Convidado
Convidado


Vilarejo Atual
Os aposentos do rapaz denotavam um incômodo contraste a sua personalidade e os padrões da família real. Uma escrivaninha branca se apoiava sobre dois pés curvos, com detalhes que assemelhavam-se aos móveis antigos. A borda da madeira estava rachada em lascas, em partes pintadas por giz de cera. Uma coluna de livros com títulos chamativos e difíceis de se pronunciar empilhavam-se no cantinho do escritório pessoal do garoto, organizados em ordem alfabética; podia-se contar seis deles. Rascunhos, panfletos e mapas desorganizados espalhavam-se, desordenados. Alguns poucos pareciam arriscar assoar voo pelo quarto. A cama ocupava a maior parte. De lençóis vermelhos e símbolos japoneses, não era nem tão macia e nem tão dura, talvez um meio termo. As paredes mais pareciam um grande quadro, cheias de rabiscos aleatórios e desenhos grotescos. Era possível identificar um ou dois como pássaros e paisagens. Havia uma única cadeira, acolchoada e de tom escarlate, com a incumbência de suportar o peso do jovem.
Em um rangido estridente porta se abriu, mas parcialmente. A sombra do que deveria ser um rapaz em armadura completa surgiu. Era alto e musculoso, pois caminhava como se o peso daquela fortaleza não lhe incomodasse — É chegada a hora, soldado. — A voz rouca murmurou. O bronze da vestimenta rangeu ao passo em que o homem caminhava além do corredor, em silêncio. O porte de um nobre era uma mera ilusão se comparado a sua verdadeira função; um mensageiro. O príncipe se levantou de maneira delicada, folheou a papelada em sua mesa, como de costume. Abaixou-se com a classe de um rei, tateando algum objeto em baixo da cama. A lâmina sagrada mais conhecida como Caliburn reluziu de maneira estonteante a luz do sol.
O corredor acinzentado roçava o azul marinho. As pedras amontoavam-se uma por cima da outra, de diferentes tamanhos, dando forma a paredes robustas e reforçadas por cimento. Seria um breu total não fosse as várias tochas, sustentadas por hastes de ferro cumpridas e retangulares que decoravam a passagem. Não mais que dez minutos foram gastos percorrendo o corredor. Noctis permaneceu em silêncio durante todo o percurso, concentrado no que deveria fazer.
A passagem encontrou seu fim em um extenso pátio de armas. A luz do céu incidiu sobre os olhos já acostumados a escuridão do rapaz, ofuscando-lhe parcialmente a visão. Caminhou um pouco, ao passo em que os borrões amarelados começavam a desaparecer do ambiente a sua frente. A relva era predominante por todo o recinto, perfeitamente aparada. Noctis tateou os pés descalços na grama, sentindo as folhas envolverem a sola de seus pés e a folhagem úmida — proveniente da precipitação do dia anterior. Os soldados, bem como os demais membros da família Lucis acomodavam-se em acentos no segundo andar. Serviam a eles vinho e uvas, como se estivessem a esperar por um espetáculo. Do corredor oposto ao do shinobi, uma sombra esgueirou-se, separando-se do breu do túnel e revelando-se a luz do sol. Os cabelos eram escuros, mas em um tom cinzento. Caíam em tufos sobre o rosto e amontoavam-se nos ombros, atingindo a altura do peito. Era alguns centímetros mais baixa que Noctis, mas em seu olhar encontrava-se a mesma determinação e desejo de vencer. Era Chitoge, sua irmã mais nova.
Ambos o príncipe e a princesa caminharam ao centro do pátio e entreolharam-se, de maneira inexpressiva. A verdade é que desde criança já se preparavam para o que viria a acontecer. Os Lucis só precisavam de um único sucessor e como tradição, somente o mais apto das proles ascenderia ao posto de chefe da casa. A tradição seguia-se desde as gerações passadas. Irmão assassinando irmão. Com o tempo, tornou-se um ritual para a sucessão. Os soldados no segundo andar ergueram duas grandes trombetas de ouro, ao passo em que adotaram posição para soar-las. Em um único momento de despedida, ambos esboçaram um sorriso, que em meio a tensão do evento não foi percebido por nenhum dos ali presentes.
O som ecoou pelo pátio de armas, retumbando as pressas através das escadas e corredores. Nenhum nobre, soldado ou servo escapou ao aviso.
A mais nova dos Lucis iniciou o confronto decisivo. Sacou Murasame, uma lâmina negra de noventa centímetros, decorada em ouro e prata e investiu impetuosa, desenhando uma linha de luz no ar, contra o peito de seu irmão. Ardiloso, a prole mais velha girou em um movimento veloz, usando a grama úmida para se movimentar com maior liberdade, evadindo o alcance da lâmina e sacando a sua própria arma sagrada. Os sabres chocaram-se com violência, reverberando o sonido através do recinto. Em velocidade surpreendente, trocaram dezenas, talvez centenas de golpes em poucos segundos. As lâminas mais pareciam dobrar-se a vontade dos dois, bloqueando investidas e avançando sem exitar. Não eram exímios espadachins e portanto, não saíram ilesas do confronto inicial; pequenos arranhões que nada importavam formaram-se em seus corpos.
Chitoge, em um movimento sujo, acertou os dedos do irmão com o cabo de sua espada, desequilibrando-o e o forçando a deixar a espada cair. Em um primeiro momento, quando pensara ter alcançado a vitória, foi vergonhosamente surpreendida por um rápido movimento com os pés. Noctis era ágil, muito mais que a irmã. A menina vacilou ao cerrar os olhos, sendo lançada, desarmada, contra uma pilastra. A platéia estava apreensiva. Até mesmo os serventes pararam de encher os copos de vinho para prestar atenção ao combate. Noctis demonstrou compaixão e não avançou contra sua irmã.
O choque contra a construção embaralhou os sentidos de Chitoge. A pequena estava atordoada e a vista escureceu-se com o próprio sangue. Em poucos segundos, ao entender o que havia acontecido, levantou com dificuldade, encarando seu antagonista — Não espere clemência por minha parte! — Exclamou. Como prometido, Chitoge não exitaria em dar o troco em seu irmão, mas a esta altura do combate, Noctis estava tão concentrado que não cometeria nem mesmo um único deslize. A prova disso eram seus olhos, arregalados como os de uma águia.
Ofegante porém firme, Chitoge acometeu contra seu irmão. Tamanha a destreza a da jovem ao se movimentar pelo campo que aos olhos da platéia parecia que haviam mais de dois combatentes no pátio. Moveu-se com extrema agilidade ao redor de seu irmão, acometendo em momentos oportunos, mas todos eles eram bloqueados com a mesma agilidade. Chitoge era uma lutadora experiente e assassina profissional, mas sua idade lhe conferia limitações físicas as quais nem mesmo ela poderia escapar. A pancada de momentos atrás era mais grave que o esperado e, sem perceber, tornava-se lenta a cada investida. Noctis, por outro lado, mantivera-se integro durante toda a peleja, enquanto evadia e bloqueava as investidas audaciosas da irmã.
E finalmente aconteceu. Chitoge avançou em uma estocada contra o coração de seu irmão, mas este meramente evadiu a lâmina, enquanto avançava em uma estocada reversa. A arma dos deuses penetrou a carne e perfurou o coração de sua rival. A batalha estava encerrada. Chitoge teve forças para saltar para trás, mas era tarde demais. A visão aos poucos se preenchia de escuridão, ao passo em que o corpo deixava de responder aos seus comandos. Respirar nunca foi uma tarefa tão difícil para ela. Já não era forte o suficiente para manter o peso do corpo sobre dois pés. Cambaleou algumas vezes e o corpo quase desabou, não fosse o irmão apoia-la com o próprio braço.
— H-he-he... Parabéns, onii-chan... — Disse, em um sorriso puro e sincero. Morria ali a filha mais nova dos Lucis. Noctis, em choque, não pôde segurar uma lágrima.
Essa história, bem como vários outros trechos de sua vida como príncipe de Lucis se apagaram graças a tortura sofrida em Kumogakure no Sato.
Em um rangido estridente porta se abriu, mas parcialmente. A sombra do que deveria ser um rapaz em armadura completa surgiu. Era alto e musculoso, pois caminhava como se o peso daquela fortaleza não lhe incomodasse — É chegada a hora, soldado. — A voz rouca murmurou. O bronze da vestimenta rangeu ao passo em que o homem caminhava além do corredor, em silêncio. O porte de um nobre era uma mera ilusão se comparado a sua verdadeira função; um mensageiro. O príncipe se levantou de maneira delicada, folheou a papelada em sua mesa, como de costume. Abaixou-se com a classe de um rei, tateando algum objeto em baixo da cama. A lâmina sagrada mais conhecida como Caliburn reluziu de maneira estonteante a luz do sol.
O corredor acinzentado roçava o azul marinho. As pedras amontoavam-se uma por cima da outra, de diferentes tamanhos, dando forma a paredes robustas e reforçadas por cimento. Seria um breu total não fosse as várias tochas, sustentadas por hastes de ferro cumpridas e retangulares que decoravam a passagem. Não mais que dez minutos foram gastos percorrendo o corredor. Noctis permaneceu em silêncio durante todo o percurso, concentrado no que deveria fazer.
A passagem encontrou seu fim em um extenso pátio de armas. A luz do céu incidiu sobre os olhos já acostumados a escuridão do rapaz, ofuscando-lhe parcialmente a visão. Caminhou um pouco, ao passo em que os borrões amarelados começavam a desaparecer do ambiente a sua frente. A relva era predominante por todo o recinto, perfeitamente aparada. Noctis tateou os pés descalços na grama, sentindo as folhas envolverem a sola de seus pés e a folhagem úmida — proveniente da precipitação do dia anterior. Os soldados, bem como os demais membros da família Lucis acomodavam-se em acentos no segundo andar. Serviam a eles vinho e uvas, como se estivessem a esperar por um espetáculo. Do corredor oposto ao do shinobi, uma sombra esgueirou-se, separando-se do breu do túnel e revelando-se a luz do sol. Os cabelos eram escuros, mas em um tom cinzento. Caíam em tufos sobre o rosto e amontoavam-se nos ombros, atingindo a altura do peito. Era alguns centímetros mais baixa que Noctis, mas em seu olhar encontrava-se a mesma determinação e desejo de vencer. Era Chitoge, sua irmã mais nova.
Ambos o príncipe e a princesa caminharam ao centro do pátio e entreolharam-se, de maneira inexpressiva. A verdade é que desde criança já se preparavam para o que viria a acontecer. Os Lucis só precisavam de um único sucessor e como tradição, somente o mais apto das proles ascenderia ao posto de chefe da casa. A tradição seguia-se desde as gerações passadas. Irmão assassinando irmão. Com o tempo, tornou-se um ritual para a sucessão. Os soldados no segundo andar ergueram duas grandes trombetas de ouro, ao passo em que adotaram posição para soar-las. Em um único momento de despedida, ambos esboçaram um sorriso, que em meio a tensão do evento não foi percebido por nenhum dos ali presentes.
O som ecoou pelo pátio de armas, retumbando as pressas através das escadas e corredores. Nenhum nobre, soldado ou servo escapou ao aviso.
A mais nova dos Lucis iniciou o confronto decisivo. Sacou Murasame, uma lâmina negra de noventa centímetros, decorada em ouro e prata e investiu impetuosa, desenhando uma linha de luz no ar, contra o peito de seu irmão. Ardiloso, a prole mais velha girou em um movimento veloz, usando a grama úmida para se movimentar com maior liberdade, evadindo o alcance da lâmina e sacando a sua própria arma sagrada. Os sabres chocaram-se com violência, reverberando o sonido através do recinto. Em velocidade surpreendente, trocaram dezenas, talvez centenas de golpes em poucos segundos. As lâminas mais pareciam dobrar-se a vontade dos dois, bloqueando investidas e avançando sem exitar. Não eram exímios espadachins e portanto, não saíram ilesas do confronto inicial; pequenos arranhões que nada importavam formaram-se em seus corpos.
Chitoge, em um movimento sujo, acertou os dedos do irmão com o cabo de sua espada, desequilibrando-o e o forçando a deixar a espada cair. Em um primeiro momento, quando pensara ter alcançado a vitória, foi vergonhosamente surpreendida por um rápido movimento com os pés. Noctis era ágil, muito mais que a irmã. A menina vacilou ao cerrar os olhos, sendo lançada, desarmada, contra uma pilastra. A platéia estava apreensiva. Até mesmo os serventes pararam de encher os copos de vinho para prestar atenção ao combate. Noctis demonstrou compaixão e não avançou contra sua irmã.
O choque contra a construção embaralhou os sentidos de Chitoge. A pequena estava atordoada e a vista escureceu-se com o próprio sangue. Em poucos segundos, ao entender o que havia acontecido, levantou com dificuldade, encarando seu antagonista — Não espere clemência por minha parte! — Exclamou. Como prometido, Chitoge não exitaria em dar o troco em seu irmão, mas a esta altura do combate, Noctis estava tão concentrado que não cometeria nem mesmo um único deslize. A prova disso eram seus olhos, arregalados como os de uma águia.
Ofegante porém firme, Chitoge acometeu contra seu irmão. Tamanha a destreza a da jovem ao se movimentar pelo campo que aos olhos da platéia parecia que haviam mais de dois combatentes no pátio. Moveu-se com extrema agilidade ao redor de seu irmão, acometendo em momentos oportunos, mas todos eles eram bloqueados com a mesma agilidade. Chitoge era uma lutadora experiente e assassina profissional, mas sua idade lhe conferia limitações físicas as quais nem mesmo ela poderia escapar. A pancada de momentos atrás era mais grave que o esperado e, sem perceber, tornava-se lenta a cada investida. Noctis, por outro lado, mantivera-se integro durante toda a peleja, enquanto evadia e bloqueava as investidas audaciosas da irmã.
E finalmente aconteceu. Chitoge avançou em uma estocada contra o coração de seu irmão, mas este meramente evadiu a lâmina, enquanto avançava em uma estocada reversa. A arma dos deuses penetrou a carne e perfurou o coração de sua rival. A batalha estava encerrada. Chitoge teve forças para saltar para trás, mas era tarde demais. A visão aos poucos se preenchia de escuridão, ao passo em que o corpo deixava de responder aos seus comandos. Respirar nunca foi uma tarefa tão difícil para ela. Já não era forte o suficiente para manter o peso do corpo sobre dois pés. Cambaleou algumas vezes e o corpo quase desabou, não fosse o irmão apoia-la com o próprio braço.
— H-he-he... Parabéns, onii-chan... — Disse, em um sorriso puro e sincero. Morria ali a filha mais nova dos Lucis. Noctis, em choque, não pôde segurar uma lágrima.
Essa história, bem como vários outros trechos de sua vida como príncipe de Lucis se apagaram graças a tortura sofrida em Kumogakure no Sato.
Hoje à(s) 18:40Bahko
» 07. Solicitações de Avaliação
Hoje à(s) 18:16Tails
» CENA - SOLO | mutação é a chave para nossa evolução
Hoje à(s) 18:16Tails
» [Filler] — Back to Black
Hoje à(s) 17:44Skywalker
» [Banco] Noboru Inaba
Hoje à(s) 17:42mthcamargo
» Banco de Uzushiogakure
Hoje à(s) 17:25mthcamargo
» Ficha de Sayori (Terceira)
Hoje à(s) 17:10SayoriYaminate12
» [Cena - Solo] Tempestade de Raios
Hoje à(s) 17:02mthcamargo
» [Prólogo] A Última Esperança
Hoje à(s) 15:58Akihito
» 02. Solicitações de Solos
Hoje à(s) 15:02Skywalker
» [Ato] Evolução Transcendente!
Hoje à(s) 14:59Hikaro
» [Moradia (Premium) - Somewhere Over There] Angell Hyuuga Hattori
Hoje à(s) 14:43Shion