Era tarde. As brisas, esvoaçando as extremidades de sua capa negra, anunciavam o próximo equinócio. O desconforto causado em consequência de sua recente aquisição era evidente. O sabor da comida convencional não agradava-lhe mais o paladar. ——— Você sabia quais eram os riscos e os aceitou de bom grado. ——— proferiu, em um tom inaudível, enquanto observava as manchas de ferrugem na superfície escura e cheia de marcas de uma ferramenta ancorada no telhado de uma antiga construção. A linhagem sanguínea parecia fazer jus as narrativas, cheias de emoção, das quais o garoto obtivera acesso em uma visita ao núcleo de inteligência.

Os ventos estavam contrários naquele dia mas o Jōnin nunca fora uma pessoa supersticiosa e ignorou o presságio. À beira do precipício, tornou a concentrar-se.  ——— Akuma no Katachi! ——— proferiu, o rapaz, um clamor gutural que embrenhou-se através dos próprios desígnios do universo e ecoou tão profundamente que seria capaz petrificar instantaneamente qualquer um ao seu redor, assim, a pele enegreceu e o tecido muscular tornou-se robusto. A energia manava do âmago de cada célula, como um potencial adormecido. Um profundo e longo suspiro precedeu um movimento impetuoso capaz de encurtar a distância de uma légua em poucos segundos. O pouso, por sua vez, assemelhou-se ao de uma pena tocando um acolchoado.

——— É como se eu tivesse conseguido ultrapassar meu limite fisiológico alcançando um controle singular das minhas próprias capacidades. ——— concluiu, fitando o horizonte. O campo congelado permaneceu em completo silêncio respeitando a presença imponente. Mais uma vez, o homem repousou, dessa vez com a intenção de alcançar um escalão ainda superior. O corpo estremeceu-se e uma quantidade avultante de energia aflorou, alcançando os céus em forma de um feixe negro. A pele parecia estar prestes a romper, devido as mudanças fugazes, mas permanecia constante. Após o dispêndio soberbo de energia espiritual, Yami alcançou o progresso que almejava.

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