A lua brilhava nas ruas de Sunagakure, trazendo beleza ao rigoroso frio do inverno. Seria uma ótima noite para descansar em casa, mas Topazu não conseguia parar de pensar em sua primeira missão, e o quanto ela poderia ter falhado por sua culpa. Lembrara do que os supostos espíritos falaram na caverna: “O seu teste começa agora...”. ”O que será que eles realmente querem? Eu nunca fiz nada de errado, e sempre estive disposto a ajudar os mais fracos. Qual será o propósito que os espíritos deram a mim?”.
Ele olhava para as estrelas de sua janela. “Quaisquer sejam os próximos desafios que terei de enfrentar, tenho que ficar mais forte.”. Estava decidido: Se quisesse acabar com o sofrimento de sua cabeça, teria primeiro que treinar seu corpo, e mostrar aos protetores que é digno de suas bençãos. Pegou seu equipamento, colocou seu traje mais quente e seguiu para fora de casa, pois não ia esperar mais um minuto para provar sua força.

Logo quando abrira a porta, foi recebido por uma ventania impiedosa, mas estava determinado demais para parar. Enfrentou o vento e conseguiu atravessar os portões, aonde teria que aguentar as rajadas de areia do deserto. “Boa tentativa, mas nenhuma força da natureza vai diminuir a minha determinação.”. Se protegendo com seu braço, seguiu para a caverna mais próxima da vila, que a tempos atrás já foi usada por sua guilda. Quando chegou ao local, colocou suas bolsas em uma das paredes, e se preparou para começar seu treino.
Os seus exercícios seriam feitos no escuro, aonde apenas a luz da lua conseguia iluminar, mas com sua apurada visão noturna isso não seria problema. Primeiro procurou por algum local que poderia treinar seus braços, e não pensou duas vezes quando achou formações irregulares no teto, que pareciam fortes o suficiente para aguentar seu peso. Pulou o mais alto que pôde e se pendurou nas formações com as mãos, buscando se concentrar para não cair, logo após usando seus bíceps braquiais para fazer flexões.

“1, 2, 3...”. Não podia pensar em nada que atrapalhasse o treino, então começou a contar as repetições na cabeça. Quando chegou no número 55, não teve mais forças para segurar e se soltou, amortecendo a queda com um movimento preciso das pernas. “Não, inaceitável.”. Não deu nem alguns minutos para respirar e já saltou de novo, se pendurando e forçando os bíceps. “Tenho que mostrar minha verdadeira força.”. No número 74, seu braço gritava de dor e ameaçava se soltar de novo, mas apenas continuou contando. “98, 99, 100!”.
Quando se soltou para descer, a dor era tão grande que não se concentrou em pousar corretamente, e quase caiu de cabeça no chão da caverna. Seus braços pareciam estar prestes a rasgar, mas seu orgulho era mais forte que a dor. Iria agora treinar seu abdômen, e precisaria achar outro espaço para praticar os exercícios. Assim que avistou uma elevação na caverna, onde poderia encaixar suas pernas, fez uma manobra para ficar de cabeça pra baixo e praticar abdominais.

O garoto seguiu essa rotina até o nascer do sol. Era tanto suor que a caverna parecia estar inundada, e não tinha mais forças para se levantar, acabando por dormir lá mesmo. Voltou para casa ao meio dia, e tirou mais um cochilo lá, com seus músculos se regenerando e lutando para ficarem no lugar. “Agora os espíritos tem uma ideia da minha verdadeira determinação”.

Estava na hora de mais um treino, e a noite era mais uma vez ideal para Topazu. “Chega de pensar no passado, tenho que voltar a minha rotina.”. Não havia recebido mais nenhuma missão, então teria que gastar seu tempo com mais um treino, e dessa vez ia ser pesado. Havia confiança em sua força e sua velocidade no momento, mas sabia que precisava focar em outro ponto importante: o Taijutsu.
A habilidade de luta do garoto até então vinha do treinamento na academia, e da experiencia nas ruas da época em que estava desabrigado, mas nunca havia feito uma sessão contínua para treinar seu Taijutsu. Tudo tem sua primeira vez, e já estava cansado de ficar em sua casa. “Os espíritos podem pedir uma provação a qualquer momento, e eu tenho que estar preparado”.
Amarrou sua bandana na testa, pegou seus equipamentos e saiu pela porta de casa, dando apenas um sinal de despedida para sua tia. O local do treinamento seria novamente a sua caverna preferida, onde nunca ia esquecer dos dias de trabalhos cansativos com seu pai. “Voltar a mineração ia ser um bom treinamento para minha força, e eu ainda poderia ganhar uns trocados”. Mudou seu foco para o agora, e tinha que improvisar alguma maneira para treinar sua habilidade marcial.
Se tinha alguma coisa que poderia se aproveitar naquela caverna eram pedras, e talvez estas serviriam como ótimos alvos para seus ataques. Colocou sua bolsa de equipamentos no chão, carregou algumas pedras até uma das paredes da caverna e se colocou em posição para começar. “Se eu não acertar essas pedras com a força certa, vou acabar machucando minhas mãos”. Tinha força suficiente para facilmente quebrar algumas pedras de tamanho médio, mas ia ser difícil conquistar os pedregulhos maiores.
Deixou a preocupação de lado e partiu para o ataque, desferindo múltiplos socos nas pedras organizadas, se aproveitando das paredes para que elas não caíssem. Algumas pedras se racharam com facilidade, não causando muita dor em suas mãos, mas algumas outras fizeram-no soltar uns palavrões na hora que as atingiu. Não pareciam ser mais resistentes que as outras, então deduziu ter atingido os locais errados.
“Tenho que tomar cuidado aonde eu acerto essas pedras, se não for preciso a força não vai adiantar.”. Seria uma ótima oportunidade para treinar sua técnica, Raion no Kiba, onde a precisão é um ponto necessário. Teria de aguentar a dor nas falanges dos dedos, mas Topazu estava acostumado com a dor, e não seria aquela que o derrubaria.
-Presa do Leão!
Enquanto preparava suas forças para realizar o jutsu, analisou a formação das pedras. “Pelos locais onde as rochas foram rachadas com o primeiro ataque, vou deduzir que os locais de tensão são...”. Quando a força era suficiente, disparou ataques nas 3 pedras restantes, e conseguiu quebra-las apenas com seus dedos médios. A dor ainda apareceu, e sentiu que se fizesse com mais força seus dedos iam quebrar. Ainda não era o bastante, a sessão de treino havia apenas começado.
Carregou mais pedras até os locais designados, preparou seus ataques e continuou essa repetição mais algumas vezes. Quando tinha total certeza que ia quebrar os dedos na próxima vez, passou o treino para seus chutes, até seus pés começaram a sangrar. Fez algumas pausas de 5 minutos e continuou, até o ponto em que perdeu as forças. O ultimo ataque para fechar o treinamento seria em um pedregulho da caverna, para treinar sua nova técnica, Tetsu no mō kōgeki.
Tudo teria que ser feito da maneira certa, se não teria o risco de quebrar o próprio crânio, mas o jovem não tinha medo nenhum. “Os espíritos me guiam e me dão forças”. Parou para respirar e concentrar seu fluxo de chakra na cabeça, de modo a não causar acidentes, e correu em direção a grande pedra.
-Investida de Ferro!
No momento do impacto seu corpo inteiro sentiu a força, e não conseguiu deixar de cair de costas no chão e perder por alguns segundos a consciência. Quando voltou a si, primeiro sentiu o sangue na testa, mas não conseguia pensar em nada mais além do seu feito: Quebrou a pedra em dois.
“Protetores, obrigado de novo.”. Depois de relembrar das histórias de seu pai sobre a guilda e de sua crença, sua fé estava inabalável, e parava de se questionar sobre muitas coisas. Descansou de novo no chão da caverna, comeu alguns lanches para recuperar a força e, depois de limpar seu sangue, seguiu até sua casa.