo encontrado.

Considerações:

ー Bom, eu acho que é isso. Deuses, é melhor eu sair daqui antes que isso me acabe me foden-deixando em uma situação ruim. Sem palavrões... ー Digo, finalizando meus estudos ao perceber que a noite surgia. Havia sido um dia produtivo, com pesquisas frutíferas e um aprimoramento dos meus conhecimentos, ainda mais utilizando de objetos de estudo científicos tais como os do hospital da vila. Colocando-os de volta em seus devidos lugares, atentando-me, na tentativa de evitar que seja percebido que foram violados, e tentando fugindo do local em sequência, mantendo a técnica de camuflagem ativa até que eu esteja a uma distância segura e em um local vazio, como uma rua escura. Sabendo que já estava tarde, imaginei que poderia aproveitar o resto que sobrava desse dia para guardar meus livros em alguma estante, ou talvez anotar tudo que havia aprendido para fixar, mas eu sou Kaonashi, e não há nada que substitua tocar uma boa música. Ao retornar para casa, pego meu shamisém e parto em direção a minha cafeteria favorita. Me sentando no lugar mais próximo da janela, começo a praticar meu dedilhado: ー Me pergunto se com esse tanto de estudo eu conseguiria uma vaga no hospital. Trabalhar como ninja médico renderia um belíssimo salário... Só tenho que aprender a usar o Iryō Ninjutsu, o que pode ser impossível para mim. Vai que é um negócio genético... ー Finalizo, batndo nas cordas do instrumento e deixando a musicalidade tomar o silêncio do local.

Considerações: