A história do nascimento de Eien não tem nada demais: filho de um Uzumaki regular da vila, Makuto, que se apaixonou por uma Yuki de Kirigakure que conheceu em missão, Mai. Os dois se casaram e Mai se mudou para Konoha, como convém pelos costumes da época. Não eram ninjas excepcionais, apesar de ambos terem um clã para herdar o nome. Por conta disso, quando tiveram seu primeiro filho também não esperavam que ele fosse o próximo deus shinobi, mas uma coisa é certa: a gravidez era desejada e o momento de dar a luz bastante aguardado. Tadashi foi o primeiro a nascer: olhos e cabelos castanhos, herdando um pouco de cada um dos seus pais, olhos do pai e cabelo da mãe. Como um filho planejado, Tadashi sempre recebeu o máximo de atenção possível e foi bastante mimado. Apesar disso, não acabou sendo o tipo de criança reclusa que tem medo de tudo. Sua infância foi cheia de aventuras, desde a sumir de casa por um dia inteiro porque seguiu uma borboleta até a vez que ele caiu e precisou operar o braço urgentemente. Tudo mudou quando aos quatro anos de idade Tadashi descobriu que iria ter um irmãozinho. Eien seria o nome do novo membro da família.

Eien nasceu no dia exato do aniversário de Tadashi. Eles estavam no meio da comemoração de mais um ano de vida do mais velho quando o mais novo decidiu que finalmente era sua hora de vir ao mundo. Foi uma gravidez tranquila, e assim também foi o parto normal. Não demorou muito mais que alguns dias para que Mai recebesse alta do hospital da vila e pudesse finalmente retornar para casa. A essa altura o quarto do bebê já estava pronto e de quebra, Tadashi disse ter preparado um presente para seu novo irmão. Mai deixou Eien no seu berço na custódia do seu irmão mais velho, porém precisou voltar minutos depois sair do quarto ao ouvir o choro de Eien. Tadashi parecia desesperado, sem saber o que fazer. Ainda era muito novo, se entendeu que ele ainda não estava muito acostumado a ter um bebê na casa (até porque não teria como mesmo). Os anos seguintes foram normais, com umas pitadas leves de turbulência aqui ou ali. Eien cresceu bastante apegado ao irmão, porém parecia ter a personalidade extremamente oposta a ele. Mesmo tendo crescido juntos, enquanto Tadashi procurava sempre estar pulando ou girando em algo, Eien sempre estava mais distante, apenas observando e evitando a ação em si. De qualquer forma, o pequeno parecia ter profundo respeito pelo seu irmão mais velho. Quer dizer, ao menos ele nunca respondeu ele atravessado. Seus pais viam apenas como laço de irmãos.

As coisas mudaram de figura quando Eien começou a relevar suas habilidades estranhas. Como Tadashi herdou as habilidades dos Uzumaki, o casal passou a achar que o mesmo aconteceria com Eien, só que para a surpresa deles o menor acabou herdando as habilidades da mãe. A primeira vez que aconteceu foi no banho. Eien tinha caído enquanto brincava no parquinho, e enquanto Mai lhe ajudava a tomar banho e lavar o ralado, ele parecia incomodado com a água deslizando pela sua ferida. Foi bastante sutil, mas a mulher percebeu que a água ondulava ao chegar perto da ferida, como se tentasse desviar. Da outra vez foi durante uma chuva. Eien estava parado à frente da janela observando os pingos de água escorrendo no vidro como sempre fazia, quando estendeu o dedo e passou a desenhar padrões em S pelo vidro. Uma gota de água que descia passou a seguir o dedo do garoto em seus movimentos. Quem notou desta foi Makuto, seu pai. Mas a confirmação de que algo estava acontecendo foi um dia no aniversário de Eien. Naquele dia, o garoto tinha recebido uma roupa nova da sua mãe, que pediu para que ele não a sujasse até a hora da festa. O pequeno saiu para passear pela vila até dar o horário e antes dele voltar começou a chover muito forte. No meio da tempestade, o garoto abriu a porta de casa e foi entrando. Para a surpresa dos seus pais e de seu irmão, seu corpo estava intocado pela água, isto é, nem um pouco molhado. Mesmo o seu cabelo. Nem o próprio sabia o que tinha acontecido, e na sua inocência comentou que aquilo era algo bom, porque assim não estragou a roupa especial para seu aniversário.

Quando Eien teve idade suficiente para receber algum treinamento afim de testar de vez se tinha herdado a kekkei genkai de sua mãe eles acabaram comprovando... O que não agradou Tadashi que... Bom, ele não reagiu bem. Foi completamente estranho, ele simplesmente jogou o copo em que estava bebendo água na parede e saiu com raiva para seu quarto, onde passou o resto do dia. As coisas se agravaram quando Mai e Makuto pediram ajuda para um antigo parceiro de equipe de Mai para ajudar Eien a desenvolver suas habilidades especiais da forma certa. Como era algo excepcional para os padrões da família, a partir daquele dia Eien passou a receber uma atenção bem maior, além de que foi aí que iniciou seus treinos de chakra e demais caminhos ninja. Na mesma época Tadashi entrou para a academia ninja.

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Nos anos seguintes, Eien ainda agia normalmente para com seu irmão, porém Tadashi estava cada vez mais distante. Ele saía cedo dizendo ir treinar na Academia Ninja e voltava tarde da noite, e enquanto estava em casa passava a maior parte do tempo trancado no seu quarto. Quando interagia, e se interagia, usava poucas palavras e praticamente não fazia contato visual. Sua personalidade alegre e espontânea parecia ter sido completamente apagada. Seus pais entenderam como um amadurecimento, uma vez que a mudança ocorreu junto com sua entrada na Academia. Eien, por outro lado, sabia que o motivo não era esse, porém se forçou a acreditar que era por isso sim.

A história dos irmãos continua a partir do suicídio de Tadashi. Sim, isso mesmo. Foi uma semana depois da sua formatura na academia. Como de costume na família, após a graduação todos iriam sair e comemorar com bastante carne no melhor restaurante da vila. Acontece que no meio da comemoração Eien acabou por desmaiar. Foi completamente repentino, mas tiveram que interromper tudo para levá-lo ao hospital. Segundo o médico, foi apenas exaustão, e que eram para pegar leve em qualquer tipo de exercício que ele fosse fazer, porque ainda era muito jovem e precisava ser tudo regulado. No mesmo dia, quando voltaram para casa, Tadashi teve uma tremenda discussão com seus pais. E não foi uma discussão nada amigável. O garoto acusou seus pais de não ligarem mais para ele. Disse que desde que Eien passou a ser parte da família tudo deu errado para ele, que sempre quando ele tinha algum motivo para ser feliz Eien dava um jeito para estragar, que não importava como, o mais novo sempre conseguia destruir todos os seus momentos importantes. No meio da discussão, Tadashi surtou de vez e seguiu para o quarto de Eien, onde encontrou-o dormindo por causa dos remédios que tomou no hospital. Com uma kunai em mãos, Tadashi ergueu o pulso com a ponta da arma virada na direção do pescoço do mais novo. Por pouco uma tragédia não aconteceu, quando Makuto conseguiu invadir o quarto a tempo e segurar mão do seu filho mais velho. Dois dias depois, Tadashi foi encontrado morto enforcado no seu quarto, e na sua escrivaninha uma carta que o casal fez questão de esconder. Tentaram até mesmo esconder de Eien o suicídio do seu irmão, mas àquela altura ele não era mais tão idiota assim para não conseguir entender a situação. O fato é que apesar de Tadashi ter todos aqueles sentimentos negativos, Eien nunca o viu como inferior. Pelo contrário, sempre o viu como modelo a ser seguido e, pior que isso, como não tinha mais sua fonte de inspiração, o jovem acabou caindo em um tipo de vazio existencial que durou anos. Ele literalmente não saía do quarto, e mesmo recebendo o apoio dos pais praticamente parecia não melhorar.

Foi quando aos poucos ele foi voltando a se soltar. E quando digo se soltar, é se soltar mesmo. Durante sua fase de recuperação, Eien parecia mudado. Sua personalidade quieta se tornou agitada. Sua aversão à se arriscar se transformou na curiosidade para descobrir tudo sobre todas as coisas. No ano seguinte, ele já parecia completamente reabilitado, embora ainda que diferente. Foi quando seus pais acharam uma boa ideia o colocar na Academia Ninja, onde ele foi aprovado com louvor ao realizar o exame final.