Konohagakure precisa de novos arqueiros! informava o panfleto que se debruçava a ler caminhando lentamente por entre as ruas do vilarejo. Estava curiosa, jamais conhecera qualquer ninja que fizesse uso do arco-e-flecha em toda a sua vida. Aquele era um armamento que lhe interessava, pois permitia combater à distância. Era, sem sombra de dúvidas, um forte instrumento da guerra. Homens e mulheres de todas as idades podem se inscrever. Basta que compareçam ao quartel general da aldeia e preencham os formulários. Não perca esta oportunidade... convidava a participar de um longo treinamento.
— Acho que vou ingressar nessa turma... — disse a si, tomando a trajetória do local avisado.

Alguns minutos bastaram. Alcançou o grande prédio de concreto que compreendia as instalações militares da vila. Adentrou-o calmamente e lá se endereçou ao balcão.
— Com licença. — falou à mulher que permanecia atrás de um comprido bloco de madeira maciça. — Vim para isso... — deu-lhe o panfleto que possuía em mãos.
Ela o segurou e olhou de volta à Aiko.
— Entendo. Pretende se tornar uma arqueira? Estupendo! — elevou o tom de voz com um certo teor de empolgação. — Aqui está. Preencha este papel e volte daqui há cinco dias. Além disso, esteja preparada. Não será fácil. — adiantou-lhe com algum pesar embutido à fala.
A verdade é que a experiente balconista já presenciara outros tantos tentarem e falharem miseravelmente. Era normal que os espíritos vigorosos e juvenis se despedaçassem ao se deparar com o rigoroso mestre da arquearia. E era possivelmente esse o motivo de não existirem pessoas habilitadas com o tiro de setas.
— Creio que tudo bem... — respondeu-lhe, levando consigo o formulário.

Escreveu à caneta e preencheu por completo as informações necessárias. Aguardou, em seguida, inicialmente preparando à mente ao terror que se projetara em função do aconselhamento anterior.
— Afinal, que tipo de exercício que irei praticar? — perguntava-se. — De todo o modo, hei de melhorar a minha precisão e concentração. Sem dúvida estas são qualidades essenciais aos peritos com o arco. — analisou friamente, afiando o pensamento ao que viria.
E finalmente passou-se a metade de uma dezena de dias. Era uma tempestuosa manhã fria quando se adornou com as vestes costumeiras. Negras, longas e de um tecido elástico que se moldava bem às poucas curvas que tinha. Amarrou o cabelo com uma fita branca e o prendeu com firmeza. Afixou o cinto na cintura e sentiu-se pronta, enfim. Dessa vez, aprenderia algo completamente novo.

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Andava pensativa acerca de tudo. Perdera uma mãe e um mestre, continuava sem norte, perguntando-se se um dia conseguiria confrontar-se com o pai, o qual deixara para trás numa mensagem de nunca mais voltar. Sua mente vagueava e dificilmente obtinha um foco. Por isso optou por se tornar uma arqueira e aguardou os cinco dias pacientemente. Se não o fizesse, perderia a oportunidade. Em um estado de aflição aguardou ansiosamente, até que finalmente chegou a hora. Tomou banho e higienizou a boca. Vestiu-se de preto, da cabeça aos pés, um tecido fino, de algodão, leve e sem restringir qualquer movimento. De traje definido, banqueteou-se e deixou a louça a lavar. Restavam duas horas, porém resolveu se adiantar e partiu ao quartel general. Caminhava, afinal sobrava tempo. As emoções continuavam tempestuosas, imaginando por vezes o que significaria ser uma Uchiha. Não contaria a ninguém, nem mesmo aos seus superiores. Algo que lhe foi guardado por toda a vida certamente não seria positivo, embora se tratasse de sua história enquanto pessoa. Os passos se somaram em caminhada, cessando no instante em que seus olhos encontraram as portas corrediças de vidro. Abriu-as.

— Você voltou! — gritou amigavelmente a atendente de outrora. — Que bom que voltou. Confesso que eu não tinha certeza de voltaria. Mas, agora que está aqui, vejo que realmente está determinada a se tornar uma perita do arco-e-flecha. — comentou brevemente. — Diga-me, trouxe consigo o formulário preenchido?
— Sim e sim... — respondeu sombriamente. — Aqui. — retirou de dentro das vestes o papel e o entregou nas mãos dela. — O que acontece então? — indagou curiosa, pois já ansiava conhecer o responsável do treinamento.
— Oh! Muito obrigada. — recolheu o documento. — Começará em breve, você chegou um pouquinho antes do combinado, por isso eu vou pedir que sente um pouco e aguarde. Em algum tempo o mestre deverá chegar... — informou-lhe e deixou o lugar.

Restou a Aiko esperar pacientemente por aquele que encabeçaria a prática. Reservou-se ao seu assento, uma aconchegante cadeira de espuma. O vento de inverno soprava forte e deixava a sala friamente climatizada. Encolheu os ombros e, devaneando, lembrou-se do estudo do modo sábio. Apesar de ter se tornado uma eremita, lhe era sabido da dificuldade de contornar as adversidades da habilidade. A primeira delas, a necessidade de se manter totalmente imóvel, era possivelmente a pior. Deveria desenvolver uma maneira de reunir a naturalidade sem que se transformasse num vegetal inerte. Refletiria por horas, pois no fim não havia mesmo muito o que se fazer naquela sala.

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Cobiçava demais e talvez por isso houvesse de pagar. O professor se revelou e lhe disse que não estava em condições de ensinar a arte da arquearia. Viu-se sem um norte àquela altura e pensou o que faria da vida a partir dali...

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