Maya havia acordado cedo naquele dia. Ela então se dispôs a varrer a sala, varreu o pátio da casa dos Uchiha, e até mesmo deu uma arada no quintal. Após isso, ela tratou de começar a fazer comida, estando agora na cozinha. Ela fazia tudo como maestria, e desde cedo havia aprendido a se virar sozinha. Tendo inclusive o seu filho, Laxus, somente para que pudesse aumentar ainda mais seu senso de responsabilidade. Então, ela estaria colocando alguns pratos de arroz sobre a mesinha do centro da cozinha, se sentando em frente a esta, e então, fazendo um gesto como uma reza.

— Itadamatsu. — Mumurrou, em agradecimento e começou a comer, com os pauzinhos ali. Algum tempo depois ela chamou. — Laxus?! Laxus! Acorde! Está atrasado para o treinamento! Acorde filho! — Bradaria. Haviam marcado de treinar naquele dia mas, por algum motivo Laxus estaria atrasado, dormindo feito um garoto preguiçoso aos sábados.

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@Hideki'

Algumas dificuldades de ser jounin de Kumo eram que sempre estava fazendo alguma coisa. Eu principalmente, continuava fazendo missões como anbu o tempo todo, e isso levava meu corpo ao limite sem que eu percebesse, só que mesmo com tudo isso eu seguia adiante, sempre forçando o limite ao máximo e por conta disso eu estava exausto, atirado na cama como um enfermo que não tinha forças para continuar a viver. Sabia que naquele dia tinha um treinamento especial com minha mãe que era uma jounin experiente e também uma exímia usuária de sharingan, talvez ela estivesse querendo me ensinar a transformar meus olhos em uma arma ainda mais poderosa.

- Sim, já vou! - respondi para ela levantando-me da cama enquanto colocava minhas roupas comuns de jounin, uma das poucas vezes que não iria colocar o uniforme anbu, isso era meio estranho, estranho até demais visto que já estava acostumado a vestir aquelas roupas que escondiam completamente minha identidade. Com passos lentos e preguiçosos andei pela casa, sentindo o cheiro maravilhoso da comida dela, sentei-me sonolento a beira da mesa e suspirei, lembrando que com toda a certeza ela me daria uma boa surra no treino - Itadakimasu. - agradeci pela comida, partindo ao ataque da mesma e em poucos segundos havia terminado a refeição, sentindo-me revitalizado completamente como se não tivesse feito nada cansativo nos últimos dias.

- Então mãe? O que vamos fazer hoje? Não me diga que tem algo a ver com os meus olhos... - falei um pouco sarcástico, pois sabia o que era óbvio que ela queria me maltratar um pouco e também fazer com que eu atingisse o ápice dos olhos escarlates - Hoje me atrasei afinal tive uma missão ontem que foi bem cansativo. - cocei a cabeça esperando pela atitude dela enquanto me servia mais uma vez, para matar de vez a fome que sentia naquele dia, com a minha idade precisava comer bastante, principalmente para manter meu corpo em dia com todo o esforço que estava fazendo nos últimos tempos, treinamentos incessantes, missões quase impossíveis, e assassinatos sem fim, Kumo estava muito movimentada e com todo respeito, eu era muito bom no que fazia.

- E as suas missões, paradas? - levantei-me agradecendo novamente pela comida que havia me deixado mais aliviado do que nunca e caminhei lentamente até a Kokuto e a pendurei na cintura, era a minha fiel companheira em todas as empreitadas. Novamente me direcionei a minha mãe, parando a sua frente e esperando as próximas ordens, não era louco de desafiar seu poder de mandar em mim e nem louco o suficiente para tirar ela do sério com mais atrasos - Estou pronto e as suas ordens a partir desse momento, espero que possamos treinar bastante mãe. - sorri ladino brevemente analisando as suas feições e esperando que ela tomasse a dianteira para ir até a nossa ''casa de treino'', onde teríamos toda a privacidade necessária para conseguir usar de nossas habilidades sem preocupação. Conseguia ver a mim mesmo refletido nela, e isso era realmente divertido.
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— Não Laxus. Imagina, é só algo sobre como eu posso te auxiliar melhor sobre conversar com as garotas e sair com elas. —A mulher não tardou em sorrir para o filho, soltando uma risadinha em seguida. Logo só então terminou o resto de seu prato de bolinho de arroz e limpou os lábios rosados que ainda tinham alguns requisitos de comida. Então, ao se levantar, apenas então rumou para a pia, onde colocou o prato vazio lá junto com os palitos e se virou para o filho. — Não. Não vamos para a casa do treino hoje, não tá tão movimentado.

Comentou ela. — Vamos treinar ali, lá no quintal ao ar livre. — Apontou com o indicador e logo rumou para fora, e parando no centro do quintal. — Minhas missões não vem ao acaso, ninguém tem me chamado pro serviço então tô em casa mesmo. — A mulher deu de ombros. Menos trabalho. — O treino de hoje é sobre sues olhos, e, eu quero que você vende seus olhos. Me empresta sua espada, vou usar a bainha dela para te bater em pontos que doem muito enquanto você imagina algo que te irritar muito, que te dê ódio. — Ordenou ela, estendendo a mão para ser lhe entregue a kokutō.

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@Hideki'

- Suas missões não vem ao acaso porque é uma ninja muito importante para ser usada como eu por exemplo. Eles não ousariam em perder uma jonin de tanto poder em algo que não fosse necessário uma força militar tão pragmática. - repliquei enquanto acompanhava ela em cada passo, pensando em como eu ainda era só mais um cara na vila de Kumogakure, porque estava sendo usado até mesmo para lidar com pessoas não tão importantes para a vila, e na verdade queria tomar um posto mais elevado para que pudesse escolher minhas próprias missões e até mesmo conseguir uma das bestas com cauda para então alavancar ainda mais o meu poder como shinobi - Que pena, eu gosto tanto de nossa casa de treinos.. - disse cantarolando ironicamente enquanto o quintal se abria a nossa frente mais uma vez para mais um treino que provavelmente seria icônico quando vindo de minha amada mãe.

O orgulho que tinha em ser filho daquela Kunoichi era algo que poderia dizer incalculável, ela era importante, poderosa e sábia, tudo aquilo que a grande e avassaladora maioria dos ninjas do mundo não tinha - Vendar meus olhos? Entendi... - respondi a ela enquanto retirava a arma de minha cintura, a analise que eu esperava que iria acontecer - Ah ta bom, agora vou virar um saco de pancada. - rasguei um pedaço de tecido e ao mesmo tempo enrolei-o em frente aos olhos e logo após ativei o sharingan, que não faziam muitos meses após os mesmos surgirem.

''Imaginar algo que eu tenha ódio, que me traga esse sentimento? Isso não é muito difícil...''

Respirei fundo imediatamente, elevando meus pensamentos a cada memória que era guardada em minha mente, momentos da minha vida que significavam emoções distintas, felicidade, amor, raiva, medo e ódio. Todos eles guardados em meu interior, todos eles armazenados para que um dia fosse jogados na direção de alguém e refinados o suficiente para me destruir ou fortalecer, mas um daqueles sentimentos me causava ainda mais angústia e raiva, o dia em que fui direcionado a uma missão de ceifar a vida de meu próprio pai ''Ódio, isso é realmente o maior dos meus ódios e rancores. '' a imagem de meu pai caído no chão com as minhas mãos ensaguentadas se formou em meus pensamentos, junto com os tremores do corpo.

''Traidor, por que decidiu trair a vila e fazer com que eu tivesse que te matar? Por que foi tão covarde? Por que?''

O sentimento ruim borbulhou em meu interior como se fosse uma chama inextinguível, deslizando por entre minhas veias, causando arrepios em todos os pelos do meu corpo e também tirando-me do eixo momentaneamente. Era talvez o maior trauma de minha vida, talvez o pior de todos afinal arrancar a vida do próprio pai, mesmo que adotivo era algo que até o mais frios dos ninjas teria certa apreensão em fazer. Eu me sentia sujo e imundo, trinquei os dentes por um instante lembrando de toda a merda que fui obrigado a fazer por conta da covardia dele.

Respirei fundo novamente, sentindo a dor percorrer por meu corpo, sentindo junto dela o gosto do sangue em minha boca proporcionado brevemente pelos dentes machucando a parte interna de minha boca. Aquela sensação toda era algo que já havia sentido, mas daquela vez estava contrastada pelo rancor, pela vontade de destruir todos aqueles que traem os seus, proteger minha mãe destes traidores e proteger a mim mesmo. Qual era o rumo que deveria tomar para fazer isso? A medida que os segundos em meio as minhas emoções se passavam eu sentia a dor pelas pancadas percorrerem minha carne ainda mais.


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E novamente, a mulher começaria o treinamento. Ela avançou alguns passos até o filho sentado sobre o chão, e começou a lhe atacar com a bainha da espada e a kokutō dentro. A ponta atingia diversos pontos do corpo do garoto, na face, no tronco, nos braços, nas pernas, coxas, pés, mãos, ombros, lateral do pescoço, testa, topo, boca, nariz. Enquanto isso, a mulher sentia uma tristeza interna, de machucar seu filho daquela forma. Mas acontece que, era necessário, e ela sabia disso, mas, não queria ver ele machucado. Tanto que sem perceber, ativou o seu poderoso Mangekyou Sharingan ocular.

As lágrimas saiam de seus olhos enquanto ela atacava seu filho sem dó nem pudor, e sangue e sangue jorrava sobre a grama do quintal, espalhando e jorrando a cada vez que ela atingia a sua pele, o agredindo cada vez mais, mas o Sharingan só poderia ser desperto pelo ódio.

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RP — Despertar.

@Hideki'

A dor começava a se tornar ainda mais presente em meu corpo, era como se estivesse sendo espancado na vida real, não, com certeza eu estava sendo espancado, o rosto, as costelas, o peitoral todas as partes do meu corpo sentiam a maior das dores tanto emocional como física, em um loop eterno em que eu arrancava o coração de meu pai do peito como um animal. Não era aceitável que eu desistisse ali naquele momento, não era aceitável que eu pedisse para parar, não depois do que eu havia feito e toda a dedicação da mulher em me dar todos os ensinamentos necessários, eu deveria receber tudo aquilo como punição por ter tirado a vida de meu pai, ao mesmo tempo que era um treinamento era também uma punição para que eu virasse uma pessoa melhor, ou pior, dependeria muito de como iria assimilar aquilo.

Algumas lágrimas começavam a escorrer por meus olhos, a medida que cada vez mais apanhava como um condenado, e a partir daquilo começava a pensar, qual era o sentido da vida? Qual o verdadeiro objetivo de ser uma boa pessoa, qual a decisão que deveria tomar para que todos ficassem bem? Deveria ser forte a ponto de suprimir qualquer pessoa que ousasse interferir na felicidade dos meus protegidos? Deveria me vingar de todos aqueles que fizeram a cabeça de meu pai em trair a própria família em busca de dinheiro? Não sabia ao certo, mas a imagem dos olhos sem vida dele '' Você me matou, você não é um bom filho.'' a imagem falou para mim no meio da visão como se estivesse me julgando pelo ocorrido, era tão realista que parecia que eu estava caindo em peças pregadas pela minha própria mente.

- Eu v..vou proteger todos, nem que tenha que matar qualquer pessoa que possa apresentar risco a quem eu amo! - respondi em voz alta enquanto mergulhava cada vez mais em meu subconsciente contrastando a visão e a dor da realidade com toda a sensação de impotência - Eu sou um ninja forte, eu serei o mais forte de todos custe o que custar! Eu não vou perdoar ninguém que prejudicar os meus novamente! Eu vou aniquilar todos! TODOS! - bradei enquanto me jogava no chão sentindo o coração disparar em uma intensidade jamais vista em meu corpo, quase que pulando do peito em um momento de pura adrenalina que me tomava de assalto.

''Então você protegerá a sua mãe?'' a imagem de meu pai me questionou com um tom sarcástico, e riu ao final de sua pergunta, como se estivesse debochando de meu potencial - É claro, é claro que eu vou proteger minha mãe, não sou covarde, nem que tenha que sacrificar a minha própria vida eu farei isso, nem que eu tenha que sucumbir as mais profundas trevas existentes eu irei proteger ela, eu me chamo Laxus Uchiha! - respondi e naquele momento a visão se desfez em milhões de pedaços como se estivesse se arraigando ao meu mais profundo sentimento.

Arranquei a venda em um surto de respiração como se estivesse tentando retomar o ar, vendo a face de minha mãe tomada de rancor e seus olhos escarlates sendo exibidos como um sinal de sofrimento agarrei por um momento a bainha de minha espada, e em um breve momento sentindo que algo estava diferente comigo - Mãe, está tudo bem, fique calma. - respondi sentindo a minha carne doer, sentindo meu corpo reclamar de todas as pancadas que eu havia tomado como se estivesse fazendo fofoca de algo que ela havia feito. Quanto maior a emoção, maior a força? Era disso que nós Uchihas éramos feitos?

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