Não fazia muito tempo desde minha última vinda para esse nostálgico lugar. O centro de treinamento de Konohagakure era sempre uma área favorável para se aprender novas habilidades, e hoje era o dia em que daria outro passo rumo a força que almejava.

Caminhei normalmente até o centro do extenso campo de treinamentos usando minha bengala e meus ouvidos anormais, dádiva de um cego. Lá, desenvolveria um treinamento específico para meu objetivo; fortalecer meu domínio sobre a herança hereditária de magma – Yoton.

Treinamento para a qualidade "Perícia Elemental" em Yoton, vale ressaltar que tenho a qualidade prodígio, então a perícia cai de (2) para (1) ponto, mínimo de 5 posts.

Adendos: Como não possuo nenhum jutsu de Yoton (ainda) gostaria que o treinamento fosse acerca de desenvolver a habilidade de manipular o Yoton (bônus da perícia almejada) e ao final obtendo esse poder.

– O que é isso? – indaguei, esbarrando a bengala em um pequeno obstáculo em meu caminhar. Abaixando as costas e apalpando o objeto, pude notar que seu formato assemelhava-se em tudo ao de um livro, portanto, embora eu fosse cego, a curiosidade me forçou a abri-lo; mesmo descrente de que poderia tirar qualquer informação deste.

Sentei-me no chão frio, na sombra, encostado no tronco de uma árvore, onde tateei o livreto em busca de qualquer informação. Foi então que, para minha surpresa, o livreto era na verdade, criado para pessoas como eu – completamente cegas – em que as letras eram expressas em relevos e, para minha sorte, eu sabia decifrar os códigos. Pouco a pouco meus dedos foram apossando-se das páginas, a bengala já não servia-me mais e portanto estava deitada ao meu lado.

O conteúdo marcado tratava-se de uma força avançada de natureza elemental, um chakra poderosíssimo que abrangia, em resumo, a combinação de dois elementos base. Era tamanha coincidência que eu, por sorte, possuía o domínio sobre essa natureza elemental e, portanto, os dois elementos que a constituíam. Estava escrito também que havia várias formas e modelos de usar o Yoton – lava –, mas apenas uma delas estava mostrada no livro; sendo esta a de rochas derretidas e sólidas ou líquidas.

O conceito básico era unir o elemento terra – Doton – com o elemento fogo – Katon – usando-os simultaneamente para formar o magma/lava – Yoton. Eu compreendi isto muito rápido, graças a ser um de seus usuários, seria então hora de passar para o próximo passo?

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Os capítulos seguintes do livro serviam exclusivamente para auxiliar o estudante no manuseio natural do elemento em questão. Fazia-se necessário paciência para que houvesse a manifestação da energia espiritual na sua forma elemental, e por conseguinte, um punhado de prática. 

Alguns selos que facilitariam o processo estava explícitos no segundo capítulo...


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– Entendo, entendo. – Estava ali por rir, como um jovem bobo. Cada parte do livro fascinava-me ao ponto de encher meus olhos de brilho - se eu pudesse abri-los, você veria - e aos poucos meu conhecimento acerca da habilidade referida expandia-se. – Está na hora de um pouco de prática, suponho – um longo suspiro sucedeu minha fala, pondo-me de pé logo após.

– Certo, vamos! – determinado, uni as duas mãos frente ao peito com um sinal simplório de mãos, sua única finalidade era servir de ponte para a aglomeração de minha energia espiritual; demandada para realizar o feito que estava por vir. Se meus olhos estivessem abertos naquele momento, eu os fecharia, mas como não se fazia necessário permaneci indiferente enquanto ampliava minha concentração. A mente de um cego é deveras criativa e fértil, portanto eu podia imaginar perfeitamente a forma que queria que meu chakra tomasse, ou melhor, a sensação que queria que ele transmitisse. – Imagine, concentre, dê forma! – repetia incansavelmente os comandos em voz alta para lembrar-me de como executar o jutsu.

Uma aura azulada revestiu meu corpo, como uma armadura, sinal do acúmulo de chakra empregado. Tudo que vinha em minha mente era de expelir de uma vez todo o chakra unificado na forma do elemento, e a maneira que faria isto era... – Yoton! – foquei toda a energia que me circundava para minha boca e, como um tiro, tentei cuspi-lo todo de uma vez. O resultado não foi o melhor, no entanto, e nada além de uma rajada eólica com fragmentos azulados foi jogado. – Aaaaaa! Droga.

Faltava-me prática, mas isto viria com o tempo. Talvez alguma dica oculta nas páginas me ajudasse, então tirei o livreto das vestes (onde havia o guardado antes) e tateei-o outra vez em busca de algo que me instruísse.

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Enquanto seus dedos continuassem perambulando pelos aclives intervalados nas folhas, informações úteis poderiam ser encontradas. O conteúdo dos três capítulos que ainda não tinham sido esclarecidos revelava o motivo por trás da falha grotesca de Ren. 

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– Hmmmm... – Com o livro em mãos, irritado pela falha anterior, procurei algo que pudesse me guiar para o caminho do sucesso, qualquer dica que fosse por menor que pudesse ser. – Concentrar o chakra, imaginar a lava... imaginar a lava... Manifestar fisicamente... – Sentia dentro de mim que esquecia algum fator muito importante, que certamente mudaria o rumo deste treinamento.

– Tudo bem, vamos revisar o que estou tentando fazer! – ainda estava de pé, portanto somente guardei o livreto entre as roupas tradicionais chinesas e outra vez juntei as mãos frente ao meu peitoral. Fixando a imagem do que queria produzir com meu chakra, reuni-o dos arredores em meu corpo e abri a boca, prestes a expeli-lo como fizera da última vez, quando... – É claro! – acho que você não entendeu, certo? Vamos revisar, o Yoton consiste na união de fogo e terra, correto? O que ele estava tentando fazer até agora era expelir o magma pela boca imaginando somente um calor muito forte, como uma chama, desta forma usaria apenas o fogo - Katon - e não o magma - Yoton. A solução era então tentar usar os dois elementos de uma só vez, cuspindo-os juntos da boca. – Tomara que isto funcione!

Embora soubesse do que deveria fazer, era bem mais fácil na teoria. Mesmo tendo conhecimento do meu erro, não fazia ideia de como converteria meu chakra em duas formas de elementos diferentes de uma só vez. – Todas as vezes que usei esse elemento foram por acidente – resmunguei, cabisbaixo. Tentei, uma vez mais fazendo um selo de mão, projetar minha energia para dispersá-la como rochas e, simultaneamente, outra parcela na forma de chamas quentes; o resultado foi o esperado, a confusão de chakra anulou qualquer poder dentro de mim e nenhum das duas técnicas foi utilizada.

O suor escorrida de minha testa, e minhas mãos pesavam junto com todo o resto do corpo. – Como imaginei, usar tanto meu chakra assim está me desmanchando por dentro...

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Uma caminhar compassado pode ser percebido pela audição aguçada do garoto enquanto a extenuação transitava pela seu corpo. — Garoto, aprecio sua determinação. Gostaria de lhe dar um consel... — Um tosse rouca interrompeu sua fala. — conselho. Você não está conseguindo porque ainda não sabe o que deseja realizar com sua energia espiritual. — O homem continuou caminhando. — Você nunca conseguirá criar uma espada se não aprender primeiro a moldar o aço... — Caso não possuísse uma capacidade auditiva avançada, provavelmente não conseguiria escutar as últimas palavras da frase do senhor. Era hora de voltar ao seu treinamento. 

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– Não desistirei! – mesmo o cansaço e o consumo exagerado da minha energia não puderam me fazer recuar, estava obstinado em dominar minha herança hereditária e excederia meus limites se assim precisasse. Desta vez com mais vontade do que nunca, bati as duas mãos uma contra a outra fazendo ecoar a batida. O simples gesto fez surgir uma aura azulada ao meu redor, crescente, mas que aos poucos foi atenuando-se e se comprimindo dentro do meu corpo.

– Ooooooooooooo...! – Abri os olhos cegos repentinamente, toda a energia já havia compilado-se em meu corpo e agora meus instintos me respondiam positivamente. – Agora! – fazendo um anel em frente aos meus lábios, soltei todo o chakra armazenado que tomou forma de um líquido vermelho espesso que avançou contra uma árvore. Aquela sensação! – Consegui! – finalmente, depois de todo aquele tempo, algum fruto bom veio. Mas o magma não resistiu muito, e saíra frio demais para causar dano o bastante contra a pobre árvore e logo concretizou-se em rocha vulcanizada, servindo como uma crosta grossa. Pelo ruído, pude perceber que o magma já não estava mais ativo, mas saltei de alegria ao saber que não estava muito distante de completar o aprendizado.

– Ikusoooo! – Gritei, animado. Reunindo mais energia (de onde será que essa energia vem?) para a realização da técnica, enchi os pulmões de ar e de uma tacada só regurgitei todo o chakra na forma do magma morno, falhando outra vez. – De novo! – Parecendo ter uma stamina interminável, tentei outra vez, e outra. Mas todas resultaram em fracassos. A noite já estava aproximando-se, não que eu pudesse perceber essa mudança de horário, mas o clima ficava consideravelmente mais frio.

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É de conhecimento geral em todo o mundo shinobi, que para alcançar e conquistar grandes objetivos, fazia-se necessário uma sequência das chamadas pequenas vitórias. Mesmo que a conquista de Ren tenha acontecido apenas dentro de um sonho, ela foi suficientemente forte para dar-lhe o ânimo e a disposição necessários para seguir em frente com o treinamento. Por conta da grande quantidade de chakra desperdiçado enquanto tentava tornar-se um especialista no elemento em questão, o garoto acabou adormecendo no meio do campo de treinamento e despertou apenas algumas horas depois. 

— Já está descansando, garoto. Imaginei que quisesse provar ao mundo que alguém com deficiências visuais também pudesse ser um grande ninja... — disse um senhor, que lhe cutucava com uma bengala semelhante a de Ren. Deixando o local logo em seguida.

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Considerações:

Estava tão concentrado em meu treinamento anteriormente que sequer notei a presença de outra pessoa, não ter olhos me ajudou bastante nisso. O uso contínuo de chakra rendeu-me alguns frutos, mas drenou completamente minha energia. Graças ao desgaste físico debandei até cair, adormecendo no campo de treinamento mesmo devido ao exaustivo uso de chakra.

Em meu sono, tive esclarecedoras respostas, portanto, acertaria no uso do elemento assim que acordasse. Ouvi a voz me chamando outra vez, mas diferente de antes agora eu dei ouvidos, e algo sólido me removeu do sono profundo. Estava escuro já, bem escuro, quem quer que tivesse me acordado saiu depois de algumas palavras trocadas que me encheram de motivação. – Eu provarei!

Ainda um pouco fraco, ergui-me do chão frio e com grama rala. Busquei em minha mochila (eu havia trago uma?) algum alimento que pudesse me reabastecer as forças, encontrando dois potes; um com macarrão e outro com bastante carne, tinha também uma garrafa ainda frio com um pouco de suco. – Perfeito!

Pedaço por pedaço, degustei o alimento, sentindo aos poucos minha energia se revigorar. Afinal, alimento se converte em energia e energia é chakra. Depois de terminar, guardei todos os recipientes outra vez na bolsa. Era hora de retomar o treinamento!

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Com suas energias revigoradas, Kouen estava preparado para retomar o seu treinamento. Enquanto sua mente descansava, as informações adquiridas anteriormente eram anexadas na sua mente ativa, porém, mais importante, também se infiltraram em sua outra mente, a misteriosa fonte que nunca dorme e que frequentemente o faz agir de maneiras as quais não compreende. Não havia momento melhor para continuar dedicando-se no domínio do elemento herdado.


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Considerações:

– Por quê? Mesmo tendo aprendido a criar a lava, não consigo fazê-la forte o suficiente! – Aquilo me trouxe lembranças do passado, de quando ainda era um garotinho (mais do que atualmente) e nada sabia (menos que agora). Um garoto estava me importunando na academia, talvez por eu não ser de uma linhagem genética abençoada como a dele, algo sobre ele ser de um clã forte do vilarejo que lutou em muitas guerras. Que garoto metido, se gabando pelos feitos dos outros, completamente patético. Se fosse agora, eu simplesmente riria na cara dele, mas na época eu fiquei incrivelmente puto. Soquei ele com tanta força que a fada do dente precisou passar na sua casa naquela noite, se é que me entendem. Quando já havia acabado o serviço, fui cuspir na sua cara (olha a sacanagem) e não percebi algo diferente, o cuspe saiu vermelho e não parecia exatamente saliva.

Tudo aconteceu muito rápido, os Jounin's interferiram e um deles me deixou cego dos dois olhos com um golpe só. Que injustiça, eu nem fiz por querer, foi apenas... – RAIVA! – Voltando ao presente, eu estava enfurecido, por nada dar certo, nada! Todos o meu treinamento até agora serviu de absolutamente nada, e daí que eu conseguia cuspir mais quente, de nada adiantaria em uma luta! (olha o bixo vindo) – COMO EU TÔ PUTO! ESSA VAI SER A ÚLTIMA VEZ! – Gritando pros quatro cantos do mundo ouvirem, tentei outra vez, cheio de frustração e raiva.

Os selo habitual foi feito e concentrei meu chakra (mais?) para realizar a técnica. Quando tentei visualizar o magma quente, algo estranho ocorreu, tudo que via era a face do menino que me fez perder os dois olhos, e cresceu em mim uma vontade de queimá-lo por completo, queimar seu corpo até não restar cinzas para o funeral. Foi quando vi (ou melhor, não vi) que já estava feito. Todas as árvores em um raio de vinte metros de mim haviam sido dizimadas e completamente carbonizadas pelas rochas derretidas. Tudo em um piscar de olhos, e nem lembrava do momento.

Seja como for, a trava que eu tinha era a emoção, e agora eu podia usar minha herança com maestria.

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