Durante mais de uma década, meus olhos foram capaz de ver muito do que seria impensável. Tive a oportunidade infortúnia de presenciar e participar de uma guerra devastadora, fui capaz de conhecer pessoas dos cantos mais longínquos do mundo, mas principalmente, pude ver a mim mesmo amadurecer, uma vista dolorosa e vagarosa, mas genuinamente agradável. Hoje, posso dizer que foi graças não somente a arte, como a própria vida que vivi que sou a pessoa que sou. Ainda tenho muito a me desenvolver, e principalmente a contemplar, afinal, o segredo da arte é fazer aquele que a vê sentir algo novo, ter uma vivência que a vida jamais seria capaz de proporcionar. Durante essa tarde, meus olhos constantemente me drenavam minha energia, meu chakra, devido aqueles olhos rubro que manifesto em algumas ocasiões. Eu sinto que posso ativá-los quando eu desejar, mas não vejo utilidade em tê-los, afinal, eles apenas consumem e não devolvem nenhuma habilidade: ー Isso me lembra do Megumi-Chan. Daqueles olhos cor de luar pálido. ー Digo, enquanto caminhava pelos arredores de Kumogakure. Com uma curiosidade felina, desejava compreender do que aqueles olham tratavam-se, afinal, aquilo poderia ser prejudicial a minha própria saúde, algo considerável pensando a respeito da minha sorte, ou melhor, a ausência dela. Me dirigi ao único lugar que poderia pensar com prudência e inteligência, minha cafeteria preferida. Não havia muito tempo que eu havia aprendido uma técnica versátil na biblioteca do vilarejo, a Técnica de Divisão , e dividindo meu corpo em uma duplicata, exercitei meu chakra afim de ativar meu dōjutsu. Ao fim, pedindo por um café latte, me retirei do estabelecimento e ambos partimos para pontos diferentes. Se eu quisesse aproveitar dos segredos de meu olhos, teria que procurar pela resposta intensamente.

Considerações:

Enquanto minha duplicata dirigia-se, como coordenava, para o campo de treinamento do vilarejo, eu permaneci no centro da aldeia. Vendo meu reflexo na janela de uma casa, ajeitando a franja de meu cabelo com uma kunai e em seguida, inspirando por fim: ー Que tal... Akagan? ー Digo. Do preto, meus olhos tornaram-se vermelhos, forte como o café que costumo pedir. Propus que minha duplicata tentasse utilizar desses olhos a uma distância segura, evitando que isso pudesse acabar machucando as pessoas da vila. Enquanto eu buscaria entendê-lo estudando a respeito. Se eu pudesse descobrir seus segredos, saberei se tenho um grande problema em minhas mãos, ou um luxo que pouco me vem na vida. A biblioteca estava a algumas ruas de distância, e sabendo que esse dōjutsu devora meu chakra lentamente, devo me concentrar em mantê-lo num ritmo controlável, uma necessidade que posso fazer graças a meu controle de chakra perfeito. Prateleira por prateleira, deslizo meu indicador pelas lombares dos mais diversos livros dos mais diversos tópicos, mas para minha decepção, eu tinha em mãos, ou nas cavidades oculares, para melhor precisão, algo indiscutivelmente único. Nada que estivesse a meu alcance me informava minimamente sobre esses olhos. Me restava me jogar na cadeira, colocar os pés sobre a mesa e suspirar em incômodo, incerto sobre o que fazer: ー Nenhum deles vai saber o que fazer... Tampouco eu posso simplesmente sair perguntando por aí sobre isso... Bom, minha última alternativa é... ー Indago-me, refletindo sobre as opções que me restavam quando os livros eram inúteis.

Considerações:

ー Bom, o que me resta é entender como isso funciona por mim mesmo. ー Digo. Consultar a biblioteca foi uma tentativa infrutífera de entender meus olhos, logo, talvez eu possa compreendê-lo estudando por mim mesmo. Voltando para as ruas de Kumo, subo pela estrutura de algumas das casas até que eu chegue na cobertura de uma qualquer, distante da parte movimentada dos arredores do vilarejo. Eu sabia que precisava de espaço e que o sossego me traria concentração. Me sentando, cruzando as pernas e arfando intensamente, recuperando o fôlego e esvaziando minha mente, começo a direcionar meu chakra pelo meu sistema circulatório, guiando-o na direção das cavidades oculares, uma mescla da minha habilidade de controle do chakra e conhecimentos anatômicos. Por fim, fecho os olhos e deixo o chakra fluir de forma centrada pelos globos. Eu pressiono as pálpebras com firmeza, e quando finalmente relaxo-as, eu abro os olhos: ー Akagan!. ー Digo, e então, as habilidades de meu dōjutsu foram finalmente ativadas, num lampejo poderoso. Para minha surpresa, considerando que eu não tinha nenhuma expectativa, o tempo parecia ter congelado. As pessoas caminhavam tão vagarosamente que pareciam nunca pisarem o chão. Os fios do meu cabelo ao vento balançavam tão lentamente quanto. Eu estava no topo de uma das várias casas da vila, mas mesmo assim, conseguia ver vividamente todas as ruas, todas as janelas, mesmo as mais distantes, a quase um quilômetro de onde eu estava. Eu havia perdido completamente a sanidade ou então, esses olhos eram muito mais do que eu poderia sequer imaginar.

Considerações:

ー Tá de brincadeira. ー Digo. Mesmos os cantos mais distantes de Kumogakure eram visíveis como se estivesse vendo-os pessoalmente. O cume das montanhas que cercam o coração do vilarejo nunca estiveram tão próximos, tão palpáveis. Os pássaros que sobrevoam nossas cabeças parecem lentos como nunca antes. A sensação é de estar vivendo em uma realidade completamente diferente, como se estivesse dentro de minha própria mente, percebendo tudo como ninguém jamais fora capaz de perceber. Eu estava extasiado, eufórico como tendo feito uma música que me orgulho. Saber que ao menos, eu não teria dores de cabeça com uma doença rara nesses globos oculares: ー Eu devo ser a pessoa mais sortuda do mundo, mas não vou falar muitas vezes isso. Desejar em voz alta é uma atitude estúpida. Quando a esmola é demais, o santo desconfia! ー Continuo. Para minha sorte, tenho a capacidade de recuperar o chakra que gasto em maior intensidade do que o perco pelo uso do dōjutsu, é como se não houvessem falhas, uma técnica inigualável: ー Bom, considerando isso. Eu acho que vou ver como minha duplicata se saiu. Talvez ele tenha descoberto coisas mais interessantes, já que se dedidou a praticar mais do que eu. ー Finalizo, saltando até as ruas da vila e seguindo até o campo de treinamento, onde havia estipulado de encontrar minha outra parte.

Considerações:

Retornando para o local estabelecido - a cafeteria Hana Kōhīshoppu - entre mim e minha outra parte, adentro o estabelecimento na tentativa de encontrá-lo. Não demorou para que eu pudesse vê-lo, já que o mesmo adiantou-se e seguiu em minha direção, tomando a palavra para si após cumprimentar-me. A duplicata, antepondo-se, explica a respeito de suas descobertas quanto as capacidades desse poder ocular. A princípio, o Akagan, além das habilidades que havia desenvolvido durante o dia, também é capaz de dois outros feitos. Tal como a habilidade de ampliar o campo visual, é possível ver-se através das pessoas e perceber o chakra em seus interiores, fluindo através do sistema circulatório. Além disso, caso usássemos da liberação de yin, poderíamos codificar um genjutsu em nossos alvos apenas com contato visual, com clones ilusórios de perfeito realismo: ー Me alegra saber que você não fez corpo mole. ー Prossigo, comentando de forma irônica: ー Bom, quando nós nos unirmos novamente, você saberá tudo que eu descobri. ー Digo, ao vê-lo aproximar-se na intenção de nos unirmos novamente, ação a qual eu acato, desfazendo a Técnica de Divisão. Por fim, aproveitando a estadia, peço por uma xícara de café para deliciar-me durante a tarde.

Considerações: