Nana cresceu nos subúrbios de Kumogakure, sempre correndo entre becos e vielas ela sabia se virar bem, conhecia os caminhos e as passagens. Nascida de pai e mãe desconhecidos a única coisa que se faz saber é que não era a intenção deles abandona-la para o vento, mortos por uma motivo qualquer em uma batalha qualquer, para ela pouco importava, nada daquilo fazia sentido. Por crescer sozinha e em um ambiente predominantemente masculino teve de aprender a se defender muito cedo, seu corpo franzino a fazia um alvo fácil para valentões e garotas que não iam com a sua cara, depois de inúmeras surras e de ter seu rosto jogado no lixo várias vezes, Nana decidiu que nunca mais deixaria que alguém à subjugasse novamente, muito pelo contrário, seria ela a subjugadora. Com uma certa afinidade na aulas de biologia e fisiologia do corpo humano, treinava diariamente afim de melhorar o seu condicionamento físico, com o passar das semanas seu corpo franzino foi dando lugar à músculos e nervos aflorados, porém tal feito teve um efeito colateral gravíssimo, seu intenso treinamento fez com que ela fosse mal nas aulas e reprovasse em seu teste final. Desamparada e irada Nana não via justiça em sua vida, porquê ela não era capaz de superar uma simples prova de conhecimentos gerais, seria falta de esforço? Teria ela atingido seu limite mental? Tais questionamentos tomaram seu consciente pois diversos dias e depois de muita conversa com sua professora Nana pode enfim equilibrar seu impeto físico com a sua inquietude mental, formando-se uma genin, enfim, aos 13 anos de idade. sua jornada já era longa porém estava apenas começando.

Já se passava das cinco horas da manhã, o sol do país do relâmpago dava indícios de que enfim aparecera no horizonte porém a densa quantidade de arvores que cercava aquela pequena vila dificultava a visão da paisagem, a temperatura naquela primavera permanecia baixo dos 15° C, em uma pequena cabana improvisada para um parto uma mulher de cabelos castanhos e corpo esguio sofria enquanto tentava trazer ao mundo a sua primeira filha, seus gritos ecoavam pelos corredores enquanto seu esposo a segurava pelas mãos dando forças conforme podia, um homem alto e de aparência física bem imponente e musculosa, a mulher possuía diversas cicatrizes pelo com, porém as que mais chamava a atenção das ninjas médicas ali presentes eram as da face, cicatrizes de cortes profundos atestavam os seus feitos em batalha, era de fato uma shinobi que havia vivido sua cota de batalhas, mas nenhuma delas poderia tê-la preparado para o momento que estava vivendo, afinal o que sempre ouvia era que só sabia o que era dar à luz a um filho quem já o havia feito. “Maldita seja a minha mãe por não me preparar para isso” pensava ela amaldiçoando a própria mãe, que se fosse viva provavelmente estaria rindo da situação da filha nesse momento.
— Respire Mitsuki, respire!
Dizia uma das médicas que acompanhavam o parto, Mitsuki gritava expulsando todo o ar de seus pulmões quase quebrando a mão de seu esposo que a olhava assustado, o homem mais parecia uma montanha do que um humano, porém seu olhar era de uma criança assustada e indefesa, era um contraste irônico.
— Vamos! Espirra essa criança daí!
A mulher alternou entre momentos de sofrimento e risadas do modo como o seu esposo estava lidando com a situação, mas de certa forma ele foi eficaz, a mulher começou a progredir com o parto e meio a risadas e gritos de dor. Ela respirava ofegantemente bufando com força enquanto recuperava energias para voltar a forçar aquela criança para fora.
— Vamos lá mamãe, empurre! — Disse a ninja médica com suas mãos sobre a barriga da mulher, suas mãos cintilavam em verde claro, seu jutsu medicinal auxiliava a paciente naquele parto complicado, outras duas ninjas visualmente de graduação mais baixa que a médica a olhavam com uma certa preocupação.
— Animari-sama, não podemos usar jutsus medicinais em partos! Pode ser prejudicial ao bebê. — Exclamou a jovem shinobi enquanto prestava cuidados à mãe.
— Eu sei o que estou fazendo! — Retrucou a médica.
A mulher deitada naquela velha cama voltava a gritar de dor e sofrimento, ninguém parecia ter percebido ainda além da médica mais experiente, mas a mãe e o bebê corriam sérios riscos naquele momento, algo estava errado.
Subitamente a mulher explodiu em um grito agonizante enquanto que sangue jorrou no lençol amassado, um pouco também escorreu de seu nariz e, enfim, o silencio. A mulher havia apagado completamente, rapidamente uma das ninjas médicas ali presentes pegou um pano umedecido em algum tipo de líquido e colocou sobre o nariz da mulher, enquanto que pressionava seu tórax realizando um jutsu desconhecido de cura, provavelmente nada muito avançado. Rapidamente a mulher recobrou sua consciência em um urro ensurdecedor, rapidamente o homem ali presente agarrou firme a mão de Mitsuki e colocou a outra mão sobre a testa da mesma. Enquanto preparava-se para dizer algo um rapaz de aparência misteriosa trajando conjunto completo de shinobi invadiu o cômodo ofegante, parando na porta ele ignorou totalmente as mulheres presentes e se dirigiu ao homem ali presente.
— Eles já estão aqui! Fomos pegos de surpresa! Rápido precisamos armar uma contra medida!
O rapaz estava encoberto de sangue, o homem rapidamente soltou a mão da mulher, dirigindo-se a ela mais uma vez. — Fique tranquila meu amor, protegerei nossa família! — Rapidamente o homem juntou-se ao jovem shinobi, ouvia-se muito barulho e algumas explosões, algumas mais longes outras bem perto daquela cabana surrada.
A médica apoiava nas mãos a criança que nascia encoberta de sangue, sua expressão não era nada boa, suas mãos incandescentes em verde trabalhavam na linha tênue entre a força e o extremo cuidado, ajudando a mãe a expulsar aquele bebê problemático do útero, Mitsuki gritava tentando empurrar a criança para fora, rangia os dentes e forçava ao limite o seu corpo, revirando os olhos, uma vez mais sua consciência esvaeceu deixando o seu corpo flácido para trás.
— Eu não vou perder vocês! Lute! —  Gritou a médica enquanto dava uma palmada imbuída em chakra no tórax da mulher, que em uma longa puxada de ar voltou a consciência só para sentir aquela dor monstruosa uma vez mais. Com a respiração ofegante a mulher em trabalho de parto tremia as mãos e piscava de maneira incessante, estava pálida e com a boca seca, engolindo à seco ela procurava forças para falar, uma das iryo-nin em treinamento ali presente olhava Mitsuki com um certo espanto em seu rosto, “Como essa mulher ainda estava viva?” Ela se perguntava, ainda não tinha prestado atenção mas a mulher estava coberta em sangue, suas mãos flácidas penduradas nos lados da cama pingavam o sangue que escorria em seu rosto, ela sabia que a mulher era uma ninja mas, mesmo grávida foi à batalha? “Porque?” ela se perguntava.
— Vamos lá soldado, você sabe que eu não vou sair viva dessa cama, só tire essa criança de mim em segurança, preocupe-se com ela apenas. — Mitsuki tinha um peso em sua voz, estava fraca demais, lágrimas em seus olhos escorriam para o queixo, era um olhar penetrante e cheio de esperanças, mas não para si.
— De jeito nenhu—
Antes que pudesse completar Mitsuki agarrou a médica pelo colarinho e a puxou para si.
— Você vai tirar essa criança de mim, viva! Eu vou empurrar e você puxa. — Ela disse soltando-a lentamente, todas naquela sala perceberam que ela não tinha mais forças para se manter viva.
A médica apenas concordou abaixando a cabeça e se colocando em posição novamente, silencio, não se ouvia um ruído sequer naquela sala e permaneceu assim por alguns segundos que mais pareceram uma eternidade, ouviu-se então o som da esperança, um som que encheu o coração de todos com alegria e tranquilidade, uma pequena menininha chorava alto e agudo como quem fica muito tempo debaixo d’água e retorna a superfície no último segundo.
— É uma linda menininha. — Disse a medica com uma expressão aliviada, levando a criança até a mãe.
Mitsuki estava sem forças, mas mesmo assim tinha um lindo sorriso em seu rosto, sua mão conseguiu flutuar pelo ar até seu dedo indicador tocar a testa da criança que parou de chorar no mesmo instante.
— Nana...
A mão da mulher caiu flácida uma vez mais deixando um risco de sangue na testa da criança, ela estava morta.[/i]