O famigerado titeriteiro trabalhava arduamente na construção da prótese mecânica que substituiria o seu braço esquerdo perdido em batalha, mas não estava sabendo lidar com as dificuldades de ser aleijado. Martelar um simples prego se tornava praticamente impossível com apenas uma mão, firmar a peça e acertar com a ferramenta exigiam atenção especial e individual que ele não podia dar.

Nunca havia se sentido tão inútil e desamparado, não ter um braço acabava impondo mais dificuldades na sua vida do que ele mesmo poderia imaginar, sendo um shinobi, a falta do seu membro esquerdo significava pode fazer apenas metade do que faria dentro da normalidade, colocando-o sempre para trás em tudo. A arma sendo martelada sobre a mesa de mármore era mais do que um utensílio de combate, era a salvação que lhe traria de volta para o corriqueiro, duas pernas, dois braços.

A sua qualidade inata para forjar esses bonecos não tinham se ido com o pedaço perdido, afinal um rei nunca perde sua majestade, mesmo que lhe suma a coroa. Ali, encolhido dentro do seu sobretudo, ele se retesava aos afazeres, a sua mente maquiavélica bolava o andar do projeto como uma criança encaixa as peças de um quebra-cabeça. A madeira selecionada rigorosamente era recheada por fios grossos e articulados, resistentes o suficiente para suportar golpes rígidos, divisões no ombro, cotovelo e pulso permitiam que eles se mostrassem.

A mão foi criada individualmente, pois precisava de trabalho extra. A palma era atravessada pelo tubo de onde sairia as rajadas de fogo e ar, com entradas bifurcadas que se encaminhavam até o ponto onde os pergaminhos eram selado, depois do cotovelo e antes do ombro, nas regiões do bíceps (chamas) e tríceps (vento). Eddard precisava se ver de fora, sua empolgação que não aparecia por meses, crescendo dentro de si como labaredas oscilando, tremeluzindo e crepitando no seu semblante carmesim pelo esforço.

O interior, próximo do polegar, carregava pólvoras e um mecanismo de ativação para disparar os projéteis de chumbo que sairiam pelo indicador. Uma fenda para ser aberta pela reação, como um alçapão que libera a saída durante a fração de tempo do disparo.