Fazia alguns meses desde a conclusão da Quinta Guerra Mundial Shinobi, com a queda de Yamanaka Suishu e o início da trégua formada entre as nações remanescentes, e a humanidade ansiava por tempos de calmaria onde poderia recomeçar com suas vidas. Entre esses também estava um dos oito Kyūseishu, de cabelos rosados e tapa-olho, que viria a se tornar Shodaime Raikage da reconstruída Kumogakure; Akira Haruno, o Inocente.


Dentro de seu gabinete pessoal, Akira trabalhava como se fosse mais um dia normal - o que não parecia estar errado - enquanto via-se cercado por montantes de papeis ao redor de sua mesa o relembrando das pendencias que deveria resolver, fazendo gotas de suor escorrerem de sua testa com nervosismo. "Céus, isso aqui não é de Hagormo não, duvido que eu consiga terminar essa papelada ainda hoje." Comentava mentalmente, aguardando uma resposta que para alguns seria estranho receber estando numa sala sozinho, mas que para o caso de Akira era o completo oposto do esperado.

"Olha... Eu sei que não deu muito certo da última vez... Porém, não custaria tentar, utilizar novamente dos Kage Bunshin para fazer esse trabalho conosco. Tenho certeza que se eu ajuda-los ao invés de folgar como antes, eles não irão fazer nenhuma rebelião ou confusão semelhante à daquela outra vez." Esboçava um sorriso sem graça no canto dos lábios, em reflexo aos seus pensamentos, contudo, mais uma vez ficava sem uma resposta da "companhia" que tinha. "Ei, você não é do tipo que gosta de permanecer calado, o que houve?" Passando-se mais alguns segundos em silêncio, pensou em desistir de tentar chama-lo...

"Aquele rapaz." Uma voz gutural ressoou, dentro de sua mente, atraindo a atenção de Akira com suas palavras. "O que você pretende fazer... Em relação ao meu irmão?" Seu timbre permanecia seco e ríspido, como se estivesse um tanto decepcionado, sendo retribuído com um olhar triste do Raikage.

"Pra ser sincero, eu não sei, também estou tão preocupado quanto você..." Dizia enquanto abria uma das gavetas de sua mesa, a inferior a esquerda, procurando entre as pranchetas até encontrar a ficha de um Shinobi em específico. "Apenas tive conhecimento de sua condição poucos dias antes do estourar da guerra... Fracamente, é um verdadeiro milagre ele ainda está vivo, com as circunstâncias que nos foi impostas, seu irmão poderia ter assumido o controle e tê-lo matado a qualquer momento."

"Certamente há uma razão para a ausência de Chōmei durante esse tempo, mas, agora temos a chance de conversar com ele e talvez salvar a vida de seu ninja; então, por que ainda não foi até ele?" Essa pergunta atingia Akira com uma força descomunal, reconhecendo que não tinha uma justificava muito plausível. — Não é tão fácil quanto parece... É muito provável que o mesmo nem saiba o que é uma Bijū e um Jinchūriki, como que eu iria explicar que existe um gigante ser moldado em chakra aprisionando dentro de seu corpo e que muito provavelmente vai tentar tomar o controle desse para si mesmo?

De repente, várias batidas eram realizadas contra sua porta. Permitindo a entrada Akira via que se travava de um mensageiro e que o mesmo tinha uma carta para ser entregue, tal rosado pegava a carta e rapidamente lia o seu conteúdo, deixando-lhe surpreso pela coincidência do assunto. Hīro Murakame solicitava sua saída temporária do vilarejo, com a finalidade de realizar um treinamento adequado para sua condição especial. "Pelo que parece, ele já tem conhecimento do que é ser um Jinchūriki." Akira mordia o lábio inferior em nervosismo, refletindo consigo mesmo.

"Não posso deixa-lo sair do vilarejo dessa forma, seria necessário uma supervisão elevada para sua segurança e não estamos em condições de fazer isso..."

Por outro lado, restringi-lo a ficar dentro do vilarejo é uma decisão imprudente, o temperamento volátil de Chōmei irá causar acidentes querendo você ou não.

— Céus, eu caí numa saia justa. — Dizia pensando em voz alta, direcionando seu olhar para o mensageiro ainda presente na sala. — Diga ao meu assistente para assumir daqui, tenho que resolver uma prioridade de última hora. — O outro ninja acenava em positivo, desparecendo numa cortina de fumaça na sequência. "O que pretende fazer?" Indagava curioso, vendo Akira sorrir de descontração em seu pensamento.  "Você verá, apenas deixei eu resolver o problema da papelada e do meu já pedido de ausência." Recitava enquanto via seu assistente chegando na sala, começando então a explicar a situação para o mesmo com certo entusiasmo.

Com as medidas legais tomadas no gabinete, Akira saía ao encontro de Hīro Murakame, um também jinchūriki e que possuía a Bijū de Sete-Caudas selada em seu corpo. Mesmo que não pudesse aprovar o pedido de seu ninja ainda existia uma outra alternativa para o seu caso, uma solução que resolveria tanto a questão do local para a realização de seu treinamento quanto as preocupações que Akira e Gokū tinham para com aquele jovem e o besouro dentro de si. Quando finalmente chegava ao ponto marcado, de frente para o Genin, a liderança da Nuvem faria seu cumprimento costumeiro para o Murakame antes de prosseguir com sua proposta.

— Em resposta a sua carta, infelizmente não poderei aceitar da forma que você sugeriu... — Pausava. — Porém, eu posso aceitar que você saía e volte sempre no intervalo de uma semana, com uma condição: eu irei acompanha-lo durante suas saídas, estarei supervisionando você para asseguramos principalmente de seu integridade, e claro que irei ajuda-lo em seu treinamento como puder. — Sorria com seu olhar fitando o rosto do de maior estatura, oferecendo sua mão num cumprimento caloroso, aguardando que o outro também retribuísse os gestos.

— Em outras palavras, eu pretendo torna-lo um discípulo, acredito que exista muita coisa que você gostaria de saber e que certamente eu tenha conhecimento, então, o que me diz?


Assim, os dias seguintes foram passando, junto a um novo compromisso que Akira tinha firmado com um de seus Genin. Por mais que agora fosse um Mestre direto, ainda sim Akira era Kage e precisava dividir suas responsabilidades conforme se ajustava; porém, nos momentos que conseguia uma folga desse trabalho, Akira dedicava parte de seu descanso para auxiliar Hīro Murakame no entendimento de sua própria Bijū. Ambos saíam dos limites de Kumogakure e rumavam para as florestas ocultas que existiam nas bases das montanhas, ainda dentro do território do País do Relâmpago, com o intuito de evitar que acidentes acontecessem próximos ao vilarejo.

Nos primeiros dias, Akira podia conhecer melhor a pessoa que era Hīro Murakame; um rapaz introvertido e um tanto distante, mas que ainda sim prestava atenção aos palavras que lhe eram direcionadas, e isso já era uma base com qual Akira podia trabalhar. Mesmo com suas personalidade sendo polos opostos, a dinâmica de aprendizado era no mínimo "interessante", visto que o rapaz parecia ter problemas para confiar plenamente até em seu Kage, enquanto Akira tinha que dosar em seus métodos de treinamento, visto que confiava demais nas capacidades do Genin e acabava por vezes que exagerar demais.

Depois de certo tempo, Akira também pôde conhecer o irmão de Son Gokū: Nanabi no Chōmei. O besouro gigante voador era uma criatura fascinante, ao menos em personalidade, visto que seu humor um tanto cômico e orgulhoso combinava com o humor descontraído e indiferente de Akira, o que traria uma dor de cabeça tanto para Hīro quanto Gokū, que eram os mais sérios e realistas da situação. No entanto, essa relação parecia um tanto saudável para todos, Akira e Hīro pareciam aproveitar melhor a companhia um do outro conforme o sentimento de convivência prevalecia enquanto Chōmei e Gokū já estavam contentes por estarem próximos um do outro, conversando assuntos paralelos que nem mesmo seus Jinchūriki conseguiam entender em qual contexto da antiguidade aquilo entrava.

Em determinado dia Gokū sugeriu para eles interligassem seus chakras entre eles, permitindo uma espécie de conexão mental fosse estabelecida a partir dali. Ouvindo seu parceiro, Akira então fez como era pedido e resultado era surpreendente. Todos se encontravam num lugar completamente diferente de onde estavam, porém semelhante ao subconsciente que utilizavam para interagir, revelando assim não ser um lugar de fato diferente do que já presenciaram em vida. Embora Chōmei ainda não fosse totalmente a favor da companhia de Hīro, a presença de Son Gokū seria a única razão para fazê-lo aceitar aquela comunicação, que só poderia se manter enquanto estivessem próximos, diferente dos humanos que estavam em suas cabeças. Enquanto isso, Gokū parecia começar a simpatizar com o jovem Murakame e Akira já o aceitava como um amigo pessoal além de um aluno.

Um dos treinamentos que mais marcou Akira durante seu tempo com Hīro fora quando revelou para esse a sua manipulação sobre a lava e utilizou dessa como método para atacar o Genin testando suas defesas. Pela primeira vez poderia ter visto Son Gokū entrar num estado de desespero, ao ver uma das rajadas passar próximo do outro rapaz, resultando num sermão ao Raikage que tentava se justificar dizendo que estava tudo sob controle. De qualquer maneira, Akira poderia usar sua técnica medicinal para restaurar qualquer ferimento acidental que ocorresse. Fora nesse mesmo treinamento que quase incendiaram toda a floresta devido a temperatura elevada do magma, sendo necessário que Hīro utilizasse de todo seu arsenal de Suiton para amenizar os estragos causados.

Entre treinamentos e intrigas, um semestre inteiro já havia se passado, seguindo a rotina de proposta pelo Shodaime. Uma amizade genuína havia se formado entre a dupla de jinchūriki, de forma que Akira não precisava mais agir como Raikage na frente de Hīro e sim como sua própria persona, com o Genin descobrindo o verdadeiro humano que existia por detrás da maior figura de Kumogakure no Sato. Para o Murakame, seria uma das poucas vezes que encontrava alguém em qual podia confiar plenamente, também reconhecendo a extensão de forças que a liderança da Nuvem possuía ao seu dispor. Via-se a oportunidade para saber informações sobre seu passado, de como teve a Nanabi selada em si, podendo agora pergunta questões desse tipo para Akira e receber suas respostas sem nenhuma omissão da verdade.


Numa das voltas para Kumogakure, Akira estava acompanhando Hīro até sua moradia como seguia a rotina de ambos. — O treinamento de hoje fora bastante produtivo, será que alguém está finalmente conseguindo me acompanhar? — Dizia provocando o Murakame, soltando uma doce risada em seguida. — Acredito que você tenha bastante potencial, caso aprenda a cooperar junto a Chōmei, quem sabe um dia você não chegue ao posto de Raikage da aldeia? — Continuava provocando, antes de parar enfrente a casa do rapaz e se preparar para a despedida.

— Quando eu disse que você tem bastante potencial, eu estava falando sério. Talvez você esteja a nível de um Tokujo agora, mas quem ditará o limite que você poderá alcançar é apenas você mesmo, afinal... — Pausava, antes de apertar firmemente o punho determinado. — O impossível é possível! Tudo que você precisa fazer é torná-lo assim!

Terminando sua despedida Akira seguia a retorno de seu gabinete pessoal, recompondo sua postura diante aos cidadãos que passavam e lhe cumprimentavam, enquanto refletia sobre o treinamento que haviam realizado nesse respectivo dia. "Você acha que deveria aumentar a dificuldade com ele?" Indagava-se, recebendo uma risada como resposta. "Da maneira que prossegue, só falta você utilizar o Rinnegan contra o Murakame." Uma veia saltava da testa do Haruno, respondendo a brincadeira do macaco. "Talvez eu use as transformações de chakra no proximo treinamento, assim não preciso me preocupar em gastar apenas as minhas energias..."

O silencio perdurou até chegar a sala de trabalho do Raikage, vendo os restantes dos papeis que antes rodeavam a mesa estando empilhados em duas pequenas colunas sobre a planície de madeira. Sem delongas, tal Haruno se projetava para cima cadeira móvel e se virava para terminar o restante dos trabalhos, percebendo estar mais disposto para essa tarefa. "E pensar que os próximos anos serão disso para melhor, talvez... Eu tenha encontrado um sucessor para esse trabalho, aposentar-me dessa vida não me parece uma má ideia."

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As mudanças que aqueles primeiros anos de paz traziam eram bastante intensas, principalmente para Kumogakure no Sato. Dentro de seu gabinete, com montantes de papeis indo e saindo de sua mesa, Akira acompanhava aos mínimos detalhes toda a progressão que seu vilarejo tinha nas estatísticas gerais de sua estrutura. Um dos principais aspectos visíveis dessa constante evolução era no quesito militar, com a ingressão de novos estudantes a Academia Ninja e a promoção regular das patentes baixas para as mais altas, além das outras forças especiais que se tornavam cada vez mais procuradas entre os Shinobis mais experientes.

Porém, enquanto verificava as fichas ninjas pertencentes aos membros da ANBU de Kumo, uma dessas pranchetas sempre chamava a atenção do Shoidame Raikage, que parava sua verificação apenas para refletir sobre o mistério que rodeava aquele ninja em específico. "Uchiha Satoru..." Repetia o nome do rapaz, mentalmente, analisando sua ficha como sempre fazia. "Um jovem prodígio, que hoje em dia teria cerca de nove a dez anos de idade, desde os oito anos já era visto como uma das grandes promessas nas linhas militares de Kumogakure no Sato." Continuava em sua leitura mental, deixando-se levar pelas informações que lhe impressionavam, mesmo que aquela não fosse a primeira vez a fazer tal coisa. "Mesmo sendo apenas um Chūnin, seu histórico permaneceu impecável desde que ingressou na carreira Shinobi e seu trabalho como membro ANBU também fora muito destacado; dentro de seu clã, despertou o raríssimo Mangekyō Sharingan, o que é considerado uma dádiva quase impossível entre os membros mais experientes, sendo então considerado um exemplo de perfeição por ter alcançado tal patamar de poder numa idade ainda tão prematura."

Virava para próxima página, entretanto, diferente da primeira, o olhar de admiração de Akira alternava para um desolador, quase que inconformado com o que via escrito. "Devido a esses e mais feitos, Uchiha Satoru foi resignado a se tornar um dos guarda-costas pessoais da atual liderança da Nuvem - Akira Haruno, Shoidame Raikage; porém, misteriosamente, o prodígio do Clã Uchiha despareceu sem deixar rastros ou vestígios de sua existência à cerca de 18 horas da noite do ano passado e desde então permanece com o status desparecido, embora alguns já o considerem... Como falecido." Um suspiro de tristeza escapava de seus lábios, deixando a prancheta que segurava espatifar contra a planície de madeira a sua frente, ao fim daquela leitura torturante que sempre lhe provocava os nervos.

"Qual sua fixação por esse garoto?" Sendo direto em suas palavras, Son Gokū manifestava outra vez sua curiosidade para o rosado, que sempre instigava esse sentimento ao macaco de forma intencional. — Você não acha estranho? Um garoto perfeito desses simplesmente desaparecer sem deixar nenhum indício ou rastros do que poderia ter acontecido? — Questionava, pausando alguns segundos antes de prosseguir. — Seu histórico familiar me parece decente, comparado as diversas tragédias que geralmente encontramos nos documentos, também não há citações sobre possíveis inimigos que poderiam deseja-lo morto ou sequer inimizades dentro de seu círculo social... E a maior incógnita dessa equação: como raios ele conseguiu desaparecer sem que nenhuma defesa ou testemunha presenciasse tal coisa?!

Mais alguns segundos de silêncio pairaram sobre o local, com um olhar incrédulo do Haruno que imaginava ser alguma falha na conexão mental (embora estivesse falando normalmente, vai entender), até que Son Gokū finalmente elaborava uma reposta para aquelas perguntas. "Por mais que tenhamos acesso a todos esses dados é impossível que saibamos o que se passava dentro do coração de tal menino, de qualquer ser humano na verdade, talvez existem outros motivos e fatores pessoais que esteja esquecendo de considerar." Comentava, visualizando o ficheiro pelos olhos do rosado. "Veja, aí diz que ele era especializado em técnicas de Espaço-Tempo, quem não garante que ele não tenha utilizado algo semelhante ao Kuchiyose no Jutsu para se teletransportar longe dos sensores?" Dizia, fazendo Akira levar sua destra ao queixo em reflexão. — Verdade... É uma boa hipótese, estranho que nunca considerei essa possibilidade. — Afirmou para a descrença do macaco. "Você leu essa ficha trinta e duas vezes e nunca considerou essa possibilidade? COMO RAIOS VOCÊ AINDA ESTÁ VIVO?!"

— Quem sabe, até me pergunto isso as vezes, mas ouvir Son Gokū copiando maneirismo meu deve ser sinal de que minha morte está próxima! — Retrucava gargalhando em sarcasmo, fazendo o macaco soltar um bufar irritado. — De qualquer forma, quem é vivo sempre aparece, quem sabe ele surge no vilarejo da mesma forma que desapareceu? — Dizia em tom brincalhão, porém, no mesmo instante, a porta de seu escritório era aberta por um Shinobi da Nuvem, que adentrava a sala com nervosismo. — Raikage-sama! Desculpe minha falta de etiqueta, mas acredito que irá entender, um rapaz deseja falar pessoalmente com vossa liderança.

— E quem raios seria para esse escândalo?

— Uchiha Satoru, ele está vagando pelas ruas da vila rumo ao seu gabinete.


Passava-se algumas semanadas desde o retorno repentino de Satoru, e após uma longa seção de interrogatório, o seu desaparecimento enfim fora devidamente explicado e o garoto retornou as suas funções como ANBU, inclusive se tornando o guarda-costas pessoal do Shoidame. Devido a essa proximidade, e o fato do Raikage admirar o potencial do Chūnin, ambos criaram um vínculo agradável para com o outro, mas nada muito gratificante ainda sim.

"Daqui a pouco é meu horário de treino, infelizmente, os exercícios com Hīro não são suficientes para mim, preciso pegar mais pesado comigo mesmo." Refletia enquanto se preparava para partir ao Campo de Treinamento, contudo, notando a presença de seu mais novo guarda-costas ao seu lado e, lembrando-se da ficha tão impecável do mesmo, uma ideia lhe percorreu a mente. "Sendo meu guarda-costas, nada mais justo que dever treinar junto a mim, seria uma ótima maneira de aumentar nossas forças e termos uma sincronia eficiente em batalha."

— Atenção! Uchiha Satoru. — Chamava-o, com um semblante sério apesar do sorriso de canto. — Nós iremos ao Campo de Treinamento, a partir de hoje iremos treinar juntos, acredito que será um benefício mútuo para ambos os lados. — Falava em timbre firme, saindo logo em seguida ao local desejado e vendo o menino Uchiha lhe acompanhar durante o caminho, seria um novo acréscimo na rotina daqueles dois shinobis.


Passava-se um semestre de treinamento juntos, entre exercícios de Ninjutsu, Taijutsu, Genjutsu e até mesmo Shurikenjutsu, com ambos Shinobis de Elite aprendendo a cada segundo na companhia um do outro. Akira e Satoru haviam ficado muito mais próximos durante esse tempo, criando uma afinidade para com o outro, e após a construção da confiança entre si mesmos Akira decidia por realizar um treinamento que jamais pensou que ensinaria para alguém novamente: Senjutsu. Como o Uchiha detinha pacto com os Sapos, era necessário que Akira o acompanhasse até o reino do respectivo animal que esse estava vinculado, dessa forma - com uma antecipação prévia de que iria se ausentar durante um tempo - o Shodaime acompanhou seu guarda-costas até o lendário Monte Myoboku, o local sagrado dos sapos.

— Mantenha sua respiração na frequência. — Comentava para o Uchiha que seguia meditando. — Concentre-se, esqueça seu papel como guardião nesse momento, sua missão agora é sentir a energia natural e molda-la dentro de seu âmago. — Repetia diversas vezes essa fala, a cada momento que Satoru saía de sua meditação por essa razões. Demorou bastante tempo até que o mesmo conseguisse aprender a meditar corretamente - visto que treinava até mesmo fora do Monte Myoboku quando precisavam retornar - porém, o verdadeiro desafio começava no momento que Satoru progredia para a próxima fase: a absorção da energia natural. Puxar uma quantidade pequena demais iria trazer benefício algum e puxar uma quantidade maior que sua resistência faria seu corpo sofrer mutações até falecer petrificado; inicialmente, Satoru acabava caindo num desses dois polos, com o primeiro não causando preocupações enquanto exigia os esforços de Akira e do Mestre Sapo Fukasaku. No entanto, conforme o passar do tempo, desenvolvendo e aperfeiçoando sua técnica, Satoru passou a administrar melhor seu controle sobre a energia que adentrava e saia de seu corpo, recebendo uma parabenização solo dos mestres que lhe assistiam.

E assim, mais um terço do semestre se passou, Akira e Satoru estavam mais próximos do que antes, ao ponto de se considerarem amigos em termos informais. O prodígio Uchiha já havia aprendido a utilizar o Senjutsu e a entrar no Sennin Mōdo, contudo, ainda não o havia dominado por completo, tanto que ainda faltava para Satoru aprender a impregnar energia natural em seus movimentos - através do Estilo de Luta dos Sapos, Kawazu Kumite - e sua transformação do Modo Sábio era visivelmente imperfeita. Conhecendo muito bem o Uchiha agora, Akira sabia que o mesmo não iria se contentar com aquilo, então prosseguiu e intensificou o treinamento sobre ele, a fim de trazê-lo o verdadeiro poder que somente o Senjutsu poderia proporcionar.

— Continue... Continue... — Dizia, repetindo de tempos em tempos, observando Satoru meditar de frente para si. O Haruno também repetia o mesmo procedimento que o Uchiha, em suspiros inaudíveis, absorvendo a quantia necessária para que entrasse no Sennin Mōdo dos Yōkais. Com sua percepção aprimorada, Akira conseguia dizer com exatidão os pontos errôneos que o Satoru cometia em relação a sua absorção de chakra natural, sendo esse ainda o principal empecilho que o impedia de se tornar um Sábio Perfeito. — Mantenha o equilíbrio entre a quantidade que você absorve e a quantidade que você gasta, reconheça seus limites para que possa saber a resposta para sua manutenção. — Comentava seriamente, ainda observando de perto seu amigo continuar tentando. Aquele esforço era algo louvável, Akira então reconhecia que todas as qualidades que o pequeno Satoru possuía não eram por  causa de talentos naturais, e sim provindos do seu próprio trabalho duro, fazendo admira-lo ainda mais depois de descobrir sobre tal mérito.

Completava-se então mais um semestre de treinamentos, entre o Monte Myoboku e Kumogakure, enfim Satoru havia conseguido dominar a transformação perfeita do Modo Sábio no reino dos sapos. — Muito bem Satoru, agora sim podemos dizer que você é um verdadeiro sábio! — Dizia com um sorriso no rosto, antes desse desaparecer logo em seguida. — Porém ainda temos um bom caminho para percorrer, você pode ter dominado a transformação, mas nada vai adiantar se não souber impregnar Chakra Sábio em seus golpes. — Afirmava com convicção nas palavras, desaparecendo da visão de Satoru e surgindo logo atrás dele, buscando dar um susto no mesmo.

— Veja que ainda falta aperfeiçoar suas habilidade sensoriais, sem contar suas habilidades físicas que mesmo melhoradas ainda não se adaptaram ao aumento de forças repentina. — Dizia um tanto pensativo, antes de esboçar mais um largo sorriso para seu amigo. — Então vamos continuar! Não vamos parar até você ter dominado a Arte Sábia por completo. Eu tenho plena fé de que você conseguirá essa proeza, afinal, eu também estarei aqui lhe ajudando até o fim! — Bradava com entusiasmo, sendo acompanhado de outros sapos que existiam no local, todos na torcida a favor de Uchiha Satoru e assim que seria pelos futuros anos.

Para auxiliar na progressão ainda mais do menino, de forma mais direta, Akira sugeria a opção de ambos lutarem utilizando apenas de suas Artes Sábias. A diferença de experiência e poder entre um Kage Mestre de Senjutsu e um Chūnin aprendiz eram gritantes, porém, era acreditando nisso que Akira desejava realizar esse treinamento, buscando passar todo esse aprendizado, que haviam sido mais teóricos do que práticos, juz a prova de combate. Com isso, em poucas semanas, Satoru havia dominado completamente a arte do Senjutsu, dando seus agradecimentos aos sapos que existiam naquele domínio e ao Shodaime Raikage, principalmente, por sua voluntária disposição em ensina-lo uma habilidade tão cobiçada como aquela.

Despedindo-se do Monte Myoboku, Akira e Satoru retornavam para Kumogakure, desta vez, com seu treinamento de quase dois anos finalmente concluído. Não era somente a ascensão de um ninja esforçado para o vilarejo da Nuvem, também era o desabrochar de uma grande amizade, entre Akira Haruno e Satoru Uchiha, que esperava ser duradoura pelos próximos anos.

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Como atual liderança da Nuvem seria normal que Akira tivesse que exigir muito de si mesmo, tanto nos campos burocráticos e teóricos da política quanto em suas aptidões físicas e espirituais como Shinobi. O mesmo já treinava em conjunto com Satoru, seu atual guarda-costas com o qual tinha uma forte relação de amizade, e complementava seu treino auxiliando Hīro, seu atual pupilo e aprendiz, em seu domínio sobre o poder de Chōmei. No entanto, graças a sua genética conhecida por ser privilegiada no quesito vitalidade, nada impedia de tal rosado também realizar treinamentos juntos com seu avô, Kenichi Isao, que é um especialista nas técnicas medicinas.

Por mais que esses treinamentos, na verdade, fossem mais uma das outras formas de aproveitar o tempo juntos quando podiam tal atividade colaborava para a rotina de treinos que Akira estava comprometido a cumprir. Apesar do Shodaime também ser um usuário de Iryō-Ninjutsu esse estava longe de ser a melhor de suas habilidades - quase como se estivesse em segundo plano - e essa condição era algo que Akira desejava mudar em seu catálogo. Em sua concepção, por mais grandioso que fosse no quesito poder bélico, os verdadeiros heróis numa batalha sempre seriam aqueles que possuíam as habilidades curativas para auxílio, tanto em colegas combatentes quanto em civis que viessem a estar no meio do fogo cruzado, salvando a vida de milhares e reparando as feridas causadas pela maldade do homem.

— Ei meu velho, que técnica é essa? — Questionava ao senhor da terceira idade, que se aproximava logo depois de ser chamado a atenção, observando um livro que continha algumas informações coletadas por Kenichi durante seus anos como Iryō-han.

— Ohohoho... Essa técnica é conhecida como Heal Bite, da mesma forma que o nome sugere, trata-se da capacidade de curar grandes ferimentos através da transferência de chakra medicinal, que acontece quando o paciente morde o usuário e esse conscientemente aplica a técnica.

— Sério? Não existia outras formas melhores de curar uma pessoa? — Perguntava um tanto incrédulo, imaginando o quão estranho e constrangedor deveria ser - no meio de um confronto - pedir para que o paciente mordesse seu braço para que o tratamento fosse realizado.

— Não despreze essa técnica tão facilmente, ou melhor, não a julgue pelo seu método. Saiba que essa é uma das técnicas mais eficientes que já observei em toda minha vida, lesões gravíssimas e até mortais são curadas instantaneamente com seu alto poder regenerativo. — Dizia com confiança nas palavras, fazendo Akira se impressionar pela convicção do velho, passando então a olhar aquela técnica com outros olhos.

— Wow, é tão poderosa assim? Acho que é justo pelo método a se fazer. — Ponderava durante alguns segundos, antes de voltar seu olhar curioso para o velho. — O senhor sabe utilizar essa técnica?

— Infelizmente não; eu a conheci através de uma velha amiga no passado e quando presenciei os milagres que ela era capaz de realizar com essa técnica logo implorei para que a mesma me ensinasse os mínimos detalhes para que eu também pudesse aprende-la. A bela moça foi generosa o suficiente para me explicar como funcionava na teoria, porém nunca consegui realiza-la na prática.

— Nossa... Isso é raro vindo de você. — Admitia incrédulo, encarando o livro com a ilustração da habilidade mais uma vez. — O senhor poderia me dizer como que é feito essa técnica na teoria? — Questionava, prestando sua atenção ao senhor da terceira idade.

— Claro, deixe-me lembrar... — Dizia levando seu indicador a altura do queixo. —Primeiro você deve converter seu chakra comum para o chakra medicinal; porém, ao invés de centraliza-lo nas palmas de sua mão, como no Shōsen Jutsu, é necessário que espalhe esse chakra para todo o seu corpo, fazendo que ele seja captado através do contato com sua pele. Mais precisamente, você deve converter grande parte de seu fluxo de energia em chakra medicinal e deixa-lo espalhado por debaixo de sua pele, assim que uma perfuração acontecer e mantiver contato a cura irá se alastrar pelo novo segmento inserido - desde que seja da vontade do usuário.

Akira escutava aquilo de forma cuidadosa, pensando e repensando em como tal processo seria possível de ser concretizado, demonstrando mais curiosidade ao olhar para aquele livro outra vez. "Eu sinto... Que posso fazer isso..." Deixou que um suspiro pesado escapasse dos lábios, respirando fundo antes de se concentrar numa breve tentativa. Seu controle sobre o chakra sempre fora excepcional, no entanto, reconhecia que o chakra medicinal era uma das várias habilidades que exigia naturalmente dessa qualidade e que por isso era muito mais difícil de manipula-lo por meios tão extensos, acumula-lo na palma de suas mãos de forma eficiente já exigia uma concentração montante, imagine então espalha-lo de forma uniforme para todo o corpo.

Kenichi percebia o súbito silêncio de Akira, também notando a concentração demasiada que o mesmo fazia, levando-o a arquear uma das sobrancelhas em curiosidade. — O que está fazendo, Akira? — Questionava, aguardando por uma resposta do rosado que demorava a corresponder.

— Espera... Só mais um pouco... — Akira fazia mais tensão sobre seu corpo, buscando realizar o processo de conversão do chakra comum para o medicinal e espalha-lo sobre sob sua pele ao mesmo tempo. A sensação era de que cada célula de seu corpo vibrava ao ser impregnado com tal energia regenerativa, agonizando e sobrecarregando um pouco a musculatura do Haruno. No entanto, vendo que isso estava sendo prejudicial, primeiro administrou seu chakra para pontos específicos de seu corpo, sentindo em instantes o peso que sentia sendo amenizado enquanto as regiões escolhidas ficavam mais pesadas, mas nada que não pudesse tolerar, ou talvez fosse apenas questão de prática até que se acostumasse com a sensação.

— Okay, acho que aprendi a técnica. — Dizia com serenidade, quase derrubando o velho com a força daquelas palavras. — Como é que é?! — Indagava incrédulo, vendo Akira esboçar um sorriso genuíno. — É bem simples até, ao menos eu achei dessa forma. Não acredito que tenha dominado totalmente, mas com prática isso com certeza pode ser resolvido... Você vai me ajudar, certo?

Com um sorriso amarelo, e um olhar confuso por aquele aprendizado tão repentino, o velho acenava com a cabeça. — O-Ok! Vejamos como procede!

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