Em um escritório improvisado em um cômodo mal iluminado dois homens conversavam. Seus rostos eram encobertos pelas sombras do local, porém se conseguia ver entre a treva seus olhos enormes e vermelhos. Incontáveis papéis estavam espalhados sobre a mesa e pelo chão do local, os quais continham inscrições e algumas figuras indecifráveis àquela luz. Um dos homens, cuja silhueta mostrava seu porte robusto, diz:
_Teremos que agir o mais rápido possível, pois o tempo que foi nos dado está quase no fim.
No que é retrucado pelo outro, que tinha um aspecto franzino e frágil:
_Acalme-se. Tudo sairá conforme o planejado.
_Mas ainda temos que esperar que o poder se desenvolva no recipiente.
_E é exatamente por isso que você deve se acalmar, afinal não controlamos esse desenvolvimento.
O olhar do enorme homem mostrava sua irritação com o modo de pensar de seu companheiro que permanecia inabalável diante da situação na qual se encontravam.
_Você tem ciência da situação na qual nos encontramos? Da urgência que nos foi pedida?
_Acalme-se garoto. – Era a forma como o outro mais odiava ser chamado – Não podemos fazer nada por enquanto. Quando a essência da Luz estiver pronta saberemos, e então agiremos conforme foi planejado. Então o verdadeiro poder do “Mestre” será devolvido a ele, e seremos ricamente recompensados. Porém ele terá que esperar!
O homem grande bate seu punho fortemente contra a mesa, que se parte, derrubando todos os papéis no chão. A fúria em seus olhos e a impaciência que desfrutava eram indescritíveis. Ele se retira da sala, batendo a porta que quase é arrancada da parede, sai do prédio em que estava e se dispersa na multidão que andava pelas calçadas.
_Tsc. Quanta impaciência! Se ele não fosse uma peça fundamental eu diria para você se livrar dele imediatamente.
O homem sentado em sua cadeira na sala se assusta com tais palavras, porém reconhece a voz que vem detrás de si e diz:
_Sim Mestre, ele é fundamental para que seus objetivos sejam alcançados. Mas sua falta de paciência é apenas anseio em cumprir vossa vontade.
O outro que tinha apenas seus pés iluminados pela fraca luz do local se aproxima da mesa em pedaços.
_Menos mal. Pelo menos terei certeza de que ele não irá me trair.
Ambos se calam e o “Mestre” se retira do local. O homem magro junta suas mãos e pensa consigo:
_Pode ter certeza “Mestre”. Tudo sairá como foi planejado.