Jyu se despediu de Baldur, mantendo a postura de líder até a porta finalmente se fechar. Após o jonin sair do gabinete, o garoto respirou fundo e soltou o ar lentamente. Um certo peso havia sido tirado de seus ombros com aquela breve conversa. Estava ciente da dificuldade da missão que havia dado ao rapaz, mas tinha plena confiança em sua capacidade, afinal, lutaram juntos na guerra uma década antes.

Se levantou da cadeira, se dirigindo até o terraço, sentindo pela primeira vez o ar frio daquele inverno desde que assumira a gestão da vila, algumas poucas horas atrás. Olhou para toda a vila, pensando em como deveria ser um mundo sem preocupações com os perigos tenebrosos que circundavam a vila todos os dias.

Agora que já tinha eliminado a primeira preocupação, o líder da vila da névoa tinha que eliminar a segunda: elevar os seus poderes para poder proteger a vila de uma forma segura e tranquila. Havia pensado muito sobre as suas habilidades, principalmente aquela que o ajudou na última guerra, mas que não havia se aprofundado tanto quanto o ninjutsu: a arte da ilusão.

Ali, sozinho, vendo a vila do ponto mais alto, se encheu de determinação para evoluir e ser digno do cargo de Mizukage.

Concentrou no Fushichō no Tsue o seu chakra, colocando em prática o seu pensamento. Assim como fizera com o ninjutsu quando o aperfeiçoou ao seu máximo, o Mizukage tentaria tornar o seu genjutsu mais forte, mais real, a um nível que confundisse a realidade com a ilusão.

Respirou profundamente enquanto usava o seu chakra para moldar todo o ambiente a sua volta. Fez com que árvores crescessem, cobrindo todo o terraço, bloqueando o pouco de luz que ainda dominava os céus. Imerso em sua própria ilusão, Jyu suspirou, olhando em volta com a maior calma possível.

Forçando seus olhos, se aproximou de alguns troncos de árvores para ver o quanto ainda tinha que percorrer. Ficou decepcionado ao ver que não era algo muito difícil de ver a diferença com a realidade. Seus troncos eram lisos, suas folhas, não tinham diferença de tamanho, espessura, pareciam meros papéis conforme sentia a sua mão passar pela sua extensão.

Mordeu os lábios, decidido a corrigir as falhas que havia encontrado. Segurou com força seu Fushicho no Tsue e, se concentrando apenas na árvore à sua frente, o líder da vila da névoa começou a enriquecer a sua ilusão.

No tronco da árvore, criou pequenas camadas de cascas, tomando cuidado para não exagerar em seu tamanho e nem em sua grossura, de forma a ficar o mais natural possível. Centímetro a centímetro, repetia o processo em todas as árvores a sua volta. Mesmo que não atingisse todas as árvores do terraço inteiro, ao menos evoluiria gradativamente a sua capacidade de distorcer a realidade...

Quando terminou, já acostumado com a escuridão que ele mesmo criou, se aproximou do tronco da árvore, colocando a sua mão na superfície da planta ilusória. Sentiu a aspereza do tronco, assim como as pequenas imperfeições da madeira em seus dedos. Diferente de antes, havia ao menos uma certa profundida, chegando um pouco mais perto da realidade que ele desejava.

Agora, além dos poucos troncos de árvore que ele havia efetuado o mesmo processo, vinha o mais difícil: o processo de naturalização de todas as folhas daquela árvore. Mordeu os lábios, nervoso, ciente de que havia uma dificuldade enorme naquilo que iria fazer, principalmente por que empregava uma tarefa hercúlea. Em uma árvore, não havia apenas centenas de folhas dos mais diversos tamanhos e diferentes, haviam milhares. Em uma pequena floresta como a que ele havia feito, então... Era um número absurdo de folhas para criar e fazê-las viver.

Suspirando, desfez todas as árvores, deixando somente a que estava em sua frente. Apertando ainda mais forte o Fushichō no Tsue, fez seu chakra circular em toda a sua haste, impulsionando sua concentração ao máximo. Com cuidado, foi criando folha por folha, mantendo um padrão único de largura e de um verde escuro em todas as folhas em torno do tronco.

Tomou um certo cuidado para que elas tivessem as nervuras em meio as suas cores, assim como um toque aveludado, suave. Apesar do cuidado que estava tendo, o processo estava sendo demorado e cansativo.

Respirou fundo, até decidir cancelar o genjutsu. Apesar de não ter concluído aquele desafio auto imposto, sentia que entendia um pouco mais sobre a sua capacidade, tanto criativa quanto de manuseio da realidade por meio de ilusão, melhorando assim a sua proficiência, se prometendo a treinar todos os dias para chegar em um resultado satisfatório...

Sentindo-se cansado, ainda voltou para o escritório, escrevendo um pequeno bilhete para o Kazekage, solicitando a sua presença em seu escritório a meia noite, afinal... Aquele primeiro dia de trabalho ainda não havia acabado...