Eu sempre fui alguém que gostou de artes marciais. Como já disse antes meus pais me fizeram um prodígio, sempre, desde cedo, me fizeram interessar pelo mundo e por todos os tipos de arte. Fazendo-me querer ser alguém que quer dominar tudo! Alguém que quer saber de todas as artes e todos os jutsus possíveis!

    Essa minha paixão por aprender naturalmente me tornou alguém extremamente competitivo. Adoro competir, isso mostra minhas capacidades, minhas falhas, e sou capaz de ver técnicas e estilos de luta incríveis! Competir é uma das coisas que me deixa mais animado.

    Por causa disso me inscrevi em um campeonato de Taijutsu na vila. Vários genins, chunnins, alunos da academia, e até Tokubetsu Jonins se inscrevem todos os anos. Raramente Jonins se inscrevem por raramente terem tempo para competir, afinal: são ninjas muito ocupados e de grandes responsabilidades; além disso, dificilmente teria algum juiz capaz de julgar lutas entre Jonins ou pará-las para evitar acidentes de competição (praticamente todos Jonin que participam são juízes das poucas partidas entre Tokubetsu Jonins). Essa competição tem duas modalidades: dividida por graduação e overall (mas realmente só temos participantes em grande quantidades da academia até chunnin, Tokubetsu são no máximo 5 ou 6 todo ano, Jonin só 1 ou 2 como juízes). Eu obviamente me inscrevia pras duas, mesmo sabendo que dificilmente ganharia o overall. No overall até mesmo os tokubetsus participavam, e raramente tínhamos um chunnin entre os 3 primeiros. Outra desvantagem era que as primeiras partidas do overall eram nos mesmos dias que as partidas dos genins, tornando nossas participações raras (isso ocorria para dar um tempo maior de descanso aos Tokubetsus que tinham partidas mais perigosas e que causavam mais danos antes). E geralmente já se sabia o vencedor do overall antes dele começar, pelo fato das lutas da categoria Toku. Jonin já terem acabado e o vencedor ter sido declarado.

    Participei de 9 partidas no total contra Genins. A maioria foi extremamente fácil, por não termos muitos Genins especializados em taijutsu. Taijutsu nunca foi tão popular como ninjutsu, por motivos óbvios. Além disso, tinham alguns que se especializavam simultaneamente em Taijutsu e Ninjutsu, mas nenhum deles era tão focado como eu. Eu já tinha um Taijutsu nível Jonin pela minha especialidade, afinal: Taijutsu era tudo que eu tinha. Felizmente: nenhuma delas foi contra meus amigos que estavam na arquibancada, me assistindo. Eles também eram especializados em Taijutsu, como eu, mas por algum motivo tinham decidido não participar da nossa categoria. Eles são: Usui e Ren. Conhecemo-nos na academia, em um evento bizarro que mudou nossas vidas. Ainda bem que decidiram não participar desse formato, se não eu não tinha garantia que ganharia. E mesmo se ganhasse, me desgastaria demais para poder participar do Overall. Ren tinha dito que não participaria nem do Overall (não me revelou o motivo) já Usui, não tinha me dito nada a respeito.
Sinceramente: gostaria que ele participasse, aumentaria a chance de termos Genins nas finais, e quem sabe no pódio. Seria legal provar nosso Taijutsu.

  Venci as 7 primeiras partidas em um piscar de olhos, meus adversários eram ou muito lentos, ou eram rápidos mas pouco habilidosos. Não tive que me esforçar muito nas primeiras partidas, me economizava totalmente para o overall que ocorria simultaneamente. Pelo overall ter menos competidores as partidas eram dadas em melhor de 3; sendo o pior resultado possível para o vencedor, vencer na 3ª luta. Isso significaria que: ele perdeu uma luta e isso abalaria sua confiança; que ele recebeu golpes, e qualquer dano significava algo em lutas de tão alto nível; que ele teve que lutar 3 lutas ou seja, estaria em desvantagem em relação a quem lutou só duas e venceu.

O bom no meu primeiro adversário foi que eu venci ambas as lutas, o que me deu um dia de descanso (pelo menos em relação ao overall). O segundo a mesma coisa. O terceiro já foi um problema. Eu tinha vencido a primeira luta em um piscar de olhos, por isso acabei abaixando a guarda, levando um soco no ombro que me tacou para fora do tablado e perdi a luta. Isso foi péssimo, pois tinha outra luta na minha categoria no dia, e teria uma terceira luta com esse cara. Mesmo que saísse vitorioso, isso talvez acabasse com minhas chances de pegar um dos 3 primeiros lugares no overall.

Na minha luta com aquele Genin no mesmo dia tive que me poupar ainda mais, para não levar danos maiores e isso atrapalhar minhas próximas lutas. Isso tornou a luta extremamente chata, meu adversário buscava constantemente acertar o local machucado, e mesmo tendo um Taijutsu porco, ele era bem rápido. Isso acabou me forçando a usar toda velocidade para acabar com ele rápido e não receber maiores danos pros próximos dias (essa também é uma prova de resistência, ninjas médicos não erram autorizados a nos curar em 100% antes do fim do campeonato, poderiam no máximo amenizar a dor ou curar feridas profundas até que se tornassem feridas leves).

E pro meu azar a final da minha categoria teve que ser adiada (por questões administrativas internas) para o mesmo horário que minha próxima luta (que eu perderia por WO, configurando duas derrotas e o fim do sonho no overall). Decidi acabar o mais rápido possível com a final dos Genins. No mesmo momento em que eu e meu adversário nos cumprimentamos eu pulei por cima do obro dele, o agarrando, e o taquei pra fora do tablado, vencendo a luta. Despedi-me e não fiquei nem pra ouvir minha vitória ser declarada (deixando o juiz e a platéia de queixo caído) fui correndo para minha outra luta. Cheguei 9 minutos atrasado (minha luta começava 8 minutos depois dessa já ter começado) recebi uma advertência e com mais uma seria desclassificado. Já estava cansado pela ultima luta e correr até aqui. Não teria escolha, teria de mostrar meu trunfo. Não sabia se era permitido, mas fui sacaneado no agendamento dessas lutas, acabei abrindo o primeiro portão, o Portão da Abertura e entrei na luta.

Meu inimigo não era tão habilidoso quanto eu. Só era tão rápido quanto e um pouco mais forte. Eu tinha uma desvantagem física, mas não em habilidade. Eu estava quase caindo aos pedaços de cansaço, sem o Primeiro Portão eu não aguentaria. Ele só me deu um pequeno tempo extra. Deveria ganhar rápido. Utilizei toda minha velocidade e fui para perto de meu inimigo, fingindo abaixar a guarda. Por um triz, não recebo seu golpe. Era tudo uma armadilha, ele sabia que eu estava cansado, acharia que eu não tinha chances. Sabia que seu ultimo golpe me impactou, e sabia também que eu acabara de sair da final. Mas ele não sabia que eu tinha o Hachimon.

Recebi seu primeiro golpe, de leve, para ele achar que tinha me pegado, e que acabaria comigo. Após receber o golpe, de leve, eu saltei por cima do braço que me golpeou, e, aproveitando sua guarda baixa, o arremessei para fora da arena. Foi um arremessar tão forte por causa da força colossal com que estava, o peso do meu corpo e o momentum do golpe dele, que desejava me acertar com toda força, que ao cair fora da arena ele afundou no concreto, criando inúmeras rachaduras no chão. Vitória! Ainda bem.
Saí correndo da arena, após anunciarem vitória. Eu tinha certeza que tinha exigido mais do meu corpo do que podia, quando o portão se fechasse eu quase não seria capaz de andar. Cheguei a casa rapidamente e entrei na banheira, após enchê-la. A água estava quente, e precisava estar. Fechei o portão e fiquei lá. Provavelmente ficaria nela pelo próximo dia, até ter que ir para a próxima luta, que era já uma quarta de final.

Felizmente eu já tinha ganhado o campeonato Gennin, e estava nas finais (quartas). Depois do que passei o que viesse na frente era lucro. Erros custam muito, e abaixar minha guarda talvez me impedisse de chegar ao pódio.

       As finais não se davam mais pelo sistema de melhor de três. Isso significa duas coisas: em caso de vitória eu estaria mais descansado para os próximos combates e em caso de derrota seria o fim. Derrotas, ou melhor, erros não poderiam ser tolerados a partir daqui. Um erro me custaria o pódio, e o tão sonhado primeiro lugar. Tarefa difícil, mas não tão impossível, julgava eu.

  A quarta de final me deixou ansioso. Eu ainda estava meio machucado dos últimos combates, e eu não sabia quem era meu oponente. No fim das contas, meu oponente era um Chunnin, mas não poderia subestimá-lo por causa disso. Se ele chegou até aqui: ele enfrentou diversos oponentes, talvez até algum Tokubetsu Jonin. Meu adversário era claramente especializado, em primeira instância, em Taijutsu. E era mais forte do que eu. Precisaria ativar o primeiro portão para derrotá-lo; afinal, o primeiro portão me dava energia, me deixava mais forte, e meus golpes mais potentes. O primeiro portão era ainda mais eficaz junto ao Taijutsu, mais do que com o Kenjutsu ou Shurikenjutsu.

  Acabou que ganhei dele por cansaço, foi finalmente um combate equilibrado em todo o torneio, pelo menos para mim. Não se enganem, quase perdi no último combate, mas isso foi culpa da minha displicência. Eu baixei a guarda, o que me fez perder. Nesse combate eu tive dificuldades mesmo em meu melhor, e com o portão aberto. Eu era, diferente da maioria dos outros Ninjas, completamente especializado em Taijutsu. Eu sabia que eu merecia um lugar nas finais. Eu não sabia se eu era especialmente azarado, por cair com os inimigos mais fortes, ou se esse torneio realmente tinha um nível tão alto. Depois de uma ampla trocação de golpes, afinal nossos níveis eram muito similares, acabei ganhando pela resistência extra que o primeiro portão, o Portão da Abertura, me fornecia.

  Em dado momento, depois desse combate, me encontrei com Ren.
  - Eaí fujão – eu disse – por que me chamou?
 
  Ele me perguntou o que seria a aura verde ao redor do meu corpo, se não era algum tipo de Ninjutsu, e que se fosse o caso eu estaria desqualificado. Expliquei que o Hachimon Tonkou era um Taijutsu especial da minha família. Ele permitia a remoção das nossas limitações corporais, o que feriria nosso corpo como consequência. Qualquer um se treinasse Taijutsu bem o suficiente, poderia adquiri-lo. O convenci, finalmente, de que não era uma trapaça quando o informei que eu era incapaz de utilizar qualquer Ninjutsu, até mesmo os básicos. Por mais que eu treinasse, jamais consegui desenvolver a capacidade de utilizar Ninjutsu, nem mesmo Genjutsu, isso era algo de família. Pedi que perguntasse para meu Sensei Chiharu, ele seria testemunha. Ou para meus pais. Ele disse que iria conferir, e que confiava em mim.

  Na minha próxima luta, na semifinal, ele apareceu antes para confirmar:
   - Não é trapaça – confirmou – é uma habilidade totalmente derivada do Taijutsu, e não utiliza armas. Pode seguir tranquilo.
 
  - Eu já sabia disso. Ren, já que você investiga trapaças, pode investigar algo para mim? Investigue o comitê que organiza o campeonato, por favor. Deve ter um infiltrado lá dentro, ou um esquema para manter os mesmos vitoriosos todo ano. Sim, os adversários são bons, mas a maioria nem é tanto. E outra: é no mínimo estranho agendarem a final dos Genins junto com um dia de luta do Overall, e mais estranho ainda não me compensarem, se retratarem, ou fornecerem um tempo extra de descanso. Além disso: mesmo as lutas da categoria Tokubetsu serem mais perigosas, tem poucos lutadores, o que faz eles terem menos lutas, além do descanso extra que ganham pelas suas partidas serem mais perigosas. Eles descansam muito mais, isso é injusto, Genins passam, relativamente, por dificuldade tão grandes quanto. Passamos por mais lutas na nossa categoria, temos menos tempo de descanso, e ainda temos que lutar com pessoas mais graduadas. Enfim, acredito que tenha algo errado, não me cheira bem. Se puder investigar para mim. – eu pedi para Ren, segundos antes de entrar na luta.

  Entrei mais tranquilo na minha semifinal, agora mais descansado. Acreditava que tinha chances de acabar em primeiro lugar, mas a semifinal acabou com o meu sonho. Meu adversário, além de especializado em Taijutsu, era um Tokubetsu Jonin de força anormal. Eu sabia que eu era forte, tão forte como a maioria dos Chunnin, mas ele era diferente, ele era um monstro. Ele era tão forte e ignorava totalmente a minha força, até mesmo a conferida pelo portão, na hora de eu me defender. Além disso, ele era tão rápido e tão forte quanto eu, com o primeiro portão aberto. “Se eu tivesse me dedicado a aprender mais portões antes desse campeonato... talvez eu tivesse uma chance” – pensei. Depois de levar um segundo golpe, eu perdi o fôlego e desisti. Levantei a mão em sinal que aceitava a derrota. A maioria da plateia ficou indignada, que final anticlimático. O Genin promissor que tinha derrotado inúmeros outros com tanta facilidade se rendeu? Nem tentou até o final? Deveria ser um covarde. Eles todos estavam errados, não era covardia, era frieza. Um campeonato de Taijutsu não é decidido pelas lutas em si, não na maioria dos casos. Ele é decidido quase que 100% pela preparação anterior de cada um. Havia sim brechas a serem exploradas, mas poucas. Além disso, eu não merecia vencer se não tivesse o melhor Taijutsu, era assim que eu pensava pelo menos. Além disso: é burrice permanecer em um combate em que não se têm a mínima chance, qualquer Shinobi devia reconhecer isso.

 - Obrigado por me ensinar! – disse ao meu adversário, me curvando, antes de sair do ringue.

  Agora o que me restava era a disputa de terceiro lugar. Lugar que eu de fato merecia. Só não sabia se me recuperaria dos golpes que levei que Tokubetsu. Eles me machucaram bastante.

   Dois dias depois aconteceu a disputa pelo terceiro lugar. Para minha surpresa eu encontrei o apaixonado em cima do tablado. Isso me deixou muito feliz, mesmo se eu perdesse teríamos um Genin no pódio. Abri o primeiro portão e entrei com tudo. Ele era mais lento que eu, o que tornava bem fácil acompanhá-lo. Apesar disso, existiam alguns problemas. Era mais lento, mas mais esperto, sempre me surpreendia ou tinha alguma armadilha oculta. A única vantagem que eu realmente tinha era a energia do portão, ele era tão forte quanto eu com o portão aberto, então a única vantagem restante era a o cansaço. Se eu conseguisse prolongar a luta eu ganharia. O grande problema era: eu estava ferido, ainda, pela semifinal. Meus braços estavam doendo muito pelos bloqueios que fui forçado a fazer e que foram extremamente inefetivos. Cada golpe que eu golpeava, ou até mesmo acertava, doía muito. O mero encontro de braços (muito comum no Taijutsu) me fazia sentir dor.

  Tentei finalizar a luta com o mesmo Justsu que finalizei outras, e meu único trunfo além do Hachimon: o Hayanie. Suponho que Usui tenha assistido minhas outras lutas, por que ele percebeu o momento em que eu ia utilizar a técnica. Quando eu estava suspenso no ar, segurando seu ombro, ele girou o corpo, aproveitando meu forte agarramento, me pegou pelo braço e me tacou para fora do tablado. Irônico não? A luta que me tirou o pódio terminou como eu havia finalizado muitas outras, tirando o inimigo para fora do tablado (a maneira mais rápida e eficiente de finalizar uma luta). Esse foi o principal problema de eu ter, pelos problemas que eu enfrentei, utilizado tanto essa técnica. Os adversários tomariam, uma hora, conhecimento dela e utilizariam contra mim.

  Aceitei a derrota e fui, no próximo dia, na premiação. Fui premiado na categoria Genin (queria ter sido o único Genin na história da vila a ser duplamente premiado, com a categoria e com o Overall, mas não aconteceu, infelizmente). Durante a premiação do Overall tinha algo interessante. Um homem mais velho em primeiro lugar no pódio. Jurava que meu oponente seria o ganhador, pela sua força monstruosa, mas ele acabou em segundo. O velho que ficou em primeiro deveria ser um Jonin aposentado, era a única explicação possível. Mas pelo menos tínhamos um Genin no pódio, Usui.

Ficha "Lee Sai"/Banco/Gestão de Ficha